17 de dezembro, de 2022 | 09:12

Utilização de câmeras por policias veio para ficar, avalia especialista em segurança pública

O sociólogo Luis Flávio Sapori aponta ganhos para a população mineira e para a Polícia Militar com a chegada da tecnologia

As 1.040 câmeras destinadas ao fardamento dos policiais militares já estão em funcionamento em todas as regiões do estado. O equipamento, que fica inserido na parte frontal da vestimenta utilizada pelos PMs, tem acesso à internet, capacidade de filmar, fotografar, transmitir imagens em tempo real e oferecer a localização dos policiais por georreferenciamento. A novidade veio com a promessa de trazer transparência e resguardo aos militares, assim como contribuir com o serviço de segurança prestado à população mineira.

Em entrevista ao Diário do Aço, o sociólogo Luis Flávio Sapori, que é especialista em segurança pública e coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em Segurança Pública (Cepesp) da PUC Minas, avaliou de forma positiva o investimento feito pelo governo do Estado no projeto. “Não há dúvida que é um bom investimento, o retorno é maior do que o custo do envolvido”, afirmou.

Trabalho policial

No entendimento de Sapori, as câmeras vão contribuir de forma significativa para o trabalho da PM. Para ele, o equipamento dará maior garantia ao policial que está nas ruas, principalmente diante de denúncias equivocadas. “Para supostas denúncias vazias, que acontecem no dia a dia do policial militar na sua atuação operacional, que muitas vezes tem que fazer uso da força física, da arma de fogo. E muitas vezes esse uso é mal interpretado ou denunciado equivocadamente, as imagens das câmeras vão permitir uma defesa, uma integridade maior ao trabalho policial”, explicou.

O especialista em segurança pública acredita que a presença da câmera também provocará certa reflexão aos profissionais que usam indevidamente da força física. “Aqueles ‘maus policiais’, aqueles que fazem uso indevido da força física, prevista em lei, o uso indevido da arma de fogo, esses vão ter que pensar dez vezes antes de agirem de forma ilegal, de forma equivocada”.

População

A população mineira também sentirá os reflexos da novidade. O sociólogo espera, inclusive, uma redução no número de casos de abuso de poder. “Nós vamos ter policias mais equilibrados, mais sensatos, menos emocionais e menos intempestivos no uso da arma de fogo no dia a dia, ou da força física”, disse. No julgamento de Sapori, será um ganho. “A população, de maneira geral, vai ganhar muito com essa maior transparência, essa maior visibilidade, esse maior controle da atuação operacional da polícia”.

Tendência

O coordenador do Cepesp informou também que o uso de câmeras está se tornando uma rotina das polícias mundo a fora. “É uma tendência das últimas décadas. Não há como fugir disso, a tecnologia tem que ser usada em todas as esferas da sociedade”.


O especialista defende que tecnologia deve ser utilizada de forma sensata e equilibrada e para melhorar o trabalho da segurança pública. Para ele, este é um caminho que não tem volta. “Os mais resistentes, os policiais mais recalcitrantes, por mais que eles possam resistir a isso, mas com o tempo essa tecnologia vai se tornar hegemônica, em âmbito nacional”, pontuou.

A expectativa de Sapori é que o governo de Minas Gerais, nos próximos anos, aumente o número de policiais que fazem o uso das câmeras. “Por enquanto é um número muito limitado, muito restrito em algumas cidades. A minha expectativa é que ao longo dos próximos quatro anos isso possa ser expandido e universalizado para todos os policiais de Minas Gerais, em todas as cidades. É uma tecnologia que veio para ficar”, concluiu.

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