
11 de novembro, de 2022 | 15:00
E agora, José? A eleição acabou e a urna venceu
Marcelo Aith *
Motivo de grandes manifestações pelo país, com o fechamento de estradas e vias essenciais por apoiadores do atual Presidente da República, Jair Bolsonaro, a lisura das eleições do 2022 foi confirmada por três importantes documentos, nos últimos dias: os relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU), do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) e, o mais importante, o relatório final do Ministério da Defesa. Mais importante pelo risco teria à democracia caso uma palavra mal colocada foi emprega no texto. Todas essas auditorias, que fiscalizaram o pleito do dia 30 de outubro, não encontraram quaisquer divergências consumadas nos boletins das urnas eletrônicas (embora o da defesa aponte sugestões para evitar questionamentos).Assim, todos os ataques sobre as ferramentas e sistemas das eleições no país naufragaram. A narrativa que questionava o pleito, encabeçada pelo presidente e candidato derrotado à reeleição, Jair Bolsonaro, foi sepultada. Principalmente, após o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, encaminhar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o relatório de fiscalização do processo de votação que não apontou nenhuma fraude eleitoral consumada e reconheceu que os boletins de urnas e os resultados divulgados pelo tribunal são idênticos.
Esses boletins são impressos pelos mesários após o encerramento da votação e afixado na porta da seção eleitoral. O documento contém o número de votos por candidato, nulos, brancos e dados sobre o equipamento de votação. E além do Ministério da Defesa, o TCU e a OAB Federal, também no papel de fiscais do processo democrático eleitoral, não encontraram nenhum tipo de alterações ou divergência.
Vale ressaltar que o TCU, em sua análise, destacou que a atuação no trabalho de auditoria das urnas objetiva garantir a confiabilidade das informações públicas repassadas à sociedade.
Na prática, não estão dando o braço a
torcer sobre a transparência da eleição”
Já o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, José Alberto Simonetti, entregou um ofício ao TSE, produzido pela Comissão Especial de Direito Eleitoral da OAB, que reforçou a confiança da entidade no sistema eletrônico de votação. No documento, o presidente da OAB frisou que Evidenciou-se, ao contrário, a postura transparente da Justiça Eleitoral na preservação da lisura e da segurança”. Ou seja, deixando cristalino que as eleições transcorreram sem qualquer mácula e com grande transparência.
E o relatório produzido pela Defesa, com participação das Forças Armadas, foi a pá de cal nas manifestações sobre a falta de lisura nas eleições brasileiras. Entretanto, apesar de reconhecer que o pleito ocorreu sem nenhuma evidência ou indício de fraude que possa ter surtido efeito real na votação para o cargo maior do país, os militares fizeram críticas pontuais no sistema de avaliação e fiscalização completa do processo eleitoral. Ou seja, eles não colocaram o sistema atual na parede, mas também não atestam a sua integridade em 100%.
Em uma parte do relatório, os militares avaliaram que por conta da complexidade do sistema, da falta de esclarecimentos técnicos, de acesso a programas e bibliotecas, "não foi possível fiscalizar o sistema completamente, o que demanda a adoção de melhorias no sentido de propiciar a sua inspeção e a análise completas".
Na prática, não estão dando o braço a torcer sobre a transparência da eleição, uma vez que o código fonte ficou à disposição das autoridades públicas e dos partidos por meses. Oxalá que essa afirmação do Ministério da Defesa em vez de acalmar os ânimos, não sirva para incentivar mais atentados à democracia.
Os apoiadores do presidente, quando exaltam e pedem a intervenção militar na porta dos quartéis, não podem se esquecer que estão a incorrer nos crimes previstos nos artigos 359-L e 359-M, ambos do Código Penal, na medida em que buscam com a tomada do poder pelas Forças Armadas à abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art.359-L), com a imposição de Golpe de Estado (Art. 359-M). Que os relatórios apresentados ao presidente do TSE, que confirmam a lisura das urnas e das eleições, acalmem os revoltosos e a paz volte a reinar, minimamente, no país.
* Advogado, latin legum magister (LL.M) em Direito Penal Econômico pelo Instituto Brasileiro de Ensino e Pesquisa IDP, especialista em Blanqueo de Capitales pela Universidade de Salamanca, mestrando em Direito Penal pela PUC-SP, e presidente da Comissão Estadual de Direito Penal Econômico da ABRACRIM-SP
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Gildázio Garcia Vitor
12 de novembro, 2022 | 07:11Por enquanto, não é "a urna que venceu". É a Democracia, ou melhor, é o Estado Democrático (e) de Direito que está vencendo. Apesar dos atos/manifestações/movimentos antidemocráticos e/ou golpistas, inclusive em Ipatinga e apesar das chuvas. Anteontem, em Brasília, tiveram que clamar muito pelos deuses em que acreditam, só por causa de uma ventinho.”