01 de julho, de 2023 | 14:00
Opinião: Desigualdade Social: a maior barreira
André Naves *
Pesquisa recente feita a partir de dados de autorizações de internações hospitalares (AIHs) do Ministério da Saúde revelou dados alarmantes sobre as vítimas da violência armada, que deixou um rastro de amputações por todo o país. Amputados fisicamente, em consequência de armas e explosivos, e traumatizados emocionalmente, essas pessoas vem enfrentando graves problemas causados pela presença precária do Estado, potencializados pela desigualdade social e pela pobreza. A ausência estatal se mostra como a raiz de diversas estruturas sociais excludentes, que se tornam as principais barreiras a serem superadas e equalizadas pelo trabalho social.Sempre que discutimos a questão das pessoas com deficiência, é fundamental compreendermos que a deficiência não está nelas. A deficiência reside no ambiente, na sociedade. Quando essas pessoas interagem com barreiras sociais, são impossibilitadas de experimentar a verdadeira inclusão social.
É interessante observar também que, atualmente, as pessoas mais afetadas pelos eventos extremos do clima, no Brasil e em todo o mundo, são aquelas historicamente excluídas ou precariamente incluídas socialmente. Isso nos leva a refletir que a sustentabilidade ambiental não pode ser uma justificativa para a reprodução de estruturas sociais excludentes. A superação da chamada "emergência climática" deve priorizar os indivíduos e a construção de uma sociedade estruturalmente inclusiva e justa.
Quando essas pessoas interagem com barreiras sociais, são
impossibilitadas de experimentar a verdadeira inclusão social”
Para alcançar essa inclusão, é essencial privilegiar a educação, o trabalho e o empreendedorismo. Ao incluir pessoas diversas e plurais, estimulamos a criatividade e as inovações sociais. Afinal, o que é a bioeconomia se não aquela que coloca a vida plena em seu cerne? Devemos caminhar em direção a uma sociedade que valorize a verdadeira igualdade de oportunidades e reconheça a diversidade como uma força para o progresso.
Combater a desigualdade social e superar as estruturas sociais excludentes são desafios fundamentais para a construção de um futuro mais justo e inclusivo. É responsabilidade do Estado, da sociedade civil e de cada indivíduo empenhar-se nessa busca pela equidade. Somente por meio de ações concretas e políticas inclusivas poderemos proporcionar às pessoas excluídas, muitas vezes amputadas fisicamente e traumatizadas emocionalmente, a chance de construírem suas vidas com dignidade e encontrarem o seu lugar na sociedade.
Precisamos romper com a ideia de que a deficiência está no indivíduo e reconhecer que ela está na falta de acessibilidade, nas estruturas sociais que perpetuam a desigualdade. Somente assim estaremos verdadeiramente lutando pela inclusão social plena e pela valorização da vida em sua totalidade. É um desafio que exige a união de todos os setores da sociedade, mas que, ao ser enfrentado, trará benefícios incalculáveis para uma sociedade mais justa e igualitária.
* Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Tião Aranha
01 de julho, 2023 | 14:46Bom texto, os seres humanos nascem todos iguais; as oportunidades que a vida lhes oferecem é que são diferentes. Jacques Rosseau, Martin Luther King, e outros, já provaram isso.”