
16 de março, de 2023 | 07:09
Fechamento de bancos nos EUA: professor esclarece se há motivos para apreensão entre os brasileiros
Divulgação UFMG
O professor do departamento de Economia da UFMG, Marco Flávio Resende, explicou se há possibilidade de o Brasil ser afetado

Nos últimos dias muito tem se falado, principalmente nos noticiários, a respeito do colapso de bancos nos Estados Unidos. Inevitavelmente, as atenções de todo o mundo se voltaram para o mercado financeiro depois que o Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank anunciaram falência.
O fechamento dos dois bancos foi comunicado por autoridades financeiras estadunidenses. O Silicon tinha atuação forte para o financiamento de startups e teve falência divulgada no dia 10 de março. Já o fechamento do Signature Bank foi informado no domingo, dia 12.
Entre os brasileiros, o assunto despertou certa apreensão, com medo de que o cenário delicado em outro país pudesse respingar” no Brasil. Além disso, nas mídias sociais, espalhou-se uma lista de instituições, composta também por bancos digitais, que atuam no Brasil, e que supostamente teriam algum envolvimento ou parceria com o Silicon Valley Bank (SVB).
Pronunciamento
Alguns bancos digitais que atuam no Brasil logo trataram de esclarecer qualquer informação improcedente que pudesse chegar aos clientes. O Nubank escreveu: com objetivo de esclarecer informações equivocadas circulando em redes sociais e grupos WhatsApp, o Nubank informa que não tem qualquer exposição ao Silicon Valley Bank”. O Banco Inter também se manifestou. INTER&Co comunica aos seus acionistas e ao mercado que a Companhia e suas subsidiárias não têm qualquer exposição e/ou relação comercial com o Silicon Valley Bank”. Outras instituições, como PicPay, PagBank e C6 Bank também fizeram questão de esclarecer o assunto.
Sem preocupação
Entrevistado pela reportagem do Diário do Aço, o professor do departamento de Economia da UFMG e pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Marco Flávio Resende, afirmou que, aparentemente, por enquanto, não existem motivos para inquietação. Em princípio não há motivo para correntistas de bancos digitais brasileiros se preocuparem, a menos que nossos bancos digitais tenham comprado ativos em grande quantidade dos bancos americanos que quebraram, o que acho muito improvável”, disse.
Como fica a economia do Brasil?
Questionado se o cenário vivido nos Estados Unidos poderia impactar ou comprometer diretamente a economia do Brasil e de outros países, o professor respondeu que tal situação dependerá do Banco Central dos Estados Unidos conseguir estancar o contágio”.
O sistema financeiro mundial é todo interconectado. Bancos compram e vendem ativos uns para os outros. Por isso, se um banco que tem passivos com outro quebrar, ele não poderá honrar sua dívida e o outro banco ficará com um título podre nas mãos, isto é, um título que não será mais resgatado pelo banco que quebrou e, em consequência, aquele título, um ativo do banco que o comprou, perderá valor, levando à perda de capital por seu detentor. Se em consequência esse banco quebrar também, ele não pagará sua dívida com um terceiro banco, e assim por diante, num efeito dominó”, detalhou Marco Flávio.
Risco sistêmico
Ainda de acordo com o professor, a situação pontuada anteriormente é chamada de risco sistêmico. Se o pânico se espalha no mercado, todos os correntistas correm para sacar seu dinheiro e, em consequência, os bancos quebram, pois todos trabalham alavancados e com descasamento entre passivos (por exemplo, os depósitos dos correntistas) e ativos (por exemplo, créditos que os devedores devem ao banco, isto é, dívidas que o banco tem a receber)”.
Governo dos EUA
Na avaliação de Marco, até aqui, diante das medidas adotadas, o governo estadunidense tem obtido êxito em acalmar o mercado e correntistas. Evitando uma corrida aos bancos e, com isso, evitando o risco sistêmico e a quebra de outros bancos. Se ocorrer desta maneira, o risco de outros países terem problema foi estancado”.
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Codinome Beija-flor
16 de março, 2023 | 08:59Aqui no Brasil é difícil Banco quebrar. Principalmente os que financiaram campanhas políticas.
Bancos e Estado são sócios indissolúveis e indissociáveis desde sempre nesse Brasilzão de Meu Deus. Funciona assim: os governos gastam muito mais do que nos roubam (e gastam consigo mesmos, com seus custeios imorais). Assim, precisam de dinheiro emprestado (dos bancos) para financiar a farra. E quanto mais devem, maior o risco. Ato contínuo, quanto maior o risco, maior o prêmio (juros).”