30 de outubro, de 2022 | 07:00

Novo formato

Fernando Rocha *

A Federação Mineira e os 12 clubes que vão disputar a 1ª Divisão do Campeonato Mineiro estiveram reunidos na última semana, quando, sob o pretexto de tornar a competição “mais atraente e rentável”, modificaram a fórmula de disputa tornando-a muito parecida com a do estadual de São Paulo, considerada muito complicada e uma das piores do país.

Os clubes foram divididos em 3 grupos com 4 times, que vão se enfrentar fora da sua chave em oito rodadas, classificando-se os três primeiros de cada uma delas para a fase semifinal, além do melhor segundo colocado geral.
O fato dos times se enfrentarem fora dos grupos será um dificultador a mais, pois vai aumentar despesas com viagens, sacrificando ainda mais os indigentes clubes do interior.

O Ipatinga está no Grupo C, ao lado do Cruzeiro, Tombense e Democrata/GV, mas por conta de ter que enfrentar clubes dos outros grupos, não irá se beneficiar em nada do fato desses adversários serem de cidades próximas.
Pelo menos uma boa notícia: a implantação do VAR em todos os jogos, o que vai contribuir para a diminuição das injustiças e reclamações quanto à atuação da arbitragem, sempre alvo de muita polêmica todos os anos.

Vai piorar

A maioria das opiniões que li, vi e ouvi a respeito das mudanças implementadas e que valerão a partir de 2023 no nosso estadual foram negativas, ou seja, o que era ruim pode piorar mais.

Continuaremos tendo jogos desinteressantes, nível técnico dos clubes do interior abaixo da crítica, prevalecendo o favoritismo absoluto dos três “grandes” da capital.

Enquanto não houver uma distribuição justa da verba da TV, que comtemple os clubes do interior com recursos suficientes para a montagem de suas equipes, exigindo-se de todos a manutenção de categorias de base visando a revelação de atletas, o Campeonato Mineiro continuará sendo um penduricalho no calendário do futebol nacional, servindo apenas para manter viva a casta de dirigentes que há décadas, de geração em geração, comanda a Federação Mineira e o nosso futebol tupiniquim.

FIM DE PAPO

· O Campeonato Mineiro/1ª Divisão terá início no dia 21 de janeiro e vai até 8 de abril de 2023. Serão agora 12 datas e a FMF estuda com as federações do Sul do país a volta da Copa Sul-Minas, a partir de 2024, quando termina o contrato com a Globo. O rebaixamento agora será decidido em um torneio triangular, onde os três piores times vão se enfrentar, o que certamente será mais um castigo para todos do que um benefício. O “Troféu Inconfidência”, outro apêndice do torneio, foi mantido e será disputado entre os times que ficarem do 5º ao 8º lugar.

· Oficialmente, os grupos ficaram definidos em sorteio da seguinte forma: Grupo A: Atlético, Athletic, Villa Nova e Pouso Alegre; Grupo B: América, Caldense, Patrocinense e Democrata-SL; Grupo C: Cruzeiro, Democrata-GV, Tombense e Ipatinga. Os jogos da semifinal serão em ida e volta e, para atender as 12 datas exigidas e compradas pela TV, a final não será mais em jogo único, mas sim também em duas partidas.

· Outra definição importante foi com relação aos gramados dos estádios do interior, cuja qualidade sempre é muito criticada. A Federação Mineira promete assumir os cuidados dos gramados, caso os clubes não entreguem os estádios em condições aptas a partir das primeiras vistorias, que começaram na semana passada. O problema é que alguns estádios, como o Ipatingão, pertencem ao município e não ao clube participante. Neste caso, para realizar qualquer intervenção no local, terá de pedir licença aos gestores municipais, além de contornar outras questões burocráticas sobre utilização de equipamento público.

· A meu juiz, o a fórmula ideal para o Campeonato Mineiro ocuparia apenas quatro datas. Bastaria dividir o estado em cinco regiões, onde se realizariam torneios classificatórios durante todo o ano, saindo cinco equipes para a decisão do título com Atlético, Cruzeiro e América. A partir daí, duas chaves de 4 times, que jogariam entre si na mesma chave, classificando-se os dois melhores de cada grupo para decidir o título em jogo único.

· Reconheço se tratar de uma utopia pensar que uma fórmula enxuta e simples como essa poderia um dia ser adotada, pois quem enxerga somente abaixo do próprio umbigo jamais pensaria no bem maior de todos. A conclusão é que as mudanças feitas no Campeonato Mineiro a partir do próximo ano em nada vão contribuir para melhorar o nível da disputa, que vai continuar desinteressante, deficitária, ou seja, vai levar do nada para o lugar nenhum. (Fecha o pano!)
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