05 de outubro, de 2022 | 09:40
Pimentel admite que teve dificuldade com folha de pagamento e afirma que Zema se beneficiou de liminar
Débora Anício
O ex-governador concedeu entrevista ao Diário do Aço, recentemente, quando passou pelo Vale do Aço

O ex-governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), esteve em Ipatinga durante a visita de Luiz Inácio Lula da Silva, do mesmo partido, quando concedeu entrevista ao Diário do Aço. Na ocasião, comentou sobre críticas direcionadas a sua gestão, vindas do atual gestor, Romeu Zema (Novo), que foi reeleito no domingo (2). O petista admitiu dificuldades com o vencimento dos servidores, mas afirmou que Zema também enfrentaria o mesmo cenário, caso não tivesse sido beneficiado com uma liminar conquistada no Supremo Tribunal Federal, para a suspensão do pagamento da dívida do estado com União.
Sobre as declarações de Zema contra Pimentel, citadas repetidas vezes em notícias veiculadas pelo jornal anteriormente, o petista aponta que há três anos e meio o atual governador ocupa o cargo e ele tem que dar conta do que ele fez ou deixou de fazer e não ficar remetendo ao passado. Para o ex-governador, o que Zema fala não tem mais atualidade. O governo dele tem dinheiro em caixa porque se beneficiou de uma liminar que obtive no final do meu mandato, que possibilita ao governador atual não pagar as prestações da dívida com a União e isso tem dado a ele uma economia no em torno de R$ 6 bilhões por ano, some-se a isso o aumento da arrecadação do ICMS, que é derivado não da competência tributária e fiscal do atual governo, mas sim dos preços abusivos da gasolina, das telecomunicações e da energia elétrica, que são os três itens que mais pesam na receita de ICMS”, afirmou.
Nesse cenário, acrescenta, o excesso de arrecadação e o não pagamento da dívida garantem dinheiro em caixa para o governador pagar os salários em dia. Eu também pagava, só que demorava mais tempo para pagar, e tirando isso ele não fez nada, absolutamente nada em três anos de governo. Fica aí disputando a eleição de 2018, mas nós estamos em 2022, acho estranho, para dizer o mínimo, essa atitude do atual governador”, avaliou.
Dívida
Para o ex-governador, apontar problemas de governos anteriores é um sinal de fragilidade. Destaca que herdou o estado com uma dívida imensa e com as contas totalmente desiquilibradas”, mas que constatou o fato nos primeiros três meses, fez um relatório, divulgou para a imprensa e daí para frente parou de falar no assunto. Fui cuidar de governar Minas. Com enorme dificuldade, pois governei no pior momento da República brasileira, com um golpe parlamentar contra a presidenta Dilma (Rousseff, PT), com a prisão do presidente Lula e uma perseguição judicial contra mim, que agora está desfeita, porque fui absolvido em todos os processos, mas não fiquei falando de passado e jogando a culpa nos outros”, frisa.
Ruínas
Questionado se de fato deixou o governo em ruínas, Pimentel aponta que se tivesse deixado, Zema não teria conseguido fazer o que fez. Que foi parar de pagar uma dívida usando liminar, que eu obtive. Quando eu saí, o estado funcionava perfeitamente bem, a polícia estava nas ruas, as estradas estavam conservadas, o que havia e sim, admito, era uma dificuldade com a folha de pagamento, o que persiste até hoje e ela só não se manifesta porque o governador não está pagando a dívida com a União, mas ao voltar agora para um segundo mandato, terá o mesmo problema que eu tive”, assegura.
Sobre a dívida de Minas junto à União, Fernando Pimentel enfatiza que é necessário separar a dívida total consolidada e a de curto prazo. Esta, quando eu saí do governo, era em torno de R$ 17 bilhões, não era um número tão absurdo. A dele (Zema) é de quase R$ 40 bilhões e a de longo prazo, que era em torno de R$ 110, 120, terá aumentado para em torno de 160 bilhões (ao fim dessa gestão), ele vai deixar o estado muito mais endividado do que encontrou quando eu saí do governo”, avalia.
Governo
Sobre governar um estado do tamanho de Minas Gerais, Fernando Pimentel concorda que de fato é um desafio, mas assegura que é possível, com trabalho, participação popular como eu fazia quando criei os fóruns regionais de governo. É um desafio que se revolve com uma boa equipe, que ele (Zema) não tem. Ou seja, eu acho que Minas Gerais perdeu três anos e meio, jogou fora três anos e meio, teve boa arrecadação, mas que não foi destinada para benefícios aos servidores públicos, pois não se paga o piso da educação; não se cumpriram acordos com a segurança pública e nem com a população, e estão aí as estradas em petição de miséria. E dinheiro em caixa tem, mas infelizmente governo nós não temos”, conclui.
2022
Na eleição de 2 de outubro, Pimentel concorreu ao cargo de deputado federal e obteve 37.009 votos e ficou como suplente. Já Zema foi reeleito governador com 6.094.136 votos.
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Tião Aranha
05 de outubro, 2022 | 17:42O episódio do desespero só vai finalizar no final do mês. No dia da eleição, com a virada dos mineiros na escolha do melhor. Conta outra história. Risos.”
Aberto
05 de outubro, 2022 | 10:13Pimentel não admitiu que foi péssimo e fraudulento gestor. Não conseguiu se eleger porque os mineiros sofreram com a incompetência e irresponsabilidade da sua gestao.”