09 de julho, de 2023 | 06:00

Cachorro grande

Fernando Rocha

No sorteio da Conmebol, deu o que torcedores do Galo e Palmeiras não queriam que acontecesse e, pela terceira vez consecutiva, os dois farão o único confronto entre brasileiros nas oitavas de final da Libertadores.

Nessa briga de “cachorro grande”, o retrospecto é favorável à equipe paulista, que conseguiu a classificação nas duas últimas edições, apesar de não ter vencido o Galo nas quatro partidas disputadas.

Quem quer ser campeão, sobretudo, na mais importante competição continental, tem de encarar e vencer qualquer adversário. Se é ruim para o Galo enfrentar o Palmeiras, os paulistas, também, não estão confortáveis neste confronto contra o time mineiro.

Como diria o saudoso radialista Eurico Gade, nas épicas chamadas das transmissões de futebol da sua Rádio Caratinga/AM: a cobra vai fumarrrrrr no Mineirão e no Allianz Parque!

Risco enorme
Foi assunto dos mais comentados, na última semana, o anúncio de Fernando Diniz, técnico do Fluminense, para ser treinador interino da seleção brasileira, até o meio do ano que vem, mas sem deixar o comando do tricolor carioca.

Pelo que ficou subentendido, em julho de 2024, quando termina seu contrato com o Real Madrid, o técnico italiano Carlo Ancelotti assumirá em definitivo a seleção, às vésperas da disputa da Copa América.

Não acho que seja a situação ideal, pois daqui a um ano tudo pode acontecer. Inclusive, nada. Vai que Diniz ganhe todas as partidas pela seleção e Ancelotti seja eliminado com o Real Madrid nas oitavas-de-final da Liga dos Campeões. Diniz vai ser canonizado, vira um gênio, e Ancelotti será a besta quadrada.

Mas pode ser, também, que o Diniz termine mal o Brasileirão com o Fluminense, do décimo lugar para baixo ou até flertando com a ZR. Também, pode ser eliminado nas oitavas da Libertadores, o que iria provocar um turbilhão de críticas baseadas no fato de dividir as suas atenções entre clube e seleção ao mesmo tempo.

Para não dizer das convocações, cujos nomes agora serão fatalmente analisados sob a ótica do conflito de interesses, que será invocado caso o jogador tenha tido alguma relação com Diniz e o Fluminense.

Não se discute a capacidade de Fernando Diniz e as suas qualidades como treinador, mas, desse jeito, como está chegando e vai dirigir a seleção, tem tudo para dar errado.

FIM DE PAPO

Muita gente pergunta se já aconteceu antes do técnico da seleção ser compartilhado com algum clube. Em Copa do Mundo, a ultima vez foi há 50 anos, em 1978, quando o capitão Cláudio Coutinho deixou Joubert no comando do Flamengo e foi dirigir a seleção que terminou invicta, mas em terceiro lugar no Mundial da Argentina. Na época, Coutinho declarou que o Brasil foi o “campeão moral” daquela Copa, em virtude da eliminação na semifinal após um suposto conluio entre Argentina e Peru, que foi goleado e, por isso, os portenhos seguiram na competição pelo saldo de gols.

Há 50 anos, os torcedores e a imprensa no Brasil eram acostumados ao compartilhamento de técnicos entre clubes e seleção. Em 1958, o técnico Vicente Feola conquistou o primeiro título Mundial, na Suécia, e era também técnico do São Paulo; em 1962, no bicampeonato Mundial, Aymoré Moreira, também, era técnico do tricolor paulista. Fora da Copa do Mundo, a última vez que isto ocorreu foi em 1998, com Vanderlei Luxemburgo, que dirigia o Corinthians e foi chamado pelo ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para ocupar a vaga de treinador até que fosse escolhido o substituto de Zagallo. Luxa ficou apenas três meses no cargo.

O sucesso no futebol brasileiro, às vezes, é cruel com as equipes que, em uma temporada, conseguem vagas nas competições continentais. São “premiadas” e ganham um calendário insano na temporada seguinte, com um jogo a cada três dias. Quanto mais avançam nas copas paralelas ao Campeonato Brasileiro, encurta-se o tempo para o trabalho dos técnicos e dos jogadores, que se machucam muito mais do que o normal. Aliado a isso tudo, e para piorar ainda mais a situação, temos os piores gramados do continente e alguns prejuízos provocados pelas “datas Fifa” ou pela janela de transferências devido ao nosso calendário ser diferente do resto do mundo.

O Campeonato Brasileiro da Série A, disputado desde 2003 pelo sistema de pontos corridos, é a nossa mais longa e importante competição. Nele, muitas vezes, o drama e a emoção acontecem de trás para frente e costuma envolver alguns clubes gigantes na luta contra o rebaixamento. Uma constatação óbvia é que no Brasileirão de pontos corridos todo jogo precisa ser encarado como uma decisão, e empatar não é um bom negócio. O líder Botafogo, por exemplo, foi a única equipe que não empatou até a 13ª rodada e atingiu 33 pontos, graças à incrível marca de 11 vitórias e apenas duas derrotas. Ficou sem o treinador Luis Castro, mas, para espanto de muita gente, o “jabuti” continua firme no alto da árvore, agora comandado por outro interino, o ex-zagueiro Cláudio Caçapa. (Fecha o pano!)

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