28 de março, de 2023 | 14:00
Opinião: A venda do Credit Suisse e a crise bancária
Alexandre Freire *
A falência do banco no Vale do Silício, empresa californiana e conhecidamente financiadora de startups, acendeu um alerta ao mundo sobre o futuro da economia dos Estados Unidos. Entretanto, as perdas econômicas geradas pelo colapso do banco podem ir além das fronteiras estadunidenses.O fechamento de bancos dessa magnitude, de forma repentina, nos faz acreditar que se trata de uma crise iminente, talvez relâmpago, mas, o que nem sempre se percebe é que na maioria das vezes, colapsos como esses podem ser evitados com um compliance no planejamento tributário e maior cautela nas ações no mercado.
A crise percebida no Vale do Silício, região tida como o polo da tecnologia e epicentro dos investimentos em startups de TI na América do norte, não é uma situação isolada. Recentemente, um grande banco de Nova York que possuía como clientes empresas do mercado de criptomoedas também acusou falência. Em tese, as instituições financeiras tinham perfis de clientes diferentes, mas estavam inseridas num contexto macro comum, a exemplo da política monetária de juros vigente para os dois bancos no país.
A quebra de ambas as empresas reforça como as oscilações da economia e das políticas de juros e financiamentos podem impactar diretamente na receita e na manutenção de um banco na ativa. Porém, esse não é o único motivo pelo qual empresas deixam de ser lucrativas. Muitas vezes, a falta de planejamento e tomada de decisões inconsistentes fazem com que alguns estejam mais suscetíveis ao fim.
A volatilidade do mercado existe desde sempre. Os gráficos que mostram os avanços, crescimentos e quedas da economia ao longo dos anos demonstram a situação como um ciclo, que naturalmente acarretará altas e baixas. Entretanto, as empresas podem, e devem, traçar estratégias para sobreviver às oscilações da economia e das políticas de governo que as impactam com transparência.
O fechamento de bancos dessa magnitude,
de forma repentina, nos faz acreditar
que se trata de uma crise iminente”
No caso da crise bancária, trata-se de bancos inseridos num contexto mais vulnerável, pois estão ligados às moedas digitais e empresas como fintechs e uma grande parcela de investimento atrelada aos juros bancários de renda fixa. Essa situação, por si só, já demonstra um maior risco de investimentos devido às incertezas do mercado no qual elas estão inseridas e o atrelamento ao governo.
Na última semana foi a vez do Credit Suisse acusar o golpe do déficit e ser adquirido pelo UBS por cerca de 3.3 Bilhões de Dólares, a transação movimentou o mercado financeiro como mais um sinal de atenção, o SNB da Suíça concordou em abrir uma linha de crédito com liquidez de 100 bilhões de francos suíços ao UBS como parte do arco enviando uma resposta de paz ao mercado.
Apesar disso, tiramos lições importantes sobre uma possível reverberação mundial dessa crise: as empresas precisam se proteger ao máximo e analisar o momento de incertezas em que vivemos. A queda nos lucros das companhias de diversos setores são um sinal para que exista cautela nas operações. Além disso, o planejamento tributário colocado em prática a longo prazo pode proteger as empresas e fazer com que elas sofram menos com as oscilações de mercado.
No caso da economia, num contexto geral, é preciso se preparar para períodos de taxas altas de juros, pois eles acontecem de tempos em tempos. No caso dos Estados Unidos, a situação pode ser uma vitrine sobre como essas políticas podem prejudicar a economia quando mantidas por um longo período.
Agora, estima-se uma diminuição nas taxas de juros e um maior controle nas operações bancárias de ativos com pouca regulação e maior volatilidade, como o mercado das criptomoedas e a forma que se dão os investimentos em startups.
Por aqui, apesar dos impactos, não é hora de desesperar. Empresas e pessoas físicas devem tentar, na medida do possível, se proteger, mas mantendo uma consistência nas ações, já que o cenário ainda não é de crise global. O momento é de análise e cautela frente à tempestade, e se possível, estruturar um planejamento de longo prazo.
* Advogado sócio do escritório Bastos Freire Advogados e responsável pela área de planejamento tributário
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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