15 de julho, de 2023 | 15:57

79 anos do gigante da Mata Atlântica de Minas Gerais

Alex Ferreira/Arquivo DA
Acesso à única área aberta a visitantes no Parque Estadual do Rio Doce conta com estrutura para hospedagem, restaurante e praia de água doce no Lago Dom HelvécioAcesso à única área aberta a visitantes no Parque Estadual do Rio Doce conta com estrutura para hospedagem, restaurante e praia de água doce no Lago Dom Helvécio

Na semana que passou foi celebrado o aniversário de 79 anos de criação do Parque Estadual do Rio Doce (Perd). A Unidade de Conservação foi instituída por meio do Decreto-Lei n.º 1.119 de 14 de julho de 1944. É considerado o primeiro parque criado pelo Estado de Minas Gerais. Com quase 36 mil hectares preservados, o Perd é o maior fragmento contínuo de Mata Atlântica do estado e abriga importante biodiversidade.

Apesar da criação ter sido oficializada em 1944, a história do Parque começou em 1931, quando o então arcebispo de Mariana, Dom Helvécio, visitou a região e vislumbrou a necessidade de preservação da área. A partir dessa visita, o líder religioso passou a mobilizar autoridades governamentais para que a área fosse protegida legalmente.

Para o gerente da Unidade de Conservação, Vinícius Moreira, o Perd tem caráter vanguardista e, por isso, carrega consigo grande relevância no Brasil. “Esse protagonismo coloca o Parque em um lugar de responsabilidade, como também de muitos resultados e contribuições para a conservação da biodiversidade no estado e no país. Minas Gerais contribuiu muito para a implementação das áreas protegidas no país ao criar o Perd, em um momento que pouquíssimo se falava em conservação da natureza”, afirma Vinícius.
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O Parque Estadual do Rio Doce preserva quase 36 mil hectares de Mata AtlânticaO Parque Estadual do Rio Doce preserva quase 36 mil hectares de Mata Atlântica

Dada os seus recursos naturais específicos, o Parque é reconhecido pela UNESCO como Reserva da Biosfera de Mata Atlântica e sítio Ramsar pela Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional.

Biodiversidade do Perd

Mais de 1.400 espécies de flora e 940 de fauna já foram registradas no Perd, algumas endêmicas da região e outras ameaçadas de extinção. Entre as espécies arbóreas ameaçadas estão: jacarandá-caviúna (Dalbergia nigra), braúna-preta (Melanoxylon brauna) e canela-sassafras (Ocotea odorifera).

O Perd também é lar de espécies de fauna ameaçadas de extinção como: muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), tatu-canastra (Priodontes maximus), onça-pintada (Panthera onca) e a surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta). Dentre as espécies registradas no Parque, mais de 340 são de aves, 85 de anfíbios e répteis, e quase 50 espécies de peixes nativos da bacia do Rio Doce.
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Devido seu complexo lacustre, o Perd é reconhecido como sítio Ramsar pela Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância InternacionalDevido seu complexo lacustre, o Perd é reconhecido como sítio Ramsar pela Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional

Com tanta riqueza na fauna e flora, o Perd recebe pesquisadores desde a década de 1970. A Unidade de Conservação foi um dos primeiros sítios do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), inaugurado em 1999. Atualmente, o grupo de pesquisadores autodenominado Unidos do Perd reúne relevantes projetos de pesquisas de caráter continuado. Os principais projetos desenvolvidos atualmente no Perd são: Projeto Tatu-Canastra; Projeto Primatas Perdidos; Projeto Carnívoros do Rio Doce; Projeto Harpia; e Projeto Bicudo.

O gerente da Unidade de Conservação ainda pontua que o fortalecimento à pesquisa seja um dos principais legados do Perd. “A geração de conhecimento por meio da pesquisa científica é uma das maiores contribuições para sociedade. Acredito que dois elementos contribuem para isso: riquíssima biodiversidade, com espécies raras; e completa infraestrutura com centros de pesquisas, alojamentos e outros recursos materiais que reúnem requisitos para o fomento à pesquisa científica”, detalha Vinícius.
Alex Ferreira
No caminho via Marliéria, o mirante do Pico Jacroá oferece vista panorâmica da unidade de conservaçãoNo caminho via Marliéria, o mirante do Pico Jacroá oferece vista panorâmica da unidade de conservação

Visitação e Turismo

O Parque Estadual do Rio Doce possui estrutura para apoio ao turista. A sede da Unidade de Conservação conta com o Centro de Visitantes, Mirante, Alojamentos para hospedagem, área de camping e churrasqueira, além de restaurante, prainha do lago Dom Helvécio, entre outras estruturas. Somente para os alojamentos há necessidade de reserva prévia. Para o camping basta chegar à portaria, fazer um breve cadastro, pagar a diária e entrar. A área do camping conta com churrasqueiras (é proibido fazer fogo no chão), tomadas (110v), banheiros e chuveiros.

Para aqueles que gostam de aventura, há mais de 100km de trilhas, travessias e estradas, com a possibilidade de conhecer as várias paisagens dentro do Parque, desde matas fechadas, áreas alagadiças e os diferentes estágios de desenvolvimento da floresta. Atualmente, o Perd conta com condutores credenciados para guiar os turistas nos diversos trajetos que podem ser feitos no interior da Unidade de Conservação. Veja a lista completa em neste link.
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A rica fauna do Perd abriga espécies raras como o pica-pau-dourado-grandeA rica fauna do Perd abriga espécies raras como o pica-pau-dourado-grande

Pela ampla variedade de aves e espécies raras encontradas em seu território, o Parque tem se consolidado como um dos principais pontos de observação desses animais em Minas Gerais e no Brasil. Entre as aves emblemáticas avistadas no Perd estão o pica-pau-dourado-grande (Piculus polyzonus), jacu-estalo (Neomorphus geoffroyi dulcis) e o bicudo (Sporophila maximiliani).

Consolidação da gestão do Perd

Em 79 anos de criação, a gestão do Perd passou por melhorias e modernização por meio das políticas públicas instituídas legalmente. O gerente do Parque ainda reflete que o Perd é uma experiência exitosa no âmbito das unidades de conservação do Brasil.

“O Parque evoluiu substancialmente na sua gestão, seja compreendendo e catalisando mais força do seu entorno para que pudesse de fato ter uma gestão participativa, instituindo o primeiro conselho consultivo de unidade de conservação em Minas Gerais, e implementando políticas contidas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). O Parque é uma experiência bem-sucedida de implementação de unidade de conservação no Brasil. Há desafios importantes, mas ao longo dos anos o Instituto Estadual de Florestas – IEF tem criado políticas públicas eficazes para que esta joia rara seja salvaguardada”, avalia Vinícius.

Em 2021, o Instituto Estadual do Florestas – IEF estabeleceu parceria com o Instituto Ekos Brasil, por meio do Termo de Parceria n.º 51/2021, com o objetivo de apoiar às ações de consolidação do Parque Estadual do Rio Doce. O termo foi firmado após o Acordo de Cooperação celebrado entre IEF e Fundação Renova em detrimento do rompimento da barragem de Fundão, em 2015. O total do investimento previsto pelo Governo de Minas Gerais para a parceria é de R$ 21 milhões.
Alex Ferreira
Mirante localizado no Centro de Visitantes do Parque Estadual do Rio Doce remete à magem do lagardo Teiú, comum nessa parte da unidade Mirante localizado no Centro de Visitantes do Parque Estadual do Rio Doce remete à magem do lagardo Teiú, comum nessa parte da unidade

Com este instrumento, estão em desenvolvimento diferentes ações em sete áreas temáticas, sendo elas: Operacionalização e Manutenção do PERD; Fortalecimento da Gestão; Uso Público e Educação Ambiental; Fortalecimento da Proteção do PERD; Fortalecimento de pesquisas; Fortalecimento da comunicação e Regularização fundiária do PERD.

Como chegar

Para quem sai de Belo Horizonte, há dois caminhos. O mais usado é pela BR-262 até o trevo de São José do Goiabal, depois MG-760, com pavimentação até a portaria do parque (aproximadamente 30 quilômetros). Outro caminho é pela BR-381, até o trevo de Jaguaraçu, depois sentido Marliéria. Aproveite para conhecer, no caminho, o Pico do Jacroá, de onde se avista toda a extensão do parque, a partir do mirante no alto da serra.

Para quem sai de Timóteo, Ipatinga e Coronel Fabriciano, o caminho mais fácil é via Cava Grande, em Marliéria. Do distrito até a portaria são 20 quilômetros pela MG-760, em estrada asfaltada. A alternativa para quem sai do Vale do Aço é passar por Jaguaraçu e Marliéria e aproveitar o clima de serra das duas cidades e sua riqueza gastronômica, com doces, queijos e quitandas, que podem ser compradas no comércio local. Além disso, a rota via Marliéria proporciona a oportunidade do mirante do Pico Jacroá.

Alex Ferreira
Descida do mirante no Parque Estadual do Rio Doce Descida do mirante no Parque Estadual do Rio Doce

Alex Ferreira
Acesso ao Parque Estadual do Rio Doce, passando por Marliéria, dá oportunidade para conhecer o Pico do Jacroá, onde há um mirante Acesso ao Parque Estadual do Rio Doce, passando por Marliéria, dá oportunidade para conhecer o Pico do Jacroá, onde há um mirante

Alex Ferreira
Área de camping, churrasqueiras, banheiros e vestiários no Perd Área de camping, churrasqueiras, banheiros e vestiários no Perd

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Praia de água doce no Lago Dom Helvécio (Lagoa do Bispo) é um dos atrativosPraia de água doce no Lago Dom Helvécio (Lagoa do Bispo) é um dos atrativos

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Lago Dom Helvécio é o único aberto à visitação turística no interior do Parque Estadual do Rio Doce Lago Dom Helvécio é o único aberto à visitação turística no interior do Parque Estadual do Rio Doce

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Restaurante na área de visitantes do Perd Restaurante na área de visitantes do Perd


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Comentários

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Jonas Dell'orto Bonisson

16 de julho, 2023 | 22:45

“Um paraíso no Vale do Rio Doce. A maior área contínua de Mata Atlântica muito bem preservada.
É Minas.”

Douglas

16 de julho, 2023 | 21:14

“Olá...

90% da população do vale do aço, não conhecem suas belezas.”

José Ronaldo de Souza Carvalho

16 de julho, 2023 | 20:23

“Olá tudo bem?Sou frequentador assíduo do perd e gostaria de saber como está o andamento da licitação dos barcos pra pesca e passeios no lago Dom Helvécio. Att: José Ronaldo.”

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