18 de abril, de 2023 | 16:20

Pioneira Dorcas Bomtempo, que teve parto raro em 1960, falece em Timóteo

O município de Timóteo perdeu nesta semana uma importante pioneira. Dorcas Bomtempo Ameno, ao lado de sua família, teve notável participação no desenvolvimento da cidade. A história de dona Dorcas também chama atenção por ela ter dado à luz a quadrigêmeos em 1960, de parto natural e milagroso, onde todos os bebês sobreviveram.

Natural do distrito de Sobral Pinto, no município de Astolfo Dutra na região da Zona da Mata mineira, Dorcas Bomtempo nasceu em 3 de outubro de 1925 e veio para Timóteo ainda no início de sua juventude, para trabalhar na antiga Companhia Acesita. Foi onde conheceu e veio a se casar com Almir de Souza Ameno. O marido era metalúrgico e foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Timóteo e Coronel Fabriciano (Metasita) em 1970.

Dorcas se desligou do trabalho da Acesita para se casar e cuidar da família. Ela já tinha quatro filhos, quando engravidou e deu à luz aos quádruplos, quatro meninos, de parto natural. Algo raro para a medicina de 1960, com poucos recursos e quase nenhuma tecnologia. A família então dobrou de quatro para oito filhos.

O marido faleceu dez anos depois, aos 48 anos, antes mesmo de tomar posse no Metasita. O nome dele foi dado à avenida onde a família sempre residiu, no bairro Funcionários.

Os quatro mosqueteiros

O pai, admirador do escritor e dramaturgo francês Alexandre Dumas, autor do livro "Os Três Mosqueteiros", deu então aos filhos os nomes dos personagens do livro: Porthos, Athos, Aramis e D’Artagnan. As crianças nasceram prematuras de sete meses, com pouco peso, sendo a maior com cerca de 1,4 kg e a menor com cerca de 900 gramas. Por isso foi necessário ficar algumas semanas na incubadora, mas felizmente todos sobreviveram e se desenvolveram, estando com 62 anos atualmente.

Fundadora da Biblioteca Municipal

Após ficar viúva, e então mãe de oito menores de idade, sendo a mais velha com 14 anos, Dorcas voltou a trabalhar para sustentar a família. E assim iniciou a carreira como servidora pública e foi uma das responsáveis pela fundação da Biblioteca Pública Municipal de Timóteo, onde trabalhou até se aposentar.

A filha, Clara Bomtempo Ameno, lembra e se orgulha do legado deixado pela mãe. “Minha família tem uma história muito bonita e minha mãe sempre foi uma mulher forte, de muita fé e que deixou uma contribuição muito especial para Timóteo”, destacou.

Despedida

Dorcas Bomtempo estava acamada havia cerca de sete anos, sofria de Alzheimer e faleceu aos 97 anos no último dia 17, sendo sepultada nesta terça-feira (18), no cemitério Jardim da Saudade, em Timóteo. Além dos quadrigêmeos, Dorcas deixa quatro filhas: Clara, Dinorá e Florise, além de Patrícia, adotada pela pioneira. O filho homem mais velho, Arthur Alceu, faleceu há alguns anos.