20 de junho, de 2023 | 07:00
Os riscos e prejuízos do excesso de telas na vida de crianças e adolescentes
Silvia Miranda Repórter Diário do AçoÉ raro encontrar uma família que não utiliza o recurso de telas digitais para entreter e distrair os filhos. Para muitas pessoas, o recurso digital é o único instrumento de apoio no dia a dia, mas se usado de forma excessiva e sem monitoramento, pode acarretar diversos prejuízos na formação educacional e social. Educadores e pedagogos falam como as crianças tem estado cada vez mais ansiosas e impacientes, além de afetar diretamente a qualidade do sono, inclusive de toda a família.
E as telas sempre vem acompanhadas do acesso à internet, redes sociais e literalmente um mundo de conteúdo, na maioria das vezes perigoso para a saúde dos jovens. Neste mês uma campanha foi lançada para alertar a sociedade e esclarecer pais, mães e responsáveis para os perigos da web e das mídias sociais para as crianças e adolescentes. A iniciativa fez parte da campanha Infância, eu abraço”, que tem a participação de celebridades como o cartunista Maurício de Sousa, pai dos personagens Mônica, Cebolinha e Cascão.
Arquivo pessoal
A pedagoga Káren Duarte afirma que as telas tem tirado dos alunos o interesse pelos estudos e pela leitura de livros

A coordenadora pedagógica do Centro Pedagógico Sítio do Pica Pau (Cepesp) de Coronel Fabriciano, Káren Duarte de Magalhães confirma que a exposição excessiva a telas e a internet pode prejudicar muito o desenvolvimento da criança, tanto na escola como na vida.
São meninos e meninas cada vez mais ansiosos e impacientes, com atraso no desenvolvimento da linguagem, mais desatentos e com relações sociais limitadas. Já os alunos em idade de alfabetização, estão perdendo o gosto em estudar, não tem tanto atenção ou interesse em ler livros para ampliar seu conhecimento e vocabulário, demonstram desinteresse em tirar um tempo para realizar as atividades acadêmicas, preferem assistir aos vídeos que nem sempre são educativos”, alerta Karén Duarte.
Alternativas
Ainda conforme a pedagoga no dia a dia é importante a família oferecer a criança uma rotina bem estruturada, com uma distribuição de atividades que possam ajudar o seu desenvolvimento em todas as áreas, cognitivo, sócio emocional e motor. Os pais podem tomar medidas para reduzir o tempo de tela, por exemplo, definir limites, com regras claras do uso e horários. Sendo também um exemplo positivo para seu filho ao limitar seu próprio tempo de tela e envolver-se em atividades familiares. Criar um ambiente de estudos sem estímulos ou distração dos aparelhos eletrônicos. Além de estimular seu filho a ter atividades alternativas, como esportes, artes, leitura e brincadeiras ao ar livre” sugere.
Dependência
Álbum Pessoal
A diretora educacional Adma Barreta alerta para o risco de desenvolvimento da dependência por telas
A diretora do Instituto de Educação Pingo de Gente (IEPG) de Timóteo, Adma Silva Barreto, esclarece que as crianças pequenas com acesso limitado a telas têm melhor desenvolvimento pedagógico e alerta sobre o risco da dependência. Crianças pequenas que passam no máximo uma hora por dia em frente as telas são fisicamente ativas tem melhor desempenho em habilidades que envolve memória, atenção e controle das emoções. Mas o excesso de tela acaba gerando uma falta de interesse dos alunos em relação as atividades pedagógicas. Tudo no âmbito da tecnologia é mais rápido, pronto e com o tempo vem a dependência”, alerta.
Conscientização
Dentro do ambiente escolar os educadores trabalham a conscientização junto aos pais, sempre apresentando por meio de palestras, rodas de conversa e reuniões, as consequências do uso em regulação dos aparelhos eletrônicos. A escola desempenha um papel importante na conscientização sobre o uso adequado das telas. Outra proposta que se faz é apresentar o uso da tela como fonte produtiva para os estudos e busca de conteúdo”, argumenta Káren Duarte.
Telas também prejudicam qualidade do sono das crianças
Arquivo Pessoal
A consultora do sono Rafaella Klem explica que os aparelhos agitam e super estimulam as crianças

Rafaella Klem é pedagoga e especialista em sono infantil. Atualmente morando em Curitiba ela atua como consultora do sono e já atendeu mais de cem famílias, de várias partes do Brasil e até de outros países, que sofriam de privação de sono. Deixar de dormir bem, após a chegada de um filho, para a maior parte da sociedade é um problema comum nesta fase da vida. Mas ela revela que a qualidade do sono é um problema que precisa ser encarado com seriedade, para que bebês e crianças se desenvolvam em seu potencial máximo e os pais desfrutem das alegrias da maternidade.
E para conseguir que bebês durmam bem logo nos primeiros meses de vida, ela não aconselha o uso de telas até os dois anos de idade. Sabemos que na vida real nem sempre é possível seguir essa regra, após um ano de idade minha indicação é usar quando for realmente necessário e evitar por longos períodos. O equilíbrio é a melhor maneira de se conduzir a vida, e a maternidade é uma das principais áreas que necessitamos desse equilíbrio” ressalta.
Mesmo para os maiores o uso excessivo de telas pode prejudicar bastante o sono. A consultora explica que a luz azul, emitida por celulares, tablets e televisores, inibi a produção de melatonina (hormônio responsável por estimular o sono). Além disso esses aparelhos agitam e super estimulam as crianças tornando-se um dos grandes responsáveis pela dificuldade da criança em relaxar e dormir. Somado a essas dificuldades o uso descontrolado das telas pode levar a criança a dormir menos do que ela realmente precisa, pois o sono fica mais agitado e o celebro bem ativo”, detalha.
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