24 de maio, de 2023 | 14:57
Jogo eletrônico simula escravidão e reforça racismo
Daniel Mello Agência BrasilUm jogo eletrônico em que o usuário é um proprietário de escravos” estava disponível até o início da tarde desta quarta-feira (24) na plataforma do Google Play. O jogador é estimulado obter lucro” e contratar guardas para evitar rebeliões. Há até uma opção para que o usuário explore sexualmente as pessoas colocadas sob seu poder dentro do mundo virtual.
O jogo mostra imagens de pessoas acorrentadas, inclusive um homem negro, que aparece coberto de grilhões em uma estética semelhante a um desenho animado. Na capa, é usada uma gravura histórica que retrata um homem branco, em roupas elegantes, ao lado de um homem negro escravizado seminu.
O Simulador de Escravidão tinha, segundo a própria plataforma, sido baixado mil vezes até a manhã desta quarta-feira (24). Um desenvolvedor apresentado como Magnus Games apresenta-se como criador deste e de outros jogos disponíveis no Google Play. Os perfis nas redes sociais não permitem identificar com clareza qual seria a empresa ou pessoas por trás do produto.
Racismo grosseiro
A historiadora e psicanalista Mariléa de Almeida vê racismo grosseiro” no jogo. Naturalizando a escravização, a desumanização desses corpos negros, como se brincar e fazer um jogo, como se isso não tivesse efeito sobre as pessoas negras, identificadas na sua ancestralidade, mas sobretudos nas pessoas que estão jogando”, enfatizou a pesquisadora, que faz parte da rede de Historiadorxs Negrxs.
Para Mariléa, o produto reforça os estereótipos, usa de todo o estereótipo racial e da desumanização produzida pelo racismo para o conjunto da população negra para fazer um jogo”.
Mariléa lembra que o chamado racismo recreativo é uma conduta que foi tornada crime a partir de lei sancionada em janeiro que equiparou o crime de injúria racial ao de racismo.
Porém, as pessoas ainda sentem que há espaço para esse tipo de conduta devido à construção histórica de que pessoas negras não são seres humanos iguais aos demais. Esse crime sustenta, do ponto de vista histórico, a naturalização de corpos negros como sendo desumanizados, objetificados”, enfatiza.
Essa mentalidade, que se expressa no próprio psiquismo que valida as pessoas se engajarem em um jogo desses, sem perceberem o horror. Sem sentirem um horror, um incômodo”, acrescenta Mariléa sobre as razões para que seja possível a criação e o uso desse tipo de produto.
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Historiador
25 de maio, 2023 | 09:40? a história da humanidade.
Devemos esquecer o erro do passado ou estudá-los e aprender com eles?
Eis a questão!”
Magno Lana
25 de maio, 2023 | 09:36Parei de ler no "Historiadorx Negrxs".
A escravidão sim foi algo errado e cruel, porém nossa geração não tem nenhuma dívida histórica para fazer, afinal não existem mais donos de escravos há séculos, contudo pessoas ligadas à redes que deturpam a linguagem portuguesa em prol de uma inclusão inexistente insistem em bater na tecla de racismo, cotas e apropriação cultural (o que se fosse seguido ao pé da letra, estariam se apropriando de toda invenção realizada por homens brancos, como a eletricidade, a criação de computadores, telefones e afins, mas tal argumento só é válido quando é relacionado à militância que tais grupos representam.
Afinal quem é o racista no fim?”