04 de março, de 2023 | 07:00

Todas as formas de violência contra a mulher cresceram no país em 2022, revela pesquisa

Para a presidente da OAB Mulher de Timóteo, a advogada Ana Maria Vieira Pinto, o cenário apresentado é fruto também de uma sociedade machista

Arquivo Pessoal
''O relacionamento abusivo impacta de forma expressiva, pode paralisar a vida de uma vítima'', afirmou a psicoterapeuta Bila Freitas ''O relacionamento abusivo impacta de forma expressiva, pode paralisar a vida de uma vítima'', afirmou a psicoterapeuta Bila Freitas

Mais de 18 milhões de mulheres sofreram alguma forma de violência em 2022, é o que mostrou a 4ª edição da pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) junto ao Instituto Datafolha e com apoio da Uber. O cenário retratado é preocupante. Em comparação aos levantamentos anteriores, todas as formas de violência contra a mulher apresentaram crescimento acentuado.

Segundo a pesquisa, 28,9% das brasileiras sofreram algum tipo de violência de gênero em 2022, 4,5% acima do resultado de 2021. Entre as formas de violência citadas, a mais frequente foi a ofensa verbal, com 23,1% de prevalência. Na sequência perseguição, com 13,5% de frequência; ameaças, com 12,4%; agressão física como chutes, socos e empurrões, com 11,6%, ofensas sexuais, com 9%; espancamento ou tentativa de estrangulamento, com 5,4%; ameaça com faca ou arma de fogo, com 5,1%; lesão provocada por algum objeto que lhe foi atirado, com 4,2%; e esfaqueamento ou tiro, com prevalência de 1,6%.

Causas
A advogada Ana Maria Vieira Pinto, presidente da OAB Mulher de Timóteo, acredita que o aumento da violência contra a mulher ascendeu ainda mais em meio à pandemia. “Mulheres e agressores ficaram frente a frente”, observou. Um dado em especial chamou a atenção de Ana Maria: o estudo apontou o ex-companheiro como o principal autor da violência (31,3%), seguido pelo atual parceiro íntimo (26,7%). “Infelizmente a sociedade é machista, a violência está ligada ao machismo estruturante dessa sociedade. As pessoas naturalizam a violência contra a mulher”, lamentou.

Marcas físicas e emocionais
Arquivo Pessoal
''A gente precisa mudar o jeito que certas pessoas pensam para que a gente possa avançar mais no enfrentamento à violência contra a mulher'', avaliou a advogada Ana Maria Vieira Pinto''A gente precisa mudar o jeito que certas pessoas pensam para que a gente possa avançar mais no enfrentamento à violência contra a mulher'', avaliou a advogada Ana Maria Vieira Pinto

Segundo a psicoterapeuta, mestre em Reiki, especialista em relacionamentos, saúde mental e violência doméstica, Bila Freitas, as vítimas levarão ao longo de suas vidas as marcas desse sofrimento não só visíveis no corpo, mas principalmente emocionais, se não tiverem um acompanhamento. “O relacionamento abusivo impacta de forma expressiva, ele pode paralisar a vida de uma vítima”, explicou.

As consequências podem ser catastróficas, avalia a psicoterapeuta: “Em todos os sentidos, em todas as áreas da vida dela: financeira, espiritual, energética, emocional, psicológica, com parentes, com os amigos, no social em geral”, alertou.

Bila Freitas fala como profissional, mas também como uma mulher que viveu na pele a experiência traumática de ser agredida por um companheiro. “Vivenciei uma experiência de quase morte, devido a um relacionamento abusivo. Além do meu emocional e psicológico ficarem totalmente abalados, tive braço quebrado devido a inúmeros chutes, dentes quebrados por socos, cabelo arrancado, rosto desfigurado”.

Papel da sociedade
Nessa luta, toda a sociedade deve se envolver para combater esse mal. A presidente da OAB Mulher de Timóteo enfatizou o papel de grande relevância da coletividade. “Somos nós que temos que contribuir na proteção dessa mulher. A gente precisa mudar, mudar o jeito que certas pessoas pensam para que a gente possa avançar mais”, disse Ana. Ela lembrou sobre a responsabilidade do poder público em proteger as mulheres. “Buscar meios que possa, dar as medidas protetivas e possa garantir que essa mulher fique por um tempo em um local seguro. Somos nós, é a sociedade que tem esse papel decisivo”, concluiu.
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Comentários

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Tinho Mortadela

04 de março, 2023 | 21:05

“A máxima ?Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher? é coisa do passado. Disque Denuncia 180”

Zoio de Zoiar

04 de março, 2023 | 12:59

“Quando me contaram que aquele homem te bate,senti uma vontade de explodir e de morrer.Eu sei que sou errado, não vou consertar o mundo,mas acho vagabundo o homem que bate em mulher. Em mulher não se bate,nem com uma flor.”

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