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01 de outubro, de 2022 | 23:02

Apenas uma reflexão

Jonair Cordeiro *


A eleição deste ano já é para mim, como observador, a mais violenta que tive oportunidade de assistir. Nos últimos dias, o volume de ofensas nas mídias sociais proliferou-se de maneira absurda. Mas não é só isso. Os fatos mostram que a chamada “festa da democracia” está se revestindo de luto nas famílias. E não são poucos ou isolados os casos.

Em Foz do Iguaçu (PR), há dois meses, um policial penal federal invadiu uma festa de aniversário, para a qual não foi convidado, não conhecia o aniversariante e matou-o a tiros. O motivo: A festa era alusiva a Lula. Em depoimento o policial assassino disse não se recordar de nada. Alegou amnésia.

Em Angra dos Reis (RJ), uma jovem de 19 anos foi agredida com um pedaço de madeira em uma suposta discussão política na sexta-feira (23/9). Ao site Poder360, a irmã da jovem atingida disse que a motivação foi política. À polícia, o homem apontado como agressor, afirma ter sido vítima de homofobia.

No estado do Mato Grosso, colegas de serviço discutiam política. Um deles, não satisfeito com o posicionamento político do outro, o mata a facadas.

Em Santa Catarina, apoiador de Lula mata apoiador de Bolsonaro. No Ceará, bolsonarista invade bar, pergunta quem ali votaria em Lula. Um frequentador do bar se apresentou e foi morto a facadas.

No mesmo Ceará, um motorista de candidata a deputada estadual foi morto. Dado o acirramento de ânimos, várias cidades daquele estado receberão reforço policial neste domingo (2).

Antes que digam, você não vai citar a tentativa de homicídio do então deputado Bolsonaro, hoje presidente não? Sim, vou. E o ato é deplorável. Quando se tenta matar um candidato a cargo eletivo, ou mesmo um político eleito, as vítimas são, mais que tudo, a sociedade e a democracia.

Isso tem que acabar. E precisa acabar já. E sim, eu penso que a violência tenha um lado preferencial. Quem prega o armamentismo, não fala em paz. Quem quer armar a população não quer paz. Quem prega a proliferação de armas e tem isso como mote de campanha, não quer apaziguar. Quer antes, um estado de beligerância tal, que já começa a se refletir nas pessoas que seguem, cegamente, seu líder.

Nos EUA, nas eleições de 2016 um caso retrata bem o perigo desta violência. Em março de 2016, um e-mail de John Podesta, coordenador de campanha de Hillary Clinton, foi alvo de um ataque de vírus. Em novembro o WikiLeaks divulgaria e-mails pessoais supostamente pertencentes a Podesta.

Os defensores da teoria conspiratória "Pizzagate" afirmam que os e-mails continham mensagens codificadas que relacionariam diversos restaurantes e altos servidores do Partido Democrata a uma suposta rede de tráfico de pessoas e pedofilia. Membros da Direita alternativa utilizaram redes como Twitter, 8Chan e 4chan para espalhar a conspiração.

O caso atingiu seu ponto máximo quando, em 4 de dezembro Edgar Welch, um fiel seguidor de Donald Trump e eleitor do Partido Republicano, entrou armado no Comet Ping Pong (uma pizzaria) disposto a resolver, por conta própria a parada.

Ele disparou três vezes, mas, por sorte, ninguém foi atingido. Imobilizado por policiais, seu maior choque foi chegar à prisão percebendo que não havia nada de errado com o estabelecimento.

Estamos próximos de decidir o país que queremos. O conspiracionista, que propala contra as urnas eletrônicas, fala em varrer pessoas do mapa, metralhar opositores, ou um, que com todos os defeitos que tem (e não são poucos) pode, pela via política, avançar rumo à civilidade institucional, à urbanidade entre concidadãos, tentar vencer os problemas naturais e artificiais que a democracia tem. Pense bem. Você é o dono do voto. E as urnas, sempre, são soberanas.

* Advogado e comunicador social
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Comentários

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Marcelo Costa G

02 de outubro, 2022 | 06:20

“Sem dúvidas, a campanha desse ano foi uma das piores, baixaria, zero propostas, muita mentira, até padre falso. O brasileiro não merece isso que está acontecendo.”

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