27 de dezembro, de 2022 | 14:00
Terrorismo brasileiro, um triste legado
Carlos Alberto da Costa *
Os atos violentos ocorridos no dia 12, em Brasília, quando manifestantes bolsonaristas tentaram invadir a delegacia da Polícia Federal para libertar um indígena manifestante financiado por um fazendeiro foi um ato terrorista, por mais que alguns setores da imprensa e do governo resista em aceitar essa classificação.Os atos do dia 12, por si, deveriam ter acendido o alerta amarelo para a ameaça à qual passamos a ser submetidos depois de quatro anos de proselitismo do ódio ao que pensa diferente, de fake news com ameaças que só existem no imaginário daqueles que sofrem da dissonância cognitiva.
Agora, um empresário paraense está preso em Brasília depois de ser apanhado em uma tentativa de acionar um explosivo instalado em um caminhão-tanque com 63 mil litros de querosene de aviação. Caso o intento tivesse dado certo e peritos já confirmaram que tentaram acionar o dispositivo eletrônico que falhou e não explodiu seria o maior atentado terrorista da história do país, com consequências inimagináveis.
Com esse episódio ninguém mais pode ter dúvida que a seita bolsonarista legou ao país a praga do terrorismo doméstico. A Polícia Civil do Distrito Federal, que agiu rápido para encontrar o empresário paraense responsável pelo explosivo, divulgou no domingo (25/12) que o homem estava acampado em frente ao QG do Exército, em Brasília, com outros patriotas” que contestam o resultado da eleição presidencial no segundo turno. O homem tem registro de Caçador, Atirador e Colecionador (CAC) e com ele foi recolhido um arsenal contendo armas e munições irregulares. O homem também confessou que tinha intenção de cometer um crime no aeroporto, com objetivo de chamar atenção para o movimento a favor do presidente Jair Bolsonaro.
Em resumo, se isso não é ação terrorista, nada mais será. Mais uma vez, o bolsonarismo copia o pior dos Estados Unidos. Desde a invasão do Capitólio, em janeiro de 2021, em Washington, empreendida por militantes trumpistas que não aceitaram a eleição do democrata John Biden, as autoridades dos Estados Unidos passaram a ficar alertas contra o terrorismo doméstico. Há oito meses, a Câmara dos Deputados de lá aprovou uma lei que reforça os dispositivos de combate a esse tipo de crime.
Mesmo assim, os casos aumentaram, a ponto de serem considerados pelas autoridades estadunidenses como o maior problema de segurança do país hoje. Tudo a ver com o bolsonarismo, que, como o trumpismo, tem entre seus gurus o criminoso Steve Bannon. Baseado desde o início no discurso de ódio, o projeto político de Bolsonaro, gestado por muitos militares da reserva e da ativa das Forças Armadas, enxerga o adversário político como um inimigo a ser exterminado.
A desumanização do oponente, a produção em larga escala de mentiras que levam pessoas desinformadas a temer a falsa ameaça do comunismo ou de uma tal "ideologia de gênero", o culto às armas e a liberação das restrições à posse e porte, tudo isso trouxe o país ao estágio em que está hoje. Que os militares, políticos, jornalistas, empresários e demais cidadãos que apoiam essa escalada de insanidade tenham a consciência de que são cúmplices de um movimento que não alcançará o objetivo de derrotar a democracia, mas, se continuar como vai, pode até mesmo custar a vida de alguns brasileiros.
É inadmissível que as pessoas, em sã consciência que vivem de evocar o Deus, Pátria e Família”, aceitem um ato que poderia ter custado a vida de dezenas, centenas de pessoas à véspera do Natal.
* Professor aposentado
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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Jose do Carmo Torres da Silva
28 de dezembro, 2022 | 12:26Vejamos...
Um "bolsonarista" fazendo algo de errado é pego... Confessa rapidamente? Tipo: "Sim, sou eu. Fiz por ser bolsonarista"... Rsssss... E os atos do dia 12??? Onde estão os presos??? Fizeram na rua. Estavam lá. Só prender. Prenderam? Não né? Por que? Se a polícia de Brasília foi tão competente para prender o cara da "bomba", por que não prendeu os caras dos atos do dia 12?”
Gildázio Garcia Vitor
28 de dezembro, 2022 | 10:12Caro Professor, o lema dos Integralistas: Deus, Pátria e Família, sempre foi utilizado para o Mal.
O Grande Poeta Thiago de Mello, em seu maravilhoso Poema, "Noturno do Paraná do Ramos", definiu muito bem o significado desse lema no pré e pós-1964.
[ ... ]
"Foi quando a grande besta levantou-se
com os números da traição na testa
e na fronte do povo derramou
o fedor de seu hálito de trevas.
De suas fauces viscosas
escorriam sentenças
(algumas com sotaque inconfundível)
proferidas em nome de DEUS
(para que o amor pudesse ser negado)
em nome da FAMÍLIA
(para que as casas se dividissem)
e em nome da PÁTRIA
(para que o país pudesse ser empenhado
e para que fosse vendido o nosso sonho).
Por isso, meu amor, somos quem somos.
[ ... ]
Com mãos encardidas,
olhos manchados,
sobrevivemos.
Resguardarmos o rumo e a esperança.
No caminho do amor ninguém se cansa,
porque se aprende a olhar de frente o sol".
(Primavera de 1980)
Em memória do meu Companheiro, de lutas e de sonhos, na Política e na Educação, o também Poeta-Professor Francisvaldo.”
Gildázio Garcia Vitor
28 de dezembro, 2022 | 09:49Triste e explosivo legado!”