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13 de fevereiro, de 2023 | 17:00

Edital Quarta Preta apoia a presença de negros nas artes e no empreendedorismo

Gustavo Nascimento
Edital fortalece e democratiza a produção protagonizada por negros na regiãoEdital fortalece e democratiza a produção protagonizada por negros na região
Um novo edital destinado a promover a valorização, o fortalecimento e a democratização das artes e do empreendedorismo protagonizados por negros no Vale do Aço está recebendo propostas. Trata-se da 1ª edição do projeto e movimento “Quarta Preta” (@quartapretavda), desenvolvido por meio de parcerias entre os coletivos Movimento Negro do Vale do Aço (@coletivonegrovda), Negrume Teatro (@ negrumeteatro) e Ecoar - Espaço Cultural Oficio e Arte (@ecoarcultural).

O Quarta Preta foi idealizado, de acordo com o grupo, “objetivando fomentar a produção artística e incentivar a pesquisa de linguagens com estética afrodiaspórica; e de dramaturgias do som, da palavra e do corpo e do tempo, a partir da ancestralidade e da racialidade. Tem por proposito, resgatar um movimento de estudo, pesquisa e reflexão sobre o que a negritude artística do Vale do Aço - os veteranos, os jovens e os estudantes de teatro, dança, música e de outras encruzilhadas artísticas, que vêm pesquisando e discutindo para as cenas negras”.

Fotos: Divulgação
Martí Lima: representante do EcoarMartí Lima: representante do Ecoar
Matí Lima, representante do Ecoar, afirma que a iniciativa “é um espaço para a prática da arte, para a reorganização e a criação de vínculos entre diversos artistas. É um lugar para pensar a arte negra contemporânea, lembrando que a mesma tem um passado e uma história. É uma oportunidade para reafirmarmos nosso lugar como potência”. Segundo o produtor, a arte negra no Vale do Aço acontece de forma espaçada, tem um trabalho ali, depois de um tempo outro acolá, “e na maioria das vezes quando um corpo negro está em cena, este/a artista não está na cadeia geracional e no lugar de protagonista do projeto”.

“O Vale do Aço é uma regional nova, que ainda mantém um pensamento colonial. O corpo negro é o corpo ‘outro’, enquanto o corpo branco é universal e tem permissão para fazer tudo o que desejar e estar em todos os lugares, inclusive se apropriar das nossas subjetividades e de nossa cultura. O Quarta Preta veio para reunir vários tipos de artistas e de trabalhos para a cena e o empreendedorismo; o que consideramos ser um agrupamento, um quilombo artístico urbano”, avalia.

O Edital apresenta duas linhas de ações: uma voltada para atores, atrizes, músicos e demais áreas em cena; outra, para empreendedores culturais, de arte, culinária e memória. Poderão se inscrever artistas e empreendedores a partir de 16 anos de idade. As inscrições são gratuitas e encerram dia 20 de fevereiro, às 23h59. Para acessar o Edital e o formulário de inscrição e seus anexos, basta acessar https://linktr.ee/QUARTAPRETA.

Gustavo Nascimento: do Negrume TeatroGustavo Nascimento: do Negrume Teatro
Fazer artístico
Para Gustavo Nascimento, do coletivo Negrume Teatro, ter um espaço para pensar o fazer artístico na região “é um avanço no tempo em que vivemos”. “Não há nada de mais potente nas artes do que os movimentos de aquilombamentos das expressões artísticas negras ao redor do mundo. Nosso povo sempre precisou se ater ao passado ou à urgência do presente, seja pela necessidade de ressignificar o agora, seja por sobrevivência, mesmo; pensar a estética afro-diaspórica é pensar o afro-futurismo, e para nós, pessoas pretas, há algo mágico e religioso em confabular futuros”, justifica.

O Quarta Preta está integrado ao movimento nacional, pautado no trabalho iniciado em 1944 pelo Teatro Experimental do Negro (TEM), no Rio de Janeiro, e que vem ocupando diversas cidades brasileiras em diversos projetos, como o Cena Tá Preta,em Salvador/BA, o Segunda Preta, em Belo Horizonte/MG, o Segundas Crespas, em São Paulo/SP, e o Segunda Black, no Rio de Janeiro/RJ.

Dani Adestino: Negro do Vale do AçoDani Adestino: Negro do Vale do Aço
Dani Adestino, do coletivo Negro do Vale do Aço, destaca a proposta do Quarta Preta “nasce do anseio de libertação das amarras coloniais que, ao longo da história, colocou nosso povo na margem da sociedade”. A agente cultural acredita que o edital será um marco regional. “Com esse evento, vamos celebrar nossas existências, potencializar nosso fazer artístico e reconstruir novas perspectivas sobre ele, como forma de combate ao racismo e, também, de promoção da nossa cultura e resgate da nossa ancestralidade”, finaliza. Dúvidas, esclarecimentos e informações podem ser adquiridas no e-mail [email protected].
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