07 de março, de 2023 | 15:00

Opinião: Assuada...

Nena de Castro *

Caminhava a escriba pelas ruas citadinas, assaz mergulhada na espurcícia de madraços cidadãos que se recusam a aprender maneiras um pouco menos estrambólicas no tocante à higiene e conspurcam qualquer local por onde transitam, tudo emporcalhando. São abéculas, azelhas incapazes de transportar as aselhas sem provocar um desastre. Tais indivíduos, achavascados e engrunhidos, provocam quezílias inumeráveis na comunidade. Ah, homem soez que é também misólogo e apresenta, para nosso horror, hábitos cacóstomos no tocante à Língua Pátria e infrutiferamente é também enxacoco. Usa bastante um piricutico, sendo na verdade, o mesmo. O gárrulo, entanguido e somítico indivíduo conta vantagem de suas conveniências e é filaucioso. Ah, parvos, não sabeis vós que o cuntatório no aprendizado torna-os incapazes de nitificar o discurso?

Os mendaciosos tentam alumiar seus taciturnos e horrípilos falares enganatórios, embaindo os palpavos...
Pálvida, dilucido aos meus cinco leitores, hoje estupefactos, que o texto acima foi escrito por mim com palavras retiradas da tradução de um livro sobre um campo de concentração, perpetrada por um sujeito asnado e desassisado, ou seja, lelé da cuca.

Achei o dito cujo livro entre os que ganhei há tempos e comecei a ler, quase dando um siricutico com tanta besteira. Como um tradutor faz uma josta dessas, usando palavras tão miserentas? É pro leitor enlouquecer? Então comecei a anotar as palavras para desafiar Nini das Candongas a escrever algo parecido enquanto eu faria o mesmo só pra ver no que dava. Mas aí o livro sumiu, não sei se doei por engano ou se o miserave foi pra tonga da mironga do cabuletê, o cumpadi foi pra Pasárgada e não executei meu malévolo intento. Abomino totalmente palavreado desse tipo, velo pela simplicidade, gosto de textos como Marta Godoy escreve, concisos e belos. Reconheço que sou prolixa e à moda do poeta José Paulo Paes sinto ganas de atirar no lixo meus textos enormes. Afinal, como afirmou Bandeira, “quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples” e isso para mim, vale no tocante ao uso da nossa Língua-Mãe. Textos bem escritos, mas sem empáfia, tornando a comunicação leve e atraente. Senão o leitor fica como o ladrão de galinhas na piada sobre Rui Barbosa, sem saber se era pra levar a penosa ou deixar, rs. Um bom dia meus cinco leitores, e viva a elegância da escrita do Bruxo do Cosme Velho, o negro Machado de Assis, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e muitos outros que nos proporcionam mel ou fel, mas com clareza, simplicidade, lógica. E nada mais ouso dizer!

* Escritora e encantadora de histórias

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