12 de julho, de 2022 | 07:30

Após morte de petista, advogado avalia: ''Cenário é hostil, mas não é novidade no Brasil''

Arquivo DA
 Cimini: ?A intolerância é a filha da convicção. E a convicção é inimiga da verdade? Cimini: ?A intolerância é a filha da convicção. E a convicção é inimiga da verdade?

O clima envolvendo as Eleições Gerais está acirrado. A volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao cenário político tem mexido com os ânimos de extremistas, principalmente os que defendem o atual governo. Nas ruas e nos palanques, a defesa é que o mal representando pelo PT deve ser extinto e que o partido deve ser impedido de retornar ao poder. A tônica desse discurso pôde ser visto na região, inclusive, num evento político ocorrido em Coronel Fabriciano, no fim do mês de junho. Mais recentemente, o guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, Marcelo Arruda, foi morto a tiros pelo policial penal Jorge José da Rocha Guaranho, na noite de sábado (9), em Foz do Iguaçu, no Paraná, ao promover festa de aniversário com temática petista.

O advogado, mestre em Direito e Gestão de Território e professor universitário Hélio Cimini, de Ipatinga, avalia o quadro. Segundo ele, o cenário é hostil, mas não é novidade no Brasil. “Forças políticas já tentaram em alguns momentos utilizar a bipolaridade e exacerbar as emoções. A exemplo da dificuldade de Juscelino Kubistchek se empossar presidente, pelo fato de que sustentaram que ele não teria a maioria dos votos, conforme dizia a constituição à época”, recorda.

Cimini aponta que a intolerância é ruim na medida que, “ao me considerar melhor que o outro, assim como minhas ideias, passo a não aceitar o que de bom tem na convivência. A intolerância é a filha da convicção. E a convicção é inimiga da verdade. Se eu estou convicto, fecho os olhos para qualquer visão que não seja a minha”, avalia.

Perigo
Questionado se tem sido perigoso expor opiniões sobre política, Hélio Cimini opina que sim. “Mas é aí que está um dos problemas. O discurso de bipolaridade entre bem e mal, nós e eles, só aumenta a violência política. É a história da abelha e do elefante. A abelha não é capaz de quebrar uma loja de louças. Mas ela pode zunir no ouvido do elefante e fazer ele ficar com raiva. E isso tem de ser levado em conta nessa época”, salienta. Sobre as opiniões extremistas, o advogado acrescenta: “a virtude está no meio. No convívio. Onde poderíamos tomar água do mesmo rio. Sendo lobos ou cordeiros”, conclui.

Crime
O tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, foi morto a tiros na noite de seu aniversário de 50 anos. O caso teve, no domingo (10), grande repercussão nos bastidores da política nacional. Entre as manifestações, o presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou que as autoridades “apurem seriamente o ocorrido e tomem todas as providências cabíveis”.

Apoiador do presidente Bolsonaro, o agente penitenciário Jorge Guaranho também foi alvejado por Arruda e estava hospitalizado, até o fechamento desta edição. Nas mídias sociais, ele afirma ser cristão e conservador, possui várias publicações pró-governo e endossa o discurso a favor do armamento da população, além de se posicionar contra o aborto e as drogas.

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, escreveu em sua página na internet: "Nosso companheiro Marcelo Arruda comemorava o seu aniversário de 50 anos com a família e amigos, em paz, em Foz do Iguaçu. Filiado ao Partido dos Trabalhadores, sua festa tinha como tema o PT e a esperança no futuro; com a alegria de um pai que acabou de ter mais uma filha".
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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

12 de julho, 2022 | 09:56

“Excelente análise da conjuntura atual. Parabéns Dr. Cimini! Sobre as tentativas de tumultuar o processo eleitoral, como aconteceu com JK, é preciso salientar que sempre foram os grupos das Direitas que tomam as iniciativas, até porque eles são mais unidos que os da Esquerdas.”

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