PREF BELO ORIENTE FESTIVAL 728X90

05 de outubro, de 2022 | 13:00

Sabemos ouvir as urnas?

André Naves *

A Democracia é, como se sabe, o governo do povo. Dito em outras palavras, é a construção de políticas públicas de acordo com os desígnios da maioria, respeitada a dignidade das minorias, sempre com a finalidade de concretização dos Direitos Humanos. Esses não constituem a panaceia aparelhada por certos grupos políticos que tanto desgastam seu próprio conceito.

Na verdade, eles podem ser conceituados como a estruturação de iguais oportunidades, a partir das quais, mediante esforço individual, cada pessoa tem a livre oportunidade de desenvolver suas capacidades.

Importantíssimo, portanto, para o bom funcionamento democrático, que cada recado depositado nas urnas, na forma de votos, seja devidamente decifrado. O bom andamento democrático deita seus fundamentos, portanto, na decodificação da função comunicativa inerente a cada escolha eleitoral. Essa, assim, só poderá ser bem entendida por aqueles setores que se mantiverem relacionados à realidade popular, e nunca por aqueles que, descolados do contexto fático nacional, tentam impor agendas e ideologias importadas e pouco eficientes (ainda que, para esses grupos sociais, elas sejam altamente sedutoras).

“O recado foi nítido: não ao artificialismo de
narrativas impostas e contrárias aos afetos populares”


O povo não suporta a arrogância. O povo envia recados pelas urnas: cabe aos atores políticos de sucesso decifrá-los. Culpar o cidadão pelo “voto errado” é uma maneira confortável de ampliar a desconexão entre aqueles setores que se arvoram de iluminados e ilustrados e os setores realmente populares.

Vale lembrar que a vida cotidiana ocorre longe das mídias sociais, dominadas pelo “bom-mocismo de conveniências”, pelos “tribunais inquisitoriais da opinião pública” e pelo descolamento com a realidade.

O clamor proveniente das urnas foi claro: Nada sobre nós, sem nós, disseram os eleitores. Os cidadãos demandam ser atores ativos na construção de estruturas socialmente livres, inclusivas e justas, e não meros espectadores, passivos e tutelados por poucos iluminados, divorciados do contexto popular real. O recado foi nítido: não ao artificialismo de narrativas impostas e contrárias aos afetos populares.

Todo liame com a população deve estar firmemente vinculado ao mundo real e às dificuldades cotidianas. Os valores da Educação, Trabalho, Liberdade, Inclusão e Justiça devem ser concretizados à luz da comunicação democrática saída das urnas. Vale dizer que se o mundo político estiver, efetivamente, buscando a satisfação das demandas populares, ele deverá ter em mente que as reais políticas públicas inclusivas são originadas e oriundas da iniciativa privada.

Só com a escuta atenta de cada necessidade individual será possível a estruturação do desenvolvimento nacional livre, inclusivo e justo.

* Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Sociais. Escritor, professor e palestrante.

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Mak Solutions Mak 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Tião Aranha

05 de outubro, 2022 | 17:18

“Com certeza o que está em debate é a estruturação do sistema de desenvolvimento nacional livre onde pesa mais a atual situação econômica do povo, até agora ainda não debatida em nenhum dos planos dos dois atuais candidatos. Creio que a polarização política vai continuar mesmo depois da eleição.”

Envie seu Comentário