27 de agosto, de 2022 | 09:30
Primeiro registro de varíola dos macacos em cachorro no Brasil preocupa virologista
Caso foi confirmado nesta semana, no município de Juiz de Fora, em Minas Gerais
Nesta semana foi confirmado o primeiro caso de varíola dos macacos em um cão, no Brasil. O registro positivo da doença em um animal de estimação se deu no munícipio de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Além deste caso, há outros dois relatos fora do país: nos Estados Unidos e na França, em que a potencial transmissão de humano a animal está sendo estudada.
Apesar de ainda serem casos pontuais, a situação chama a atenção da população e gera certa apreensão nos tutores de animais. Em entrevista ao Diário do Aço, o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV) e virologista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Flávio Guimarães da Fonseca, trouxe alguns esclarecimentos sobre o tema.
Temor
O pesquisador revelou que a infecção dos animais com a varíola dos macacos era um de seus maiores temores. Porque, por exemplo, quando a gente considera a varíola humana, erradicada na década de 70, qual foi um dos fatores principais que ajudou a erradicar a varíola? O fato de que não havia hospedeiros animais, a doença só passava de homem para homem”, lembrou.
O professor explicou que o vírus que causa a varíola dos macacos ou a varíola símia é uma zoonose. Os hospedeiros naturais deles são, provavelmente, roedores africanos, mas ele tem a capacidade de infectar outras espécies, humanos, carnívoros, no caso de cachorro, gato, outros roedores e outros animais”, esclareceu.
Spillback
O receio do virologista era que acontecesse, justamente, esse fenômeno que é chamado de 'spillback'. É quando o vírus pulou para o ser humano, porque ele normalmente não infecta o ser humano como hospedeiro natural, e em algum momento ele pula de volta do ser humano para algum animal, no caso um cão”, definiu.
Segundo Flávio Guimarães da Fonseca, se o vírus se adaptar a outros animais, a doença pode ficar fora de controle no país, mesmo com a população imunizada. Porque mesmo vacinando as pessoas, ele vai estar circulando entre animais, podem ser diversas espécies diferentes, e aí ele pode ficar permanentemente presente em circulação no território nacional”, declarou.
Isolamento
A orientação de cuidados com os animais de estimação é a mesma que se dá aos humanos, que sejam isolados em caso de suspeita e de confirmação da doença. O animal deve ser isolado, porque se ele transmitir para um outro animal, ou para um roedor, por exemplo, há um risco enorme da gente perder o controle e essa virose se tornar permanente no território brasileiro”, alertou Flávio da Fonseca.
Recomendações SES-MG
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) também dá algumas orientações. Segundo a pasta, todos os resíduos, incluindo resíduos médicos, devem ser descartados de maneira segura e que não sejam acessíveis a roedores e outros animais. Sugeriu ainda que as pessoas com suspeita ou confirmação de infecção pelo vírus monkeypox evitem o contato direto próximo com animais, incluindo animais domésticos.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]