12 de junho, de 2023 | 21:33

Cirurgião geral dos EUA alerta sobre o uso das mídias sociais por crianças, citando graves riscos

Onur Binay/unsplash.com

Em um recente parecer, o cirurgião geral dos EUA, Dr. Vivek Murthy, expressou preocupações sobre o "profundo risco de danos" que o uso das redes sociais representa para a saúde mental e o bem-estar de crianças e adolescentes.

De forma inédita, o Dr. Murthy está pedindo ação imediata das empresas de tecnologia, legisladores e pais para proteger a saúde mental das crianças diante da falta de pesquisas adequadas sobre a segurança das redes sociais para os jovens.

Segundo o médico, a falta de pesquisas independentes e sólidas dificulta determinar se as redes sociais são realmente seguras para crianças e adolescentes. No entanto, suas observações podem indicar o início de um esforço nacional conjunto para mudar as atitudes culturais em relação a elas nos Estados Unidos.

Relatório do Dr. Murthy

O parecer do cirurgião geral, que abrange 25 páginas, faz parte de uma investigação em andamento sobre o que o Dr. Murthy vê como uma crise de saúde mental juvenil. O documento destaca o uso generalizado das redes sociais entre os jovens, com até 95% dos estadunidenses de 13 a 17 anos usando plataformas de redes sociais e quase metade relatando que as usam "quase constantemente".

O documento revela que as medidas existentes para restringir o acesso das crianças às redes sociais são inadequadas, já que quase 40% das crianças de 8 a 12 anos são usuárias regulares, embora a maioria das plataformas exija uma idade mínima de 13 anos.

Mesmo assim, algumas crianças conseguem contornar essas restrições fingindo ser uma pessoa mais velha ou simplesmente usando a conta dos pais. Ou elas podem acabar encontrando sites de jogos de azar sem querer. É muito fácil clicar em uma lista dos melhores sites de loteria, por exemplo, e se inscrever em um deles usando os dados dos pais.

O aviso do cirurgião geral coincidiu com um comunicado da Casa Branca sobre a "crise sem precedentes de saúde mental juvenil" nos Estados Unidos.

A força-tarefa da Casa Branca

Os últimos anos testemunharam um aumento de quase 30% nos casos de depressão e ansiedade entre crianças e adolescentes, e as redes sociais foram identificadas como um fator chave para isso.

Em resposta a essa crise, a Casa Branca está formando uma força-tarefa para abordar as preocupações de saúde e segurança online com o objetivo de desenvolver estratégias e ferramentas para combater os efeitos adversos das plataformas online.

A ação veio depois da denúncia de Frances Haugen sobre como o Facebook e o Instagram conscientemente expuseram os usuários jovens a conteúdo prejudicial, incluindo material que promove distúrbios alimentares, com foco deliberado em crianças menores de 13 anos. Estudos internos conduzidos pela Meta (anteriormente conhecida como Facebook) revelaram que o uso do Instagram intensificou pensamentos suicidas em 14% das adolescentes e exacerbou os distúrbios alimentares em 17% delas.

O Dr. Murthy reconhece os esforços feitos pela Casa Branca e pelas empresas de tecnologia para melhorar a segurança e o bem-estar de suas plataformas, mas afirma que ainda se precisa de muito mais. Sua orientação destaca a vulnerabilidade dos adolescentes, com idades entre 10 e 19 anos, à pressão dos colegas e o papel crucial desse período no desenvolvimento de sua autoestima. Pesquisas indicam que o uso das redes sociais está associado a uma queda na satisfação com a vida, especialmente entre meninas de 11 a 13 anos e meninos de 14 a 15 anos.

Aspectos positivos e fatores de risco

Embora existam aspectos positivos das redes sociais, como fornecer comunidade e conexão para grupos marginalizados, como os jovens LGBTQ+, o parecer enfatiza que os atuais fatores de risco superam esses benefícios.

Estudos de longo prazo têm mostrado que adolescentes que passam mais de três horas por dia nas redes sociais têm o dobro do risco de enfrentar desafios de saúde mental, incluindo depressão e ansiedade.

O uso excessivo das redes sociais pode prejudicar os padrões de sono, o que, por sua vez, pode afetar o desenvolvimento neurológico do cérebro adolescente e levar a sintomas depressivos e pensamentos suicidas.

O Dr. Murthy pede às empresas de tecnologia que priorizem a saúde e a segurança de seus jovens usuários ao projetar novos produtos e insta-os a serem mais transparentes com o público. Ele também aconselha os pais a estabelecerem limites e períodos e espaços livres de tecnologia para seus filhos. Embora eliminar completamente as redes sociais possa não ser viável para todas as famílias, criar um equilíbrio saudável e promover atividades offline pode ser benéfico.

Ação imediata

O parecer do cirurgião geral dos EUA dá uma luz sobre os profundos riscos associados ao uso das redes sociais por crianças. Com o aumento da prevalência de desafios de saúde mental entre os jovens e a influência significativa das redes sociais, é importante que as empresas de tecnologia, legisladores e pais tomem medidas imediatas em benefício dos jovens.
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