30 de outubro, de 2022 | 17:00

Agente da PRF comemora no Whatsapp bloqueio a eleitores de Lula

Foi identificado como o policial rodoviário federal Adalberto Alfredo Schumann, lotado em Brasília, o agente que na tarde deste domingo postou em um grupo de WhatsApp, formado por colegas de trabalho, uma selfie dele próprio sorrindo com a seguinte legenda: “Ó a cara de alguém que tá preocupado com as determinações do ministro..".


Ele se referia à decisão tomada na noite de sábado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, que havia proibido qualquer operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) contra veículos usados no transporte público de eleitores pelo país.

Na sequência, Schumann escreveu mais. “Só cumprindo o cartão programa e correndo atrás dos eleitores do Lula q saíram do cercado para voltar e não conseguiram voltar…”

Cartão programa é como os policiais rodoviários denominam as diretrizes de policiamento para determinada data, vindas da cúpula da PRF. No caso de Schumann, que está lotado no Distrito Federal, a cúpula a que se refere é a superintendência da corporação do DF e do diretor-geral, Silvinei Vasques.

No sábado, Vasques publicou uma imagem de apoio a Bolsonaro no Instagram. Depois, apagou-a. Na madrugada deste domingo, Vasques encaminhou ofício a todas as superintendências da PRF dizendo que a decisão de Moraes “não impôs qualquer limite ao exercício da regular atividade fiscalizadora da Polícia Rodoviária Federal” e determinou o “fiel cumprimento” da operação.

Assim que Schumann mandou sua mensagem no WhatsApp, outro policial rodoviário federal, também lotado em Brasília, Ricardo Cardoso Dutra, reencaminhou em outro grupo a mensagem postada por uma terceira pessoa como resposta ao post de Schumann.

Diz o seguinte: “Vocês estão salvando o país. Minhas continências. Só fazendo o previsto e cumprindo a lei”. Era o contrário, claro: a determinação legal, vindo do TSE, proibia as operações para não prejudicar nenhum eleitor no cumprimento de sua vontade democrática.

Outro policial, Jeferson Espindola, piloto de helicópteros da PRF, cumprimentou Schumann: “Faça o que estiver previsto na lei, afinal o Xandão [Alexandre de Moraes] tá fazendo o que é previsto na lei. O jogo é para todos. Dentro das 4 linhas das suas atribuições, arrocha os incautos”.

Reportagem divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo revelou que, até as 12h35, a PRF havia feito neste domingo – 514 ações de fiscalização pelo Brasil, 70% a mais do que no primeiro turno das eleições, em 2 de outubro.

O jornal mostrou ainda que documento interno da corporação no Paraná orientou os policiais a abordarem veículos de transporte coletivo. “A fiscalização deverá ser focada nos veículos transportadores de passageiros, com o intuito de prevenir acidentes de trânsito nesse período que há um incremento de movimentação de passageiros, e de verificar possíveis crimes eleitorais, especialmente transporte irregular de passageiros ou dinheiro”, diz o documento.

No meio da tarde deste domingo, o jornalista Lauro Jardim, colunista de O Globo, informou que a ação da PRF em todo o país começou a ser articulada na noite de 19 de outubro, numa reunião no Palácio da Alvorada, em Brasília, com a alta cúpula da campanha da reeleição do presidente.

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