04 de dezembro, de 2022 | 10:30

Neurocirurgião mineiro espera melhorias e avanços para a área da saúde com a chegada do 5G

A nova geração de internet móvel, conhecida como 5G, já presente em todas as capitais do país, deve trazer melhorias para o setor da saúde. Quem explicou os impactos positivos da instalação da tecnologia para a medicina, em entrevista ao Diário do Aço, foi o neurocirurgião mineiro e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), Felipe Mendes. As expectativas, segundo ele, são as melhores.

“Espera-se que, a partir dele (5G), a gente consiga desenvolver mais tecnologias que ficavam, de certa forma, um pouco limitadas, pela dificuldade, falha no fornecimento de uma internet que tivesse um tipo de navegação mais rápida. Não no sentido de ter uma velocidade a mais, mas no sentido de a latência ser baixa”, disse o médico.

Cirurgia à distância
Felipe Mendes relata que a “revolução” gerada pelo 5G deve permitir a realização de cirurgias à distância, o que atualmente, segundo ele, é impossível. “Hoje é impossível realizar um procedimento cirúrgico, a parte operacional mesmo, à distância. Por exemplo, dentro de uma cirurgia robótica, o cirurgião fica operando o robô, mas dentro da mesma sala cirúrgica em que se encontra o paciente”.

Com o 5G isso pode mudar. “Espera-se que seja possível que uma equipe monte estrutura, sala, receba o paciente e o cirurgião fique numa estação à distância e que após a outra equipe cirúrgica fizer a inserção dos mecanismos necessários para o funcionamento do robô, essa pessoa à distância consiga operar”, detalhou.

Dessa forma, um especialista em determinado tipo de doença, que esteja fora do país, poderia participar do procedimento. “Às vezes seria possível uma combinação de equipes, com uma equipe de um país e a equipe de outro, para que eles consigam entregar um resultado melhor para os pacientes”, indicou.

Outros avanços
O neurocirurgião acredita que a nova geração de internet móvel deve ampliar, ainda mais, a possibilidade das teleconsultas e de teleatendimentos. “Lugares que hoje apresentam uma restrição de localização e de conectividade, com o 5G a gente espera que isso possa ser uma barreira a ser superada”, apontou o médico. Facilitando, inclusive, o acesso da população a alguns especialistas.

“Muitos lugares onde o acesso a algum especialista, como por exemplo o neurocirurgião, é mais rara. Às vezes com isso a gente consegue fazer organizações de centros que façam essa intermediação entre o atendimento primário com o clínico, junto com um neurocirurgião que se encontra numa capital”.

Um outro recurso apontado por Felipe Mendes com a instalação do 5G é a conectividade entre objetos, instrumentos e aparelhos. “A gente fala que é a ‘internet de tudo’, a ‘internet das coisas’. A partir disso, os aparelhos vão conseguir conversar melhor entre si”.

Obstáculos e barreiras
Por fim, o neurocirurgião fez algumas considerações acerca dos obstáculos e barreiras que devem ser superados para garantir que toda a população brasileira tenha acesso aos recursos do 5G. “Sabe-se que, infelizmente, nem todos têm acesso às tecnologias mais novas. Que em muitos lugares hoje já existe o 5G, mas em outros lugares a gente ainda não tem uma internet adequada”, analisou.

A sugestão do médico é de que a nova tecnologia seja levada de forma ampla e universal ao maior número possível de pessoas. “Pois dessa forma, a gente consegue garantir que esse recurso realmente vai causar um impacto maior e transformador na vida das pessoas”, concluiu.