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28 de agosto, de 2022 | 09:30

Três em cada dez adultos podem se tornar obesos no Brasil até 2030

Projeção foi feita em um estudo realizado por pesquisadores de um conjunto de universidades, e contou com a participação da UFMG

Rosânia Felipe/Escola de Enfermagem da UFMG
''A obesidade já é uma doença, mas ela também é fator de risco para outras'', lembrou o professor ''A obesidade já é uma doença, mas ela também é fator de risco para outras'', lembrou o professor

Você, muito provavelmente, conhece alguém do seu convívio que está acima do peso, não é mesmo? Às vezes essa pessoa pode ser até você. Manter uma alimentação equilibrada, saudável e praticar alguma atividade física com certa regularidade tem sido o desafio de muitos brasileiros. Um estudo revelou que até 2030, três em cada dez adultos podem se tornar obesos no Brasil.

A estimativa é preocupante. A projeção foi feita por pesquisadores de um conjunto de universidades, e contou com a participação do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os profissionais utilizaram como base para este estudo os dados da pesquisa Vigitel, coletados por entrevista telefônica entre 2006 e 2019 com 730.309 participantes.

Segundo a pesquisa, a previsão é que até o fim da década, 68,1% da população brasileira esteja com sobrepeso, 29,6% com obesidade e 9,3% com obesidade classes II e III. O estudo revelou também que a prevalência de obesidade aumentou de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019.

Para o professor do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, Rafael Moreira Claro, este último dado é uma das constatações mais importantes do estudo, pois trata do crescimento absoluto da obesidade no país.

“A gente está falando de uma variação de 11,8% da população em 2006 até 20,3% em 2019. Você pode pensar que cada ponto percentual desse equivale a cerca de um milhão de pessoas. Com uma intensificação do crescimento da obesidade no período mais recente. De tal maneira, que pelas nossas contas, em 2030 nós vamos ter, mais ou menos, três a cada dez adultos com obesidade no Brasil”.

Gravidade

Segundo Rafael, esse crescimento é tão grave, não só no Brasil, mas em outros países do mundo, onde os governos já não têm mais a ambição de reduzir a proporção da população que está obesa, mas sim, que o número, ao menos, pare de subir. “O Ministério da Saúde tem o plano estratégico de combate as doenças crônicas e uma das metas do plano é, justamente, cessar o aumento da prevalência de obesidade. O primeiro passo é que ela pare de subir. E essa é a preocupação que o governo tem hoje”, esclareceu.

Mudança no ambiente

O pesquisador argumenta que os ambientes onde as pessoas estão inseridas, de certa maneira, contribuem com a alimentação e gasto de energia. Para ele, são necessárias medidas para que esses ambientes se tornem mais amistosos ao estilo de vida saudável.

“Nas últimas décadas, o ambiente, especialmente nas grandes cidades, evolui de forma extremamente desfavorável. É cada vez mais fácil você consumir energia, especialmente aquela energia vinda de alimentos não saudáveis, como produtos ultraprocessados, refrigerante, bolachas e biscoitos. E, por outro lado, gastar energia se tornou uma tarefa cada vez mais complexa”, observou.

Importância do estudo

Arquivo pessoal
''A obesidade e o sobrepeso podem desencadear ou agravar muitas doenças'', alertou a nutricionista''A obesidade e o sobrepeso podem desencadear ou agravar muitas doenças'', alertou a nutricionista

Trazer luz para um problema que a sociedade vive, que as pessoas já reconhecem, mas que ainda é bastante negligenciado. O professor do Departamento de Nutrição acredita que esta é a importância do estudo realizado. “Nós temos poucas ações relacionadas à melhora do consumo alimentar e combate da obesidade no Brasil. Poucas ações diretamente relacionadas”, avaliou.

Rafael defende que sejam tomadas medidas enérgicas para que esse cenário possa ser mudado. “Se a gente não tomar uma postura ‘agressiva’, como por exemplo, aquela que foi adotada para redução do consumo do cigarro no Brasil, a gente dificilmente vai conseguir mudar esse quadro e melhorar a saúde da população brasileira”.

Riscos à saúde

A nutricionista ipatinguense Natália Stofel também falou sobre o assunto ao Diário do Aço. A profissional citou algumas doenças que podem ser desencadeadas e até agravadas pelo sobrepeso. “Apneia, infertilidade, problemas de coagulação, aumento do risco de diabetes, hipertensão, colesterol alto e doenças cardiovasculares e até mesmo alguns tipos de câncer”.

Orientação

A orientação da nutricionista é para uma mudança de hábitos. “Mudar o estilo de vida inclui ter os alimentos naturais como base da alimentação, como os legumes, verduras, frutas, carnes, ovos, cereais, leguminosas, azeite, oleaginosas e sementes, além de fazer as combinações inteligentes desses alimentos. É preciso reduzir o consumo de açúcar, frituras, gorduras e fazer exercícios físicos regularmente”, sugeriu Natália.
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