
28 de março, de 2023 | 15:00
Crônica: Surmulot? Então tá!
Nena de Castro *
Leio que Paris e New York estão assim” de ratos. As pragas, tal como as argh! baratas - chegaram à cidade estadunidense nos navios ingleses e franceses no século XVIII. Sacumé, os caras chegavam ao Novo Mundo cheios de marra, com canhões, espadas, floretes, pegavam o que queriam, enchiam o navio de ouro, bichos, pássaros, índias e deixavam doenças, mortes e outros que tais para nosotros. Acho que ninguém gosta de rato e eu os detesto.Num é que há algum tempo, estava euzinha vendo televisão quando resolvi beliscar alguma coisa no intervalo. Sacumé, aqui em casa estamos sempre mastigando, nossa filosofia de vida é não deixe pra amanhã o que você pode comer hoje”, vai que aparece visita e você tem que dividir o bolo de chocolate ou a torta de galinha... Entrei na cozinha justamente quando um Dom Ratão caminhava para o prato de queijo sobre a mesa, com a boca aberta. Eu dei um berro que deve ter deixado os vizinhos de cabelo em pé, corri pra copa e o rato também gritou iirrc! e correu pro quintal. Meu marido acudiu, pensando que fosse um lobisomem ou fantasma e quando consegui, falei que era um rato, enooorme, parecia uma pequena paca e estava se dirigindo para o queijo com uma cara de ninja assassino! Bred Pitty começou a rir, dizendo que por aqui não tinha rato desse tamanho, só apareciam em casa, vindos da rua, os mousezinhos simpáticos, aqueles pequenininhos que correm rápido, onde é que eu tinha arrumado um rato daquele tamanho? Depois que parei de tremer, guardei tudo, tampei tudo, tranquei a porta, coloquei pano nas frestas e fui dormir com medo de ser devorada. Vai que o ratão pense que sou mais gostosa que o queijo, ieu, hein? Mas o excomungado apareceu de novo, daí a dois dias, entrou pela cozinha, voou” pela copa, passou pela sala e entrou no escritório. Dessa vez o Bred viu e ficou espantado pelo tamanho do bicho enquanto eu repetia: não falei, não falei? Humpf!”
Bredim pegou a vassoura, puxou a mesa, as cadeiras, mas neca do bicho! Tranquei tudo de novo, fiz barricadas, usei os panos para as frestas e fui dormir tentando não pensar no coiso. No dia seguinte, dei um ultimato pro marido, tipo o rato ou eu”, ele pediu um tempinho pra pensar, mas depois de concluir que o Dom Ratão não ia cozinhar pra ele, chamou o vizinho e ambos esvaziaram o cômodo. Só depois de muita peleja localizaram o dito cujo que sabe se ocultar muito bem, ele parece pensar no que faz. Morto, o meliante, todos ficaram espantados com o tamanho era uma ratazana caprichada, nunca tinham visto uma igual. Depois que entrou uma também na vizinha, fomos investigar e descobrimos que uma casa velha tinha sido derrubada na outra rua e de lá vieram os monstros.
Decretaram a morte dos bichinhos em Paris, mas uma vereadora chamada Douchka Marcovik, de um tal Partido Animalista saiu em campo para defender a rataiada, alegando que eles fazem o controle dos resíduos dos esgotos. E que devem ser chamados afetuosamente de sumorlot” (grande rato do campo). Eitaaa! Aqui nos trópicos, nosotros, les savages de las bas” (os selvagens lá de baixo) ficamos no eterno jogo paca, tatu, cotia não”, idem pras ratazanas da política que devoram o Brasil, com artimanhas para impedir as ações em prol do desenvolvimento. Vou ali comprar uma ratoeira. E nada mais digo!
* Escritora e encantadora de histórias
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Tião Aranha
29 de março, 2023 | 19:52Problema resolvido: o dono da fazenda tem que ter total controle sobre a ratoeira; porque o tamanho do rato vai depender em muito do tamanho da ratoeira. - Ou quem sabe o segredo está no zelo do dono da fazenda? Risos.”