
02 de março, de 2023 | 14:18
Jornalista demitido cinco minutos depois de publicar denúncia de trabalho escravo se pronuncia
Reprodução Instagram
Leandro Schmitz revelou em reportagem denúncia de sindicato segundo a qual 13 trabalhadores terceirizados da Prefeitura de Joinville (SC) prestavam serviço em trabalho análogo à escravidão

Nota publicada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e pelo Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Joinville é manifestado apoio e solidariedade ao jornalista Leandro Schmitz, demitido quarta-feira (1) pelo jornal Folha Metropolitana, de Joinville, Santa Catarina. Leandro publicou em primeira mão a reportagem que denunciou as condições de trabalho análogo à escravidão na obra do Centro de Bem-Estar Animal de Joinville (CBEA) e por conta deste furo de reportagem foi desligado do veículo.
A reportagem de Leandro Schmitz revelou 13 trabalhadores fotografados e filmados segunda-feira (27), chegando em uma unidade de Bem-estar e Proteção Animal de Joinville. Os trabalhadores também foram vistos no mesmo dia almoçando em locais reservados a cães e outros animais, em condições insalubres para pessoas fazerem refeições. A denúncia foi liderada pelo Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej).
Os trabalhadores que aparecem nas imagens são prestadores de serviço da empresa terceirizada pela prefeitura de Joinville, Celso Kudla Empreiteiro Eireli, responsável pela obra de reestruturação do local.
Em entrevista à revista Fórum, Leandro Schmitz deu a sua versão a respeito de sua demissão cinco minutos após publicação de reportagem, dia 28 de fevereiro.
O episódio foi registrado na mesma semana em que outro escândalo veio à tona: o uso de mão de obra escrava em uma vinícola de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. Com a repercussão negativa, a Folha Metropolitana afirmou em nota que a demissão já estava programada e se deu pelo fato do jornal estar passando por reestruturações de equipe para atender a produção jornalística com a nova realidade financeira e editorial desde que o jornal parou de ser impresso”.
Em entrevista à Fórum, Leandro disse que não gostaria de se manifestar mais, porque os fatos falam por si. Eu digo sempre para todo mundo que me procura que não quero prejudicar ninguém, apenas fazer o meu trabalho. Eu acatei uma denúncia do Sindicato, ouvi todos os envolvidos, fiz o que qualquer jornalista profissional faria. O veículo para o qual eu trabalhava emitiu uma nota dizendo que minha saída se deu por motivos financeiros e ajustes internos”.
O jornalista também afirmou que tem sido procurado por muitas pessoas querendo informações e outras oferecendo ajuda jurídica. Existe a versão do jornal e existe a minha demissão ter acontecido cinco minutos após a publicação da matéria”, prossegue.
Leandro destaca ainda que o título da matéria, dando o nome de "Trabalho análogo à escravidão" se deu pela denúncia do Sinsej no MPT, que dava este nome, mas que no corpo da matéria explica os fatos. Ou seja, quem vai decidir se é trabalho análogo será o MPT, eu como jornalista, dei as duas versões para que o leitor tirasse suas conclusões”.
Servidor da prefeitura
A Folha Metropolitana usou ainda como justificativa para a demissão o fato de que Leandro tinha pouca disponibilidade de tempo para a vaga, já que também é servidor público da prefeitura”, cita a revista Fórum.
Sobre isso, o jornalista ressalta que foi contratado pelo jornal já ciente do meu horário dividido entre a nova função e meu trabalho na prefeitura”. E completa que, além do mais, sempre entreguei resultado para o jornal, fui parceiro desde sempre”.
Leandro é funcionário de carreira da prefeitura e destaca que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Minha atividade de jornalista não interfere em nada minhas atividades na prefeitura. Ao menos não deveria”.
Ao fim, o jornalista destaca que nunca quis prejudicar ninguém. Essa repercussão toda não estava nos planos”, encerra.
Para o Sinsej, a demissão claramente é fruto de pressão da prefeitura de Joinville, que como contratante, deveria fiscalizar os trabalhos de sua terceirizada na obra. É importante frisar que a matéria cumpre todos os preceitos básicos do jornalismo. O jornalista deu voz a todos os envolvidos e apresentou vídeos e fotos como provas do que havia apurado. A prefeitura, inclusive, foi uma das ouvidas e tem sua resposta citada no texto”, cita em nota.
Nota do Folha Metropolitana
O Jornal Folha Metropolitana vem a público se pronunciar sobre a saída do jornalista Leandro Schmitz do seu quadro de prestadores de serviço
O jornalista Leandro Schmitz, que estabelecia uma relação de prestador de serviço para o Jornal Folha Metropolitana, como jornalista e editor, teve seus serviços dispensados no fim do mês de fevereiro. O motivo é que o jornal está passando por reestruturações de equipe para atender a produção jornalística com a nova realidade financeira e editorial desde que o jornal parou de ser impresso, no início deste ano, e seguiu apenas virtual.
Nessa nova modalidade, conforme outros prestadores de serviços já estavam cientes, havia a intenção de ter um editor com mais tempo à disposição a partir de março. Como Leandro tinha pouca disponibilidade de tempo para a vaga, já que também é servidor público da prefeitura. Outro quadro interno, com mais tempo livre foi selecionado para a vaga. E portanto, os serviços do Leandro foram dispensados. Evento que nada está relacionado ao conteúdo editorial do jornal.
Afirmamos que a relação com o Leandro sempre foi respeitosa. O jornal Folha Metropolitana se orgulha de ter sido um veículo para seu ótimo trabalho e que nunca houve qualquer censura ao trabalho de Leandro ou qualquer outro prestador de serviço. Os nossos leitores sabem que buscamos sempre produzir um jornalismo isento, com foco em serviço, informação e eventuais denúncias ao poder público, quando necessário, de Joinville e região.
Reafirmamos também, coerente com matéria autorizada, divulgada e mantida em nosso veículo, que somos veemente contra censura ao jornalismo bem como profundamente contra à escravidão. Saudamos a inciativa de denúncia do Sinsej e esperamos que a situação seja averiguada, e se confirmada, que as medidas sejam tomadas. Por isso, afirmamos que o Jornal Folha Metropolitana está à disposição para cobertura dos desdobramentos dessa situação para que não haja dúvidas nosso compromisso com a isenção e com a transparência.
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Gilson Jose Ferreira
03 de março, 2023 | 10:45Pronto falei disse tudo e acrescento também "BERÇO DO NAZIFASCISMO BRASILEIRO".”
Pronto Falei
02 de março, 2023 | 19:47O Sul do BR é a Bélgica do Rei Leopoldo no Congo. " o sul é o meu pais".
Torcedora do Grêmio X goleiro Aranha, vinhedos de Garibaldi, canil...
" o sul é meu país ". Entendido.”
Patriota
02 de março, 2023 | 16:58Esta é a "liberdade de expressão" defendida pela extrema-direita. E, infelizmente, por muitos esquerdistas.”