13 de setembro, de 2022 | 12:00
Os impactos da atualidade na saúde mental
Kalil Duailibi *
Nunca, em toda a história humana, falar sobre saúde mental e zelar por ela foi tão necessário e desafiador. Vivemos um período de excruciante rotina diária de trabalho, sem limites entre o início e fim do expediente, crise econômica, alto índice de desemprego, polarização, insônia, ansiedade, superexposição nas redes sociais, aumento do abuso de substâncias como o álcool e a maconha e, para fechar com chave de ouro, uma pandemia mundial. Não à toa, notamos uma explosão de novos casos de jovens com doenças mentais.Neste contexto, destaco a importância da campanha deste mês, a Setembro Amarelo. Criada pela Sociedade Brasileira de Psiquiatria em 2014, esta data tem o objetivo de relembrar a essencialidade do esforço conjunto da comunidade médica e da sociedade na luta contra o suicídio e contra o estigma que esta questão carrega muitas vezes, fazendo com que as pessoas deixem de buscar atendimento médico e tratamento psiquiátrico adequados logo aos primeiros sinais de que sua saúde mental não está bem. Segundo a OMS, em estudo publicado em 2019, 700 mil suicídios acontecem, anualmente, em todo o mundo se considerarmos a subnotificação, podemos facilmente estimar mais de 1 milhão de casos.
Vivemos um período de excruciante rotina
de trabalho, sem limites entre o início e fim do
expediente, crise econômica, alto índice de desemprego,
polarização, insônia, ansiedade, superexposição
nas redes sociais”
No Brasil, o registro é de cerca de 14 mil por ano 38 por dia! Embora os números estejam em queda na maior parte do mundo, aqui na América Latina eles não param de aumentar. E, em 90% dos casos, as pessoas apresentavam doenças mentais, muitas não diagnosticadas ou tratadas de forma errada.
É fundamental ampliar o acesso a tratamentos psiquiátricos e informação. Recentemente, o burnout foi incluído pela OMS na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Traduzida como síndrome ocupacional crônica, o burnout é uma condição mental relacionada ao trabalho. Em uma era acelerada como esta pela qual passamos, com uma redução consistente de direitos trabalhistas em todo o mundo em razão da crise econômica, as pessoas têm sofrido demais para atender aos prazos e às exigências de suas funções, que não param de crescer, além de terem que lidar com o estresse alheio.
Esses excessos impactam diretamente na qualidade de vida, nos cuidados com a saúde física e com a saúde mental que até pouco tempo atrás nem faziam parte da lista de prioridades de nenhuma organização. Mas o mundo evolui, e hoje as empresas e o mercado já perceberam que pessoas sem segurança psicológica não produzem da mesma forma e isso traz impacto econômico para qualquer negócio.
O acúmulo de trabalho é uma das situações negativas neste cenário. Mas há também outros estressores mentais, que podem inclusive levar a pensamentos suicidas ou ao próprio suicídio, como o assédio ou bullying, grandes mudanças (demissão, separação ou a perda de alguém querido, por exemplo), pequenas e repetitivas situações do cotidiano (o trânsito caótico das grandes cidades é uma ótima ilustração disso) e situações de tensão crônica, causadas por relacionamentos abusivos na vida pessoal ou no ambiente profissional. A sensação de desamparo e impotência frente aos estressores da vida, em todos os sentidos, é uma condição básica para a desesperança, que pode elevar o risco de suicídio.
Na verdade, a realidade humana, que evoluiu tanto até aqui, ainda precisa dar muitos passos em direção à valorização da saúde mental das pessoas. Não podemos deixar de lado as políticas públicas que auxiliam a população a ter acesso a tratamentos adequados quando se trata deste tema. Esse, sem dúvida, é o nosso papel enquanto comunidade médica e sociedade. Enquanto essa preocupação não for lugar-comum, ainda estaremos longe de não precisarmos de uma campanha como a Setembro Amarelo.
* Psiquiatra e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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Gildázio Garcia Vitor
14 de setembro, 2022 | 10:50Valeu Sr. Tião, sou fã dos seus comentários, inteligentes e, na maioria das vezes, divertidos. Obrigado!”
Tião Aranha
13 de setembro, 2022 | 22:36Eu de novo, Gildásio, vc estava certo: a planta correta de minha receita é Guiné; e não "Imbé", cf eu havia dito. Valeu a sua oportuna correção...”
Tião Aranha
13 de setembro, 2022 | 21:32Não, não tô brincando não, na verdade são quatro galhos. Depois que postei, foi que vi que errei na dosagem; mas valeu a sua correção. Esta planta é bom ter casa. Eu jamais brincaria com uma coisa tão séria. Risos.”
Gildázio Garcia Vitor
13 de setembro, 2022 | 19:04Sr. Tião Aranha, por favor, não brinque com coisa séria! Não sabia desse tal banho de imbé, e por que 4 e não 7, ou 12? Conheço espada-de-sao-jorge, comigo-ninguém-pode e guiné.”
Tião Aranha
13 de setembro, 2022 | 15:38Bom texto. A pessoa acometida pela doença sente o momento exato dela mesmo procurar a ajuda dum psiquiatra. A mãe rezar todo dia a oração da Salve Rainha, e de vez em quando dar no filho um banho com 4 folhas de imbé pra espantar os maus fluidos, tb ajuda muito. Não tenho dúvida que o melhor remédio para uma pessoa acabar com a depressão é somente parar de reclamar. Risos.”