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10 de agosto, de 2022 | 15:00

A vida no bico do peito

Lúcia Morgado *

Desde o nascimento, a vida manifesta a necessidade de se abastecer com elementos básicos, essenciais para sua condição, como alimento, proteção, carinho e cuidado. E o leite materno é a união de todos esses ingredientes. Ao falar da amamentação, que ganha destaque ainda maior durante o Agosto Dourado, poderíamos debruçar sobre a importância do leite materno como o responsável por estabelecer o vínculo entre mãe e bebê – um aspecto sobre o qual a Psicologia debruça com intensidade.

Também é possível destacá-lo com a visão da Obstetrícia, que defende que a amamentação na primeira hora de vida protege a mãe de contrações uterinas ainda existentes no pós-parto, evitando assim riscos de hemorragias. Mas é essencial também apontar a importância do alimento para o bebê, dentro daquilo que a Pediatria e a Nutrição exploram. Simplesmente não há, na natureza, qualquer outro alimento que seja potencialmente mais rico para o ser humano do que o leite materno.

“Simplesmente não há, na natureza, qualquer
outro alimento que seja potencialmente mais
rico para o ser humano do que o leite materno”


Isso pode ser observado na sua composição, e de maneira tal que não é possível inserir tudo num pequeno artigo. Mas basta apontar que há desde glóbulos brancos, anticorpos e enzimas, que fortalecem o sistema imunológico da criança, passando pela presença de várias vitaminas (A, B12, C, D, E e K) e ainda outras substâncias promotoras do desenvolvimento infantil, como cálcio, sódio, zinco, fósforo, potássio e ferro.

A vastidão de propriedades do leite materno é tão extensa que a ciência ainda realiza, com certa frequência, novas descobertas sobre sua importância. Uma das mais recentes, feita por cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostrou que o leite de uma mãe vacinada contra o coronavírus foi capaz de curar um paciente portador de imunodeficiência genética e com quadro crônico de covid-19.

“Dados da Unicef revelam que apenas 39% das
mães nutrem seus bebês exclusivamente com
leite materno nos seis primeiros meses de vida”


Outros estudos, também recentes, sugerem que o alimento pode conter células-tronco que são fundamentais para o desenvolvimento cerebral, atuando no fortalecimento cognitivo do bebê. Uma terceira descoberta, feita na Alemanha, mostra que a alarmina, molécula presente em grande quantidade no leite materno, é uma importante influenciadora no abastecimento de microorganismos na flora intestinal da criança. Essa descoberta pode desencadear novas pesquisas que ajudem a fornecer esses recursos de forma processada para bebês que não conseguem mamar.

Ainda que haja tantas propriedades, o aleitamento materno hoje parece ser um mero privilégio da minoria da população mundial. Dados da Unicef revelam que apenas 39% das mães nutrem seus bebês exclusivamente com leite materno nos seis primeiros meses de vida, o que significa que temos uma margem muito grande e preocupante de bebês com possíveis deficiências nutricionais.

“O Agosto Dourado vai muito além do incentivo aí
aleitamento, ele vai de encontro ao apoio que a mulher
precisa receber neste momento, que por vezes, é delicado”


O Agosto Dourado vai muito além do incentivo aí aleitamento, ele vai de encontro ao apoio que a mulher precisa receber neste momento, que por vezes, é delicado. Muitas querem amamentar, mas não conseguem por diversos motivos, como retorno ao trabalho, falta de apoio tanto do parceiro quanto da família, além de questões psicológicas, relacionadas a fragilidade deste momento. O objetivo principal é apoiar e incentivar, não julgar aquelas que de alguma forma têm dificuldade de exercer a amamentação.

Por isso, o mês que promove a amamentação também faz referência à adoção de políticas públicas em prol da saúde, dotando as mães de condições adequadas para amamentar. Aquelas que não conseguem de forma nenhuma exercer esse aleitamento, há fórmulas que podem suprir os nutrientes encontrados no leite materno. Por isso, é importante o acompanhamento médico nessa fase, pois ele saberá indicar a melhor maneira de tratar em cada caso.

*Médica pediatra e coordenadora do Núcleo de Pediatria do Hospital Felício Rocho - [email protected]

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço

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