23 de maio, de 2023 | 14:00
Opinião: De poesia e outras cositas maravilhosas...
Nena de Castro *
Li o meu salmo e fui para a varanda onde o verde me alucina em todos os tons e me envolve em graça, multiplicada pela presença de um esplendoroso beija-flor, que rapidamente suga o néctar das flores e num átimo, voa para outros jardins, buscando seu alimento sob o sol.
Imersa na beleza do momento, eu me recordo de Manoel de Barros, o poeta que viu beleza nas coisas simples e dividiu conosco a grandeza das grandes descobertas:
“Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas – é de poesia que estão falando”.
Ah, Manoel, bruxo das palavras que tem um quintal “maior que o mundo” e divide conosco a complexidade de seu olhar de homem-menino ante a magnitude do mundo.
E o que dizer de um vate como Drummond, do bardo Manuel Bandeira, Afonso Romano de Sant’Anna, Mário Quintana, Cora Coralina, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, as deliciosas mineirices universais de Adélia Prado, Cacaso, Leminski, Florbela Espanca, o múltiplo Fernando Pessoa, Maiakovski, Ana Cristina César, entre tantos? Das contemporâneas, há uma velhinha desbocada chamada Líria Porto, que me encanta, e uma Márcia Maranhão de Conti que me faz deslizar por caminhos de delícias, espinhos e mel.
A Poesia, essa arte marcada pela subjetividade, revela sentimentos, pensamentos e estado de espírito e segundo os estudiosos, antecedeu a linguagem escrita. A “Epopeia de Gilgameh”, encontrada na antiga Mesopotâmia, composta por 12 cantos com cerca de 300 versos, datado de 2.100 a.C. é considerada a mais antiga obra poética do mundo, embora os estudiosos citem o “ Náufrago”, a saga de um marinheiro egípcio cujo navio vai para o fundo do mar e ele escapa, chegando para uma ilha onde encontra uma serpente que fala e o trata bem. Teria sido escrito em 2.500 a. C. em hierático, ou seja, abreviatura dos hieróglifos.
Aristóteles assinalou que “A poesia é mais fina e mais filosófica do que a história; porque a poesia expressa o universo, e a história somente o detalhe”.
A Poesia da forma como conhecemos surgiu na Grécia e significa “criação“. Ela é tida como a arte de escrever em versos e tem o poder de modificar a realidade, segundo a percepção do artista. Antigamente, as poesias costumavam ser cantadas e não escritas, parte disso se dava devido ao baixo índice de alfabetização das classes mais populares. A partir do século XV, a poesia e a música se dissociaram. Surgiu, assim, a poesia palaciana, que era declamada. Porém foi apenas durante o Renascimento que a poesia lírica passou a ser tão valorizada como eram os poemas narrativos.
Mas a Bugra endoidou e hoje só fala de poesia? Sim, pois no sábado participei de um maravilhoso Sarau Literário na EE Albertino Ferreira Drumond em Santana do Paraíso e fiquei maravilhada com os alunos declamando obras de poetas famosos, mas também poemas seus, sob aplausos entusiasmados dos colegas. Fiquei cheia de luz e parabenizo as professoras de Língua Portuguesa Elaine Lima, Adelaine Torres, Edmirson José, Marilene Cruz, as pedagogas Tania Maria e Cintia Turco e à diretora Carla Batista. Agradeço o carinho com que me receberam e confirmo o que sempre digo: é na escola que as coisas acontecem, quando há união e esforço coletivo.
E nada mais digo, a não ser que a peça “Mariana Catibiribana” será apresentada no sábado 27 de maio, às 15h, no Jardim Interno do Centro Cultural Usiminas, no maravilhoso 14º Salão do Livro, entrada franca. E que o meu livro do mesmo nome será relançado após o espetáculo e estou quicando de alegria, É muita emoção! Aguenta, coração! Tum, tum, tum!
* Escritora e encantadora de histórias
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Tião Aranha
25 de maio, 2023 | 00:34“Essa classe tá na situação que tá porque não tem união. O governo terá toda a sua liberdade pra gastar com obras o quanto quiser, e o trabalhador tanto o da Saúde quanto o da Educação até 2026 só poderá ter reajuste de no máximo de vinte e seis por cento; isso que diz o tal de arcabouço fiscal, só que até lá a inflação virá num patamar bem acima maior. Mas tá todo mundo caladinho. Votou no homem, né?”
Gildázio Garcia Vitor
24 de maio, 2023 | 10:33“Caro "amigo leitor" deste Portal Diário do Aço, Sr. Tião Aranha, parabéns e obrigado pelo comentário! Há mais de quatro décadas que venho lutando pela valorização da minha profissão- na década de 1980 não tínhamos direito a 13° em Minas Gerais-, já conquistámos alguns direitos, mas ainda faltam muitos.”
Gildázio Garcia Vitor
23 de maio, 2023 | 22:10“Um pedido de perdão e uma correção.
* "E assim nas calhas da roda"”
Tião Aranha
23 de maio, 2023 | 21:20“Cada poeta procura morar num lugar de verdade e viver uma vida de verdade. Nessa que é a visão dum poeta e a realidade da vida. É muito bonita a magia do mundo mágico: crianças que choram e riem com personagens que só existem nos livros - talvez por isso que elas aprendem mais. Mas, diante de tantas desigualdades sociais, a escola precisa passar por uma grande restruturação para que possa acompanhar de verdade a velocidade do progresso, que acontece simultaneamente em todas as áreas do conhecimento - no que tange ao conteúdo cultural. E qualquer mudança tem que passar, primeiramente, pela valorização do professor. Coisa, que, infelizmente, não acontece nesse país. - Vamos ser francos, né? Risos.”
Gildázio Garcia Vitor
23 de maio, 2023 | 19:53“Excelente! Parabéns! Um pouco de Pessoa:
"Autopsicografia"
"O Poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim na valhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração."”