29 de novembro, de 2022 | 15:00
Pensamentos De Mineira...
Nena de Castro *
Sem querer ofender ninguém, digo e repito que ser mineiro é um must, é uma belezura, é um trem de doido, é ser brasileiro inté a raiz da alma. Que nem nóis, só os nordestinos, aquele povo bão e sofrido, que dá a volta por cima e sai adiante. De certa feita, num programa de TV apresentado à tarde, ouvi Gilberto Gil dizer: quando vou ao Rio de Janeiro, eu me sinto no mundo; quando vou à Bahia, eu me sinto na África; quando vou à Minas, eu me sinto no BRASIL! Posé, nossa terra tem uma mistura rica de gente, queijim, rapadura e Drummond, Adélia Prado e Conceição Evaristo, Milton Nascimento, citando só alguns, porque tem muito mais. E mineiro, por mais ilustre que seja, sempre tem aquele jeito de caipira, aquela fala mansa, aquele gosto de pão de queijo na boca, êta ferro! E o nosso fabuloso UAI, que ninguém sabe explicar de onde veio, embora tentem associá-lo à Conjuração Mineira ou a uns ingleses que andaram pelo Vale do Jequitinhonha explorando ouro, mas ninguém sabe ao certo? Você pode exprimir perguntas, espanto, indignação dizendo: UAI? UAI. UAI! E daí a comunicação se faz, a não ser que o ouvinte seja estrangeiro de outros estados”. Pois nóis é chique dimais e nosso modo de falar é um trem de doido. Prestenção nessa fala: antonte, porinzempu, eu me alembrei dos aribus que ficavam apousado nas cerca, isperano as carniça. E ieu gostava memo era de comê berdoega, enquanto mamãe fazia o dicumê. E ieu chupei muita bala doce, assim chamada, mode diferençá das bala azeda, ou seja, de arma-de-fogo”.E mineiro, por mais ilustre que
seja, sempre tem aquele jeito
de caipira, aquela fala mansa”
E entre nossas delícias, como o francoquiabo e angu, ora-pro-nobis refogadim, tutu e abobra, temos também a armonca (almôndega) que é muito priciada. E vem o causo do matuto de Itambacuri que desceu do ônibus numa parada de beira de estrada, morto de fome, entrou num boteco e pediu: ô moço, me dá uma armonca dessa? O vendeiro, abanou a travessa, espantando milhares de moscas que ali jaziam e respondeu: né armonca, não seu besta... é ovo cozido!!! Pois mineiro bom gosta de frege, toma garapa, anda de furreca, compra frizete pra muié pô no cabelo, tem mula fujã e gosta de friage no pauzin, que vem a ser picolé. E elogia assim; O fidumaégua do padre até que feiz um sermão bunito!” Posé, mineiro explica tudo com olhar de quem vê suas montanhas silentes e sábias adentrarem os tempos em sólida confiança de que tudo há de se arrumar.
Assim esperamos, pois temos tido dias tão maus, com as viúvas do Inominável dando ultimato para as Forças Armadas perpetrarem um golpe. E o ódio se espalhando, resultando em tanta coisa ruim, em tiros nas escolas, em professoras e alunos mortos.
A agressão a Gilberto Gil no Catar, o desrespeito aos brasileiros que não comungam com o credo dos Bolsominions dos Últimos Dias”, que querem sangue a todo custo, que insanidade. A cada dia eles se tornam mais virulentos, patéticos-perigosos-personagens de uma parte da História que buscam reescrever a ferro e fogo! Queremos paz, progresso e vida que se conquista no dia a dia, com trabalho e coragem. Não sei você leitor, mas ando cansada, relepada e espadongada com tanta estupidez. E nada mais digo, ara!
* Escritora e encantadora de histórias
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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