16 de maio, de 2023 | 15:00

Opinião: É mãe, Ovídio, é mãe!

Nena de Castro *

Dentre as criaturas mágicas, há uma que fascina sobremodo os homens, por representar a imortalidade. O poeta romano Ovídio assim a descreve: ”A maior parte dos seres nasce de outros indivíduos, mas há certa espécie que se reproduz sozinha. Os assírios chamam-na de fênix. Não vive de frutos ou flores, mas de incenso e raízes odoríferas.

Depois de ter vivido quinhentos anos, faz um ninho nos ramos de um carvalho ou no alto de uma palmeira. Nele ajunta cinamomo, nardo e mirra, e com essas essências constrói uma pira sobre a qual se coloca, e morre, exalando o último suspiro entre os aromas. Do corpo da ave surge uma jovem fênix destinada a viver tanto quanto sua antecessora. Depois de crescer e adquirir forças suficientes, ela tira da árvore o ninho (seu próprio berço e sepulcro de seu pai) e leva-o para a cidade de Heliópolis, no Egito, depositando-o no templo do Sol”.

Ovídio que me desculpe, mas não é pai e sim Mãe! Desconheço criaturas mais apegadas, mais dispostas a lutar pelas suas crias do que essas que os carregam no ventre, dão-lhes a vida e cuidam delas a vida toda com um amor vindo do Pai Celestial...

Como escreveu o vate Carlos Drummond de Andrade no poema “PARA SEMPRE“:
“Mães não tem limite/ é tempo sem hora/Luz que não se apaga/quando sopra o vento/E chuva desaba/ Veludo escondido/ Na pele enrugada/ Água pura/ Ar puro/ Puro pensamento”.

E o poeta diz ainda que elas não morrem: “Morrer acontece/Com o que é breve e passa/ Sem deixar vestígio”.

“Por mais que eu medite, nunca deixo de me
encantar com a força das mães na luta por seus
filhos, amparando-os nas doenças e dificuldades”


Sim, “elas vão-se embora”, voltam para Deus, mas estão conosco todos os dias, no sangue que corre em nossas veias, no nosso modo de ser, na nossa essência. Ri muito quando minha caçula Larissa, ao chegar de mais uma jornada de trabalho (15 dias lá, 15 aqui, embora na prática não seja assim) declarou em alta voz: mãe, tô cada vez mais parecida com a senhora e “não tô gostando disso, não!”- e narrou as peripécias para encontrar a dona de uma bolsa que achou na rodoviária do Rio de Janeiro, levando aos funcionários credenciados, abrindo na presença deles para ver a identidade, descobrindo um grande maço de dinheiro e dois passaportes, além das outras coisas. Ficou por perto, vigiando, rs, até que viu uma mulher chorando, dirigindo-se ao local, completamente desesperada. Petite falou com ela, perguntou seu nome e - bingo! – era o nome contido no documento!

- Olha, pode se acalmar – disse à mulher incrédula – eu achei sua bolsa e deixei ali no guichê, vá pegar!

A mulher não sabia se ria ou chorava, e depois de verificarem que ela era na identidade, entregaram-lhe tudo! Ela abraçou minha filha, (que não aceitou recompensa) e disse-lhe palavras tão ternas, ao que Petite Fleur respondeu: foi isso que minha mãe me ensinou!

Dei um beijo no meu terceiro ovo, orgulhosa, e lembrei-lhe que se ela está cada vez mais parecida comigo, vai penar com meus inúmeros defeitos, a teimosia, o gênio forte, e “muitas otras cositas mas” que nem vou falar pra não passar vexame, eita!

Por mais que eu medite, nunca deixo de me encantar com a força das mães na luta por seus filhos, amparando-os nas doenças e dificuldades, trabalhando para garantir-lhes o pão, muitas sozinhas e valentes, sem contar as que acolhem os que não são seus e os tratam como se tivessem saído de si, né Vanessinha Juliana e Luciana Rocha e tantas outras! E as que se tornam mãe das mães idosas, não é, Gilda Damasceno, não é Roza Maria, filha mãe de Balbina e Nancy Nogueira Maestri com mãe-Ruth? E as que pelas vicissitudes da vida cuidam amorosamente dos maridos, não é Terezinha Monteiro? E tantas mais que cuidam dos avós, dos irmãos...

Os incrédulos que me perdoem, mas isso vem de Deus, o PAI DA LUZES, que em seus infinitos mistérios nos dotou da infinita capacidade de amar!

E nada mais digo, pois as Floras Mangas, as Júnias Xavier Trindade, as Ilmas Ribeiro, as Professoras KAKAU, as Marlenes Magela, que mesmo na cadeira de rodas formou o sobrinho -filho como médico, as Marias Alice Resende, as mães APAEANAS, a mãe do DUDU que luta ferozmente para vê-lo andar, e as marias-sem-valia, verdadeiras heroínas me enchem de orgulho e cumplicidade, numa sororidade infinita!

Ah, digo sim: toda MÃE é uma Fênix que ressurge no dia a dia e toca o barco! Parabéns, amadas!

* Escritora e encantadora de histórias

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Comentários

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Tião Aranha

20 de maio, 2023 | 22:47

“Bom texto, por toda a vida uma mãe tem num filho parte sublime e inseparável de o seu corpo. Em cada mãe um pouco de Maria Deus deixou! Risos.”

Gildázio Garcia Vitor

16 de maio, 2023 | 19:28

“Minha querida Bugra velha, não sabia que és, também, uma Mãe Coruja. Parabéns!

Para você e demais Mães biológicas e afetivo-sentimentais do nosso Vale:

"Mãe"

"Mãe ... São três letras apenas
As desse nome bendito;
Também o Céu tem três letras
E nelas cabe o infinito.

Para louvar nossa Mãe,
Todo o bem que se disser
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer.

Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do Céu
E apenas menor que Deus!"
(Mário Quintana)”

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