02 de março, de 2023 | 07:05
Explosão: casos de dengue aumentam 500% no estado em relação a 2022
Somente neste ano, até o dia 27/2, foram confirmados mais de 13 mil registros da doença em Minas Gerais
Rafael Mendes/SES-MG
O cuidado e a prevenção para evitar focos do transmissor da doença começam em casa
(Stéphanie Lisboa - Repórter do Diário do Aço)
Os dois primeiros meses do ano foram marcados por uma disparada nos casos de dengue no estado. Dados disponibilizados no Boletim Epidemiológico de Arboviroses Urbanas (dengue, chikungunya e zika), divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), revelam um aumento expressivo de confirmações da doença no comparativo entre 2022 e 2023.
Entre os dias 1º de janeiro e 22 de fevereiro do ano passado, apenas 1.940 pessoas tiveram dengue em Minas. Em contrapartida, somente de 1º janeiro a 23 de fevereiro deste ano, foram mais de 11 mil (11.658) diagnósticos de dengue. Uma elevação de 500%.
A alta também é percebida ao compararmos as notificações de casos prováveis de dengue. No boletim que retrata os dados de 1º de janeiro a 22 de fevereiro de 2022 eram 6.298, já em 2023 (de 1/1 a 23/2), este número saltou para 42.589, alta de 576%.
E os registros não param de crescer. Na segunda-feira (27/2), a SES-MG publicou um dado mais recente sobre o cenário da dengue. Do boletim anterior, no dia 23 de fevereiro, para este, houve a confirmação de mais de 2 mil casos, chegando à marca de 13.802 mineiros com a doença em 2023.
Infectologista
Segundo o professor e infectologista do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Unaí Tupinambás, o que se espera da epidemia de dengue é que, geralmente, a cada três anos, ocorra um aumento expressivo dos casos em relação ao ano anterior. Tem sido assim na última década.
Álbum pessoal
A moradora do bairro Esperança apresentou vermelhidão na pele, sintoma muito comum da dengue: ''todo o corpo ficou assim'', contou

Este ciclo de explosão dos casos de dengue a cada três anos se deve ao fato de mais pessoas ficarem susceptíveis e ao aparecimento de novos sorotipos”, explicou o médico. De acordo com Unaí, era esperado um crescimento para o ano passado, no entanto isso não ocorreu. A expectativa é que neste ano tenhamos mais casos do que nos dois anos anteriores”.
Vale do Aço
Em Ipatinga, até terça-feira (28/2), haviam sido investigados 458 casos suspeitos de dengue, dos quais, 415 confirmados. Para se ter uma ideia, em todo o ano passado (12 meses), o município havia investigado 903 casos suspeitos da doença e, desse total, 781 foram confirmados.
Nos meses de janeiro e fevereiro de 2022, Coronel Fabriciano teve 77 casos notificados para dengue, desses, 43 foram confirmados, 28 descartados e 6 tratados como inconclusivos por falta de coleta de exame ou sintomas inespecíficos. Em 2023, no mesmo período, foram 118 notificações. Desse total, 9 casos foram confirmados, 19 descartados e 90 aguardam encerramento.
Santana do Paraíso registrou 262 casos prováveis de dengue do dia 1º de janeiro a 28 de fevereiro deste ano. Vinte casos já foram confirmados, dois descartados e 240 estão em investigação. No mesmo período do ano passado, foram 71 notificações, 57 casos confirmados, 7 descartados e 7 inconclusivos.
Relato de quem teve a doença
Nelma Valentim, de 46 anos, moradora no bairro Esperança, é uma das 415 pessoas diagnosticadas com dengue neste ano em Ipatinga. Os primeiros sintomas apareceram no dia 11/2. Amanheci com um pouco de dor no corpo, achei que poderia ser uma gripe. Comecei a sentir o corpo muito pesado. No dia seguinte, já não consegui me mexer, todas as articulações do corpo doíam, dor de cabeça, febre, náuseas, calafrios, dor ao redor dos olhos, andava com dificuldade”, lembrou.
Nelma foi ao hospital, fez exame, mas o resultado foi negativo. Dois dias depois refez o teste e veio a confirmação de dengue. Dia 15 amanheci com as famosas manchas vermelhas no corpo todo, que ainda coçam muito. No outro dia surgiram algumas ínguas debaixo das axilas, pescoço e virilha. E a dor nas articulações cada vez pior”, contou. Ela passou a se sentir melhor apenas 15 dias depois. As dores diminuíram, mas não 100%, pois ainda sinto dor nos pés, mãos e punhos. Não tive dengue antes, mas a sensação é de ter sido atropelada dez vezes”, resumiu. Nelma relatou que dois vizinhos dela também estão com dengue.
Como fazer o combate à proliferação do mosquito transmissor da doença?
- Lixeiras sempre tampadas.
- Quintal, terrenos baldios e lotes sem lixo e entulho.
- Tonéis e caixas dágua tampadas.
- Retire os pratinhos dos vasos das plantas ou coloque areia.
- Garrafas e baldes virados para baixo.
- Reservatórios de água de ar-condicionado, geladeira e umidificador vazios e secos.
- Atenção com bromélia, babosa e outras plantas que acumulam água.
- Bebedouros de animais lavados com bucha ou escova.
- Ralos internos e externos e calhas de chuva mantidos limpos.
- Lonas usadas para cobrir objetos devem ficar esticadas para evitar formação de poças de água.
- Cobrir piscinas.
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Jéssica
02 de março, 2023 | 23:37Eu tive chicungunya, passei os 24 piores dias da minha vida. Sem conseguir nem tomar banho sozinha, até beber água doía, e o tanto de aftas que estouram na boca, noites sem dormir com dores que nunca passavam. Mudança de humor, nervosismo, ponta dos dedos rochos, inchado exagerado, dor de cabeça, nas articulações, muita dificuldade para andar, coceira, febre altíssima, inflamações pelo corpo, calafrios terríveis, ansiedade, incapacidade de fazer qualquer coisa, manchas por todo corpo, e muita muita dor. Foram dias terríveis, que só estão passando graças a Deus e ao reumatologista que estou fazendo tratamento com ele. Agora estou na fase crônica, tomando um monte de remédio inclusive corticóides para poder seguir minha vida normal até que fique livre por completo. Existem casos que a pessoa desenvolve doenças crônicas permanentes e precisam ou aprender a viver com as dores ou passar a vida tomando remédios. Estou no 32°dia e espero logo não precisar de medicamentos mais. Sou moradora do bairro ideal, e está infestado, vários vizinhos da rua e de outras ruas pegaram dengue ou chicungunya, meu marido, meu filho de 6 anos, mas ficaram mais leve. Estamos correndo risco. A galeria está com pouca água e se formam pequenas poças e isso é um prato cheio pro mosquito. Espero que a prefeitura tome providências quanto a isso, pq até pra ir no posto de saúde tá complicado. Tudo lotado, posto, upa, hospital municipal...”