03 de setembro, de 2022 | 07:25

Cigarro eletrônico: mesmo proibido pela Anvisa, aparelho ainda é vendido

Para médica e doutora em Saúde Pública, Deborah Malta, falta fiscalização e punição do poder público

Saúde Amanhã / Fiocruz
  ''A longo prazo o cigarro eletrônico contribui para o aumento de vários tipos de câncer, aumento de doenças cardiovasculares, como infarto, AVC, entre outros'', listou a médica ''A longo prazo o cigarro eletrônico contribui para o aumento de vários tipos de câncer, aumento de doenças cardiovasculares, como infarto, AVC, entre outros'', listou a médica
(Stéphanie Lisboa - Repórter do Diário do Aço)
O cigarro eletrônico divide opiniões. De um lado, há aqueles que defendem de forma veemente a venda e a utilização do aparelho e do outro, pessoas que são contrárias. Fato é que em 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) editou uma norma que proibiu a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar. Em julho deste ano a proibição foi mantida. Mas, mesmo sem a permissão, o produto ainda é vendido.

Nesta semana, o assunto ganhou visibilidade novamente, depois que o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que 32 empresas em todo o país suspendam a venda de cigarros eletrônicos. Caso não acatem a medida imposta pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), as empresas terão que pagar multa diária no valor de R$ 5 mil.

Agravamento
De acordo com a Senacon, no ano em que a Anvisa publicou a resolução, a oferta e demanda de cigarros eletrônicos no mercado nacional eram menores, mas segundo a Secretaria, a situação é grave. “Com aumento significativo do consumo dos produtos pelo público jovem, sendo que os cigarros eletrônicos são comercializados livremente, por diferentes tipos de empreendimentos”.

Estudo UFMG
Um estudo coordenado pela professora Deborah Carvalho Malta, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), trouxe constatações importantes dessa realidade preocupante a que se refere a Senacon. O trabalho analisou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) em 2019.

Foram pesquisados 159.245 estudantes de 13 a 17 anos em 4.242 escolas e 6.612 turmas. “Identificamos que 22,6% dos escolares já experimentaram cigarro alguma vez, a experimentação de narguilé foi de 26,9%, e do cigarro eletrônico 16,8%”, detalhou a médica.

Falta fiscalização e punição
Para a doutora em Saúde Pública, o cenário é resultado da falta de punição. “Chama atenção que um produto que foi proibido pela Anvisa desde 2009 seja tão usado pelos adolescentes, ou seja, falta fiscalização e punição do poder público na coibição deste ato ilegal”, enfatizou.

Realidade que preocupa a professora, pois ela acredita que a introdução desses produtos podem ser a porta de entrada para fixar o hábito e a dependência ao tabagismo. “A estratégia da indústria do tabaco consiste em ganhar novos clientes entre o público de adolescentes”.

Desinformação
Deborah Malta avalia que a desinformação é um importante componente que explica o crescimento do cigarro eletrônico. “Ele surgiu com a falsa propaganda de que iria ‘reduzir danos’, sendo uma alternativa para o tratamento contra o cigarro comum”.

Prejuízos à saúde
Por fim, a professora enumerou alguns dos danos à saúde que o cigarro eletrônico pode causar. “Tem sido descrito na literatura que, a curto prazo, o cigarro eletrônico pode causar inflamação dos pulmões, pneumonia comum e química, podendo evoluir para insuficiência respiratória, além de explosões da bateria, que causam lesões e até morte”.
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Comentários

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Votador

04 de setembro, 2022 | 07:22

“Mau por mau, que seja proibido todo e qualquer tipo de cigarro...
O lobby das marcas de tabaco fez com que a ANVISA proibisse o cigarro eletrônico mas continuam autorizados a vender o de papel. Que nada mais é que o mau legalizado!”

Zoio de Zoair

03 de setembro, 2022 | 19:35

“Podiam adicionar uma substância, que o indivíduo ao fazer o uso desta porcaria, passasse a ter coceira, empolasse o corpo, e a curto prazo tivesse câncer na garganta, esôfago e pulmão. A médio prazo câncer no cérebro. Isto tudo no máximo em 9 meses e depois viesse a óbito.”

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