05 de junho, de 2023 | 15:40

Estudo aponta desigualdades socioeconômicas na participação no Enem

Agência Brasil
Documento produzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reúne novas análises dos dados sobre a realização do exame entre 2013 e 2021Documento produzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reúne novas análises dos dados sobre a realização do exame entre 2013 e 2021

Os dados da série histórica de realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por estudantes concluintes do Ensino Médio indicam um aumento das disparidades sociais nos últimos anos, com maior redução da participação no exame entre os jovens de famílias de nível socioeconômico baixo.

A afirmação é do primeiro relatório “Oportunidades educacionais de estudantes concluintes do Ensino Médio: um estudo do Enem entre 2013 e 2021”, produzido pelos pesquisadores Tiago Bartholo, Daniel Castro, Melina Klitzke e Flavio Carvalhaes vinculados ao Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais da (LaPOpE) e ao Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Desigualdade (NIED), ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o apoio do Instituto Unibanco.

O documento traduz as análises inéditas em uma série de recomendações para gestores públicos, em especial do governo federal e das secretarias estaduais de educação, que podem ser colocadas em prática já em 2023.

Conforme divulgado em publicação preliminar dos dados no ano passado, após leve crescimento de 2013 a 2016, as taxas gerais de inscrição e participação dos jovens no Enem tem caído de maneira continuada desde então. No período da pandemia de covid-19, contudo, tais indicadores despencaram.

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O movimento de intensa queda não foi homogêneo no País. Uma das características inéditas reveladas pela pesquisa é desigualdade em termos regionais. A maior queda proporcional na taxa de inscrição ocorreu na região Sudeste: após o pico de 63% de inscrição em 2016, a taxa chegou a apenas 26% em 2021. O Sudeste tem o menor indicador em 2021 entre todas as regiões: Centro-Oeste (51%, antes 77%), Nordeste (45%, antes 72%), Sul (34%, antes 71%) e Norte (34%, antes 66%). Por Unidade da Federação, as maiores taxas de inscrição neste ano foram de Ceará (92%), Goiás (71%) e Espírito Santo (52%).

Para avaliar as desigualdades de nível socioeconômico, a equipe de pesquisadores realizou um novo conjunto de análises, a partir de modelos estatísticos de probabilidade de realização do exame. Com todas as demais variáveis controladas, é possível perceber o crescimento da diferença na probabilidade de participação no Enem entre os jovens de níveis socioeconômicos muito baixo e muito alto. Em 2013, tal diferença era de 11 pontos percentuais, distância esta que dobrou para 23 pontos percentuais em 2021.

Diante desse contexto, os especialistas apresentam recomendações para o desenvolvimento de políticas públicas que visam melhorar as oportunidades de participação dos jovens nas próximas edições da prova. As sugestões destacam a importância de disseminar a conexão entre a prova e as oportunidades de acesso ao Ensino Superior, de incentivar a inscrição no exame e de monitorar a participação efetiva.

A íntegra do estudo “Oportunidades educacionais de estudantes concluintes do Ensino Médio: um estudo do Enem entre 2013 e 2021” está disponível no Observatório de Educação - Ensino Médio e Gestão.
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