16 de abril, de 2023 | 12:00

Produtores culturais temem burocracia da Lei Paulo Gustavo

Neste domingo vence o prazo para o MinC apresentar proposta de regulamentação

A burocracia para acessar os recursos da Lei Paulo Gustavo preocupa gestores públicos municipais e produtores culturais, especialmente de cidades do interior do Estado. Eles participaram de audiência pública da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na semana passada, dia 5 de abril.

Fotos: Willian Dias/Arquivo ALMG
Grupo cultural se apresenta no plenário da comissão na ALMG: realidade diferenteGrupo cultural se apresenta no plenário da comissão na ALMG: realidade diferente
A Lei Paulo Gustavo, que homenageia o humorista que morreu vítima da covid-19 em maio de 2021, autoriza o repasse de cerca de R$ 3,86 bilhões de recursos federais a estados e municípios para o fomento de atividades culturais. O objetivo é atenuar os prejuízos acumulados por esse setor ao longo da pandemia. Do total de recursos a serem liberados, cerca de R$ 2 bilhões são reservados ao setor de audiovisual. O restante dos recursos - R$ 1 bilhão - serão divididos entre outras atividades culturais. No caso de Minas Gerais, o governo federal deve repassar R$ 182 milhões ao governo estadual e mais R$ 197 milhões às prefeituras.

A norma foi sancionada em julho de 2022, mas ainda não foi regulamentada. A equipe do Ministério da Cultura (MinC) que está produzindo o documento técnico com a proposta de regulamentação tem até este domingo (16) para concluir seu trabalho. O receio de gestores municipais e produtores rurais é quanto à burocracia exigida para a aprovação dos projetos e para a posterior prestação de contas. Em muitas cidades, especialmente aquelas de menor porte, falta qualificação técnica para compreensão dos editais e submissão de documentos.

O maior receio é que a regulamentação dificulte a liberação de recursos para o interiorO maior receio é que a regulamentação dificulte a liberação de recursos para o interior
Interior mineiro
Essa preocupação foi expressa pela subsecretária municipal de Cultura de Itambacuri, Larissa Stefanny Martins Araújo. Segundo ela, a cidade do Vale do Mucuri deve receber R$ 225 mil, sendo que 80% desses recursos têm que ser destinados à produção audiovisual. Para a subsecretária, o ideal seria mudar a distribuição dos recursos, de modo a beneficiar outras manifestações culturais do município, como artesanato, capoeira e congado. “Nossa realidade é diferente das capitais”, argumentou.

A falta de informação para elaboração de projetos é uma preocupação em João Monlevade (Região Central), segundo a presidente da Fundação Casa de Cultura, Nadja Lírio Furtado. Ela pediu que o governo estadual ajude as prefeituras com a produção de cartilhas informativas e defendeu a desburocratização do processo de prestação de contas dos projetos aprovados.

Já a coordenadora cultural do Quilombo dos Arturos, em Contagem (RMBH), Gracielly Naiara Silva Veloso, cobrou mais clareza e objetividade dos editais. “Venho de uma comunidade centenária, com 115 anos de produção de cultura e conhecimento, e ainda é um desafio entender essas legislações, que têm caráter emergencial”, alertou.

O foco é outro
O coordenador-geral na Diretoria de Assistência Técnica a Estados e Municípios do MinC, Binho Riani Berinotto, garantiu que os procedimentos para acessar os recursos da Lei Paulo Gustavo serão simplificados. Segundo ele, a regulamentação está sendo amplamente discutida com a sociedade civil e com gestores municipais e estaduais, e a submissão dos projetos será facilitada por meio de uma plataforma digital, além de cartilhas e manuais com orientações sobre a lei.

O subsecretário de Estado de Cultura e Turismo, Igor Arci Gomes, admitiu que a execução da Lei Paulo Gustavo é um desafio. Segundo o subsecretário, o Estado já iniciou a capacitação dos municípios e a plataforma digital a ser utilizada para a submissão de projetos será de fácil compreensão.

Parlamentares apontam gargalos na legislação: política pública culturalParlamentares apontam gargalos na legislação: política pública cultural

Parlamentares cobram recursos para cultura

A audiência pública foi solicitada pelo deputado Professor Cleiton (PV), presidente da Comissão de Cultura da ALMG, e pelas deputadas Lohanna (PV), Macaé Evaristo (PT) e Andréia de Jesus (PT). Para a deputada Lohanna, o acesso aos editais e as exigências da prestação de contas das leis de incentivo à cultura são gargalos, especialmente, para os produtores culturais do interior mineiro. “Se não desburocratizarmos esse processo, não conseguiremos fazer com que os recursos sejam gastos adequadamente”, afirmou.

O deputado Professor Cleiton reforçou a necessidade de melhorar a infraestrutura da Secretaria de Estado de Cultura para atender “de forma eficiente e democrática as iniciativas culturais em todos os 853 municípios mineiros”. Já a deputada Andréia de Jesus defendeu que as políticas públicas “precisam beneficiar o povo negro, como reparação pelos 300 anos de escravidão”.

A deputada Leninha (PT) afirmou que os recursos públicos devem financiar todas as manifestações culturais. “Temos o compromisso de fazer com que o dinheiro chegue para trocar o couro de um tambor”, disse. Por sua vez, a deputada Macaé Evaristo cobrou a “participação dos fazedores de cultura no processo de implementação da Lei Paulo Gustavo pelo Estado”.
(Colaboração da assessoria de imprensa da Assembleia Legislativa de Minas Gerais)
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Mak Solutions Mak 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Artista Pobre

16 de abril, 2023 | 22:21

“Teve "artista" q enriqueceu com a Lei Aldir Blanc 1, já outros nem conseguiram prestar contas no final de tão burocrático que foi o edital e a prestação de contas. Quem já tinha experiência em editais de cultura lucrou com mil projetos, os marinheiros de primeira viagem já sem trabalho por causa das restrições da Pandemia foram pouco beneficiados. Tomara q a LPG seja diferente...”

Envie seu Comentário