
06 de junho, de 2023 | 15:00
Opinião: Que orgulho!
Nena de Castro *
Nós mulheres, reduzidas quase sempre a papéis secundários graças ao machismo secular que nos nega o mesmo salário do homem para o mesmo serviço, sem contar a violência, os feminicídios, a falta de ajuda financeira para criar a prole abandonada pelo marido e otras cositas mas”, lutamos bravamente pelos nossos direitos! E somos presenteadas com Histórias incríveis sobre mulheres fenomenais! Basta observar as marias-sem-valia” que criam seus filhos sozinhas, como tantas que conheço! E que milagrosamente não deixam os filhos morrer de fome, fazendo o salário magro esticar”, gastando até o último centavo com os filhos, ao contrário da procuradora Carla Fleury de Souza, do estado de Goiás, que reclama do salário de 37,5 mil reais, que só dá para suas vaidades. Cada uma...Conto hoje certos feitos do sexo feminino que parecem mentira. Mas são reais.Como todos os europeus, os franceses eram chegados a um colonialismo sem-vergonha, aquele que pega, mata e come” invadindo países, escravizando povos e claro, ficando com as riquezas. Armados com armas modernas da época, com lutas rapidamente vencidas, os franceses levaram um baita susto ao encontrar um exército feminino feroz em terras africanas. Essas mulheres guerreiras, do Exército de Agoji, no Daomé, hoje Benin, na África Ocidental formavam um exército e tanto. Eram acostumadas desde cedo a um treinamento rigoroso, eram grandes guerreiras, fortes, velozes, escalavam paredões, empunhavam espadas, machadinhas e punhais com vigor e, armadas com espingardas, atiravam com boa mira.
Que orgulho saber que no século 19 existiram
mulheres guerreiras, nossas ancestrais, formando
exércitos, lutando de forma melhor que os homens”
Decapitavam sem pena. Estavam, normalmente, na linha de frente dos ataques aos reinos inimigos, à frente dos homens. As mulheres soldados e oficiais do exército de Daomé, moravam no palácio do rei e eram tão respeitadas e poderosas que, quando andavam pelas ruas, os homens comuns deviam dar um passo atrás para abrir caminho e olhar para o outro lado: não podiam dirigir seu olhar a elas. Usavam uniformes, carregavam bandeiras e cantavam hinos. Dispostas a dar a vida pelo rei e pela tribo, jamais baixavam a cabeça e a honra de morrer pela nação era o mote da vida das bravas. Eram consideradas esposas do rei, embora nem todas fossem chamadas para os deveres conjugais. E tinham na tribo a mulher-rei que ajudava em pé de igualdade o soberano a governar.
Em 1895, o major francês Léonce Grandin, que lançou o livro Le Dahomey: À l'Assaut du Pays des Noirs, em que analisa a guerra na qual lutou, escreveu: O valor das amazonas é real. Treinadas desde a infância com os mais árduos exercícios, constantemente incitadas à guerra, elas levavam às batalhas uma fúria verdadeira e um ardor sanguinário... Inspirando com sua coragem e sua energia indomável tropas que as seguiam”. Disseram outros que as moças eram Notavelmente bravas”, extraordinárias por sua coragem e ferocidade” e de tenacidade selvagem”, algumas das características atribuídas a elas por combatentes franceses em diários escritos no calor das batalhas. Sem contar que muitos soldados desertavam ao saber que teriam pela frente as praticamente invencíveis guerreiras. O Daomé era um país organizado, baseado na conquista e trabalho escravo, mantinha um comércio importante com europeus, principalmente a venda de escravos, tinha sistema de tributos e potente exército. Só que após 4 anos tomando na cara, valendo-se da ajuda de aliados, usando cavalaria, infantaria e armas superiores, inclusive metralhadoras, os franceses, afinal, destroçaram o exército das valentes, conquistaram o reino, mudaram seu nome para Benin e deram aos daomeanos a felicidade” de conhecer a caridade cristã” dos invasores. Afeeee!
Que orgulho saber que no século 19 existiram mulheres guerreiras, nossas ancestrais, formando exércitos, lutando de forma melhor que os homens, numa época em que a mulher só servia para o serviço de parideira e dona de casa.
Parafraseando Chico Buarque, eu diria: mirem-se no exemplo, não das mulheres de Atenas, mas sim das Ahosi ou Agojie de Daomi/Benin, que provaram o quanto valente uma mulher pode ser! E somos!
E nada mais digo, a não ser que assistir o filme A Mulher Rei” e ver a atuação magistral da esplêndida atriz negra norte-americana Viola Davis como a general Nanisca, faz o coração tremer de emoção.
* Escritora e encantadora de histórias
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Tião Aranha
06 de junho, 2023 | 21:48Se não fosse a mulher o homem já teria ateado fogo no paiol desse navio, faz tempo. Tá lá a guerra da Ucrânia, que ninguém sabe porquê começou, e nem quando vai acabar. Risos.”