14 de março, de 2023 | 06:00

Sem zoação

Fernando Rocha

Ninguém pode zoar ninguém. As duas maiores torcidas, aqui dos nossos grotões, viram seus times serem batidos e saírem derrotados nos jogos de ida pela semifinal do Campeonato Mineiro.

O nômade Cruzeiro escolheu a Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, como sua casa que ficou quase 100% lotada por sua torcida, mas de nada adiantou e saiu derrotado de 2 x 0 pelo bom time do América.

Desta vez, sem motivos para reclamar do gramado e da arbitragem, o Cruzeiro começou bem a partida pressionando o América que, aos poucos, foi se firmando até conseguir em certeiros contra-ataques os dois gols que lhe deram a vitória.

No jogo de volta do próximo domingo, em sua casa - no Independência, o Coelho poderá perder até por dois gols de diferença que, mesmo assim, estará na final.

Muitas dificuldades
Em São João del-Rei, o Athletic derrotou o Galo por 1 x 0, inverteu a vantagem do alvinegro da capital e agora jogará pelo empate, no sábado, no Independência, para obter a façanha de decidir o título.

Prejudicado pelo forte calor e pelo gramado do tipo “batatais”, que diminui a velocidade da bola, pela arbitragem ruim, além de ter pela frente um adversário motivado e bem arrumado taticamente, o time quase todo reserva do Galo encontrou muitas dificuldades na partida.

Sofreu o gol de pênalti, aos 46 minutos do 1º tempo, em lance que o zagueiro Réver, de fato, esticou o braço mais do que podia, de acordo com a regra da Fifa, a meu juízo esdrúxula e injusta, por não considerar a intenção do atleta.

Aos 31 minutos do 2º tempo foi a vez da bola pegar no braço do zagueiro Douglas Pelé: pênalti outra vez injusto, porém marcado de acordo com a regra, a favor do Galo, mas desperdiçado por Hulk que chutou na trave.

Achei que o técnico Eduardo Coudet demorou para corrigir os erros de marcação, sobretudo, no setor esquerdo da defesa, por onde o Athletic levou perigo constante no 1º tempo, até conseguir o gol que lhe deu a vitória.

Demorou muito, também, para substituir os reservas pelos principais titulares, o que já deveria ter feito no intervalo, embora Hulk, Paulinho, Hyoran, Edenilson e Ademir não tenham conseguido mudar o panorama da partida picotado pelo excesso de faltas cometidas pelo time da casa, com a complacência do árbitro Ronei Cândido Alves, que evitou expulsar os jogadores que tinham cartões amarelos.

FIM DE PAPO

O Estádio Joaquim Portugal, em São João del-Rei, com capacidade para apenas 2.303 torcedores, trata-se de uma cópia quase fiel do Louis Ensch, do Social de Coronel Fabriciano, onde também foi disputada uma semifinal, em 1997, quando o Saci, mesmo tendo uma boa equipe, acabou eliminado pelo Villa Nova. A SAF do Athletic não se deixou seduzir pelas propostas recebidas e preferiu jogar no seu acanhado estadinho “raiz”, onde poderia equilibrar a disputa contra o Galo valendo-se do fator campo.

Deu certo, pois venceu em casa e, mesmo que seja eliminado no jogo de volta em BH, já terá alcançado seus objetivos. Foram registrados alguns incidentes entre torcedores após a partida, sem maiores consequências. A imprensa, também, reclamou das condições precárias para trabalhar, o que pode ser minimizado com boa vontade e trabalho. Pior é o que tem ocorrido aqui, no nosso quintal, onde o estádio possui todas as condições necessárias e, mesmo assim, não se oferece sequer água potável aos profissionais da imprensa que estão lá trabalhando.

A implantação do VAR em todos os jogos do Campeonato Mineiro foi um avanço e a Federação Mineira de Futebol, por isso, merece elogios. Para o próximo ano, precisa melhorar a qualidade dos operadores dessa ferramenta que veio para diminuir as injustiças no jogo. O nosso VAR tupiniquim é uma tartaruga de tão lento, e tem errado muito, sendo salvo pelo acaso, como no lance do pênalti em Gilberto, a favor do Cruzeiro. Checaram primeiro o pênalti, ao invés de averiguar toda a jogada. Por pouco, não foi cometido um erro cavalar, pois Gilberto, antes de sofrer a falta na área, estava claramente impedido.

Uma minoria de cruzeirenses xingou Ronaldo Fenômeno com palavrões impublicáveis. A maioria, no entanto, reagiu contra e o ambiente ficou tenso. Ronaldo usou sua conta no Twitter para reclamar, novamente, do comportamento da torcida. Na verdade, o cruzeirense sabe que este e talvez os próximos anos serão de reconstrução e, por isso, não cobra a contratação de medalhões famosos e caros, nem sonha com títulos importantes, Libertadores etc, mas quer ver em campo ao menos uma equipe competitiva, que honre o manto e as tradições celestes. (Fecha o pano!)
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