18 de dezembro, de 2022 | 06:00
Escravizada que escreveu livro será enredo de escola de samba
Léo Bicalho/Secult-MG
Minas faz parte do samba: o secretário da Secult se reuniu com a direção da escola carioca
Rosa Maria Egipcíaca” é o título do enredo que a Unidos do Viradouro levará ao Sambódromo do Rio no desfile do próximo carnaval 2023. Para buscar o campeonato, a escola escolheu mostrar a história dessa mulher apontada como a primeira afro-brasileira a escrever um livro no Brasil, que foi escravizada, meretriz, beata e feiticeira.Minas faz parte do samba: o secretário da Secult se reuniu com a direção da escola carioca
A história de Rosa Maria dialoga diretamente com a memória de Minas Gerais, onde a mulher viveu no período pré-Inconfidência, entre Vila Rica (Ouro Preto), Mariana e São João del-Rei. Parte dos 46 anos de vida de Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz ou Rosa Courana, nascida no Golfo do Benin, na África, em 1719, será mostrada, na Marquês de Sapucaí, pela agremiação da cidade de Niterói, com 2.500 componentes, divididos em 23 alas.
Pesquisa detalhada
A pesquisa de elaboração do enredo, que tem como objetivo levar ao conhecimento do público a saga dessa personagem rica, marcante e pouco conhecida, foi feita pelo carnavalesco Tarcísio Zanon e pelo jornalista e escritor João Gustavo Melo, a partir do livro Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana no Brasil”, de Luiz Mott, antropólogo e historiador.
Divulgação
A primeira afro-brasileira a escrever um livro no Brasil viveu em Minas no período pré-Inconfiência
Em busca de detalhes que pudessem enriquecer o conteúdo e as referências visuais para a criação de fantasias e alegorias do desfile, Tarcísio Zanon percorreu pontos do Rio de Janeiro, onde Rosa chegou aos seis anos de idade e viveu por duas décadas. O carnavalesco, com sua equipe, também visitou as cidades históricas de Minas Gerais, para pesquisa de campo.A primeira afro-brasileira a escrever um livro no Brasil viveu em Minas no período pré-Inconfiência
Rosa esteve nas cidades mineiras, onde foi escrava de ganho e prostituta. Quando virou beata, passou a frequentar as igrejas daquela região. Nossa ida a Minas foi bastante proveitosa, não só para pesquisa de texto, mas para reunirmos referências em relação à parte plástica”, revela o carnavalesco.
A Viradouro vai encerrar o espetáculo do Grupo Especial das escolas de samba cariocas em 2023. Será a última escola do desfile de segunda-feira de carnaval. Entre destaques, vale ressaltar que o enredo também fará abordagem sobre o sertão de Guimarães Rosa e a campanha A Liberdade Mora em Minas”.
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