12 de fevereiro, de 2023 | 07:00
Curta Vitória a Minas grava em cenário na zona rural de Ipatinga
Uma casa espaçosa de paredes brancas, portas e janelas de madeira pintadas de azul abrigou o primeiro dia de gravação da ficção Santa Cruz”, que tem roteiro, produção e direção da artista visual Rita Bordone, moradora de Ipatinga. O filme é um dos dez que estão sendo produzidos por iniciativa do projeto Curta Vitória a Minas, que está em sua segunda edição e percorre municípios no entorno da Estrada de Ferro Vitória a Minas.Situada no bairro Tribuna, próximo ao distrito de Barra Alegre, na zona rural de Ipatinga, a residência cedida com generosidade pelo casal Eva Maria de Oliveira e José Osvaldo de Oliveira guarda características dos antigos casarões interioranos. Para recriar o tempo da infância da protagonista, a direção de arte deu mais alguns retoques nos ambientes internos com a troca e a organização da mobília e dos objetos de cena.
Os sons vindos dos bichos no quintal, da mata no entorno e os ruídos da água corrente do moinho próximo à casa ajudaram a compor a paisagem sonora para a história. A escolha da residência é um reconhecimento aos anos de dedicação da Dona Eva à alfabetização de várias gerações de estudantes da comunidade.
Dona Eva foi uma grande professora da zona rural. Ao lado da casa dela existe um cômodo aonde funcionou a primeira escola municipal rural de Ipatinga. Neste local, ela foi professora, diretora e se aposentou no magistério. Quando conheci a casa, eu enxerguei nela um significado especial por acolher essa professora, essa mãe, que ajudou e ajuda muito as crianças. Todo esse afeto, cultura e cuidado tinha muito a ver com a história que eu queria contar para homenagear a minha mãe. Eu queria também homenagear essa senhora que foi uma grande mãe e professora durante os anos de vida na escola”, destaca Rita.
A ficção resgata o encantamento de uma menina de 11 anos pelo ritual católico de celebração da Santa Cruz. Todo ano, próximo ao mês de maio, Dona Totinha enfeitava com papel de seda colorido as cruzes de madeira que seriam penduradas em portas e janelas da casa em sinal de gratidão a Maria. O gesto também entregava um pedido de proteção contra o mal, as adversidades e os infortúnios da existência. Rita acompanhava com atenção cada pequeno gesto da mãe na preparação das cruzes que, na imaginação da menina, subiam aos céus para encontrar a Virgem Maria.
Durante a pré-produção, a diretora abraçou com entusiasmo as tarefas, entre elas, selecionar o elenco, identificar a locação e preparar os elementos para compor as cenas em homenagem à sua saudosa mãe. Ela mesma construiu as cruzes usadas em cena. Especializada em impressão têxtil botânica, a artista visual também estampou a partir da técnica de tingimento natural o vestido usado pela atriz Luzia Di Resende, que foi escolhida para interpretar Dona Totinha. A pequena Rita é interpretada pela sobrinha Mariana e o irmão Danil pelo sobrinho Antony. O elenco é integrado ainda pelos adolescentes Catarina e Kaíque, moradores convidados.
Mesmo com tudo organizado e planejado, esse período antes da gravação deixou a diretora ansiosa frente aos desafios de comandar uma obra audiovisual. Eu estava um pouco apreensiva e ansiosa. Era tudo muito novo ter que coordenar e dirigir, mas eu fiquei segura assim que começou por causa da equipe que está comigo nas filmagens. É uma equipe maravilhosa, competente, que está me deixando muito à vontade”, relata a diretora. As gravações começaram às 9h e terminaram às 21h.
O clima no set envolveu muita colaboração e interação. Todos os participantes davam a sua opinião e todas elas eram bem resolvidas e aceitas. Cada solução que a gente encontrava foi maravilhosa. Todos participaram e se divertiram”, conta Rita. As filmagens ocorreram de quarta (8) a sexta-feira (10).
Selecionadas
Santa Cruz” é uma das dez histórias selecionadas pelo Curta Vitória a Minas II em municípios mineiros e capixabas que se desenvolveram no entorno da Estrada de Ferro Vitória a Minas. A segunda edição transformará em filmes histórias vindas de Ibiraçu, João Neiva, Baixo Guandu e Colatina, no Espírito Santo, e de Aimorés, Coronel Fabriciano, Ipatinga, Naque e Nova Era, em Minas Gerais. O projeto é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e conta com a realização do Instituto Marlin Azul e do Ministério da Cultura.
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