12 de julho, de 2022 | 13:00

Um encontro abençado...

Nena de Castro *

O vento passava devagarinho, mas às vezes não resistia e fazia gracinhas nos poemas do Francis, dependurados por ali. O sol de inverno nos visitava cavalgando sua montaria dourada, espiando curiosamente o que fazíamos no Teatro de Arena do Parque Ipanema. Havia como que um frisson de gratidão, saudade, tristeza, fé, e alegria percorrendo cada pessoa, inundando cada coração... Foi uma festa de resistência, amizade, beleza e crença de que as coisas podem, sim, mudar, de que exemplos bons retornam, de que semear no árido campo do espírito humano dá frutos “a cento por um” como disse o Mestre Jesus.

Estavam lá familiares, amigos, ex-alunos, admiradores, membros da Comunidade São Jorge, Paróquia do Cristo Redentor no Bethania, onde o grande Francisvaldo exerceu seu ofício de servir e amar. Como professor de Literatura, instigava o pensamento crítico, pontuava as injustiças, recomendava o respeito e o amor. Houve choro, muita emoção e alegria, Eula e seus filhos Gabriel e Guilherme mal podiam se conter e o poema escrito pelo pai de Francis, o pastor Manoel Salviano da Silva nos deixou deslumbrados com o carinho paternal pois afirmou “que o filho o ensinou desde que nasceu” e inclusive mostrou-lhe que um homem chora, sim, sem perder a dignidade.

Então, houve uma celebração comunitária, com lindas canções e testemunhos, houve danças, tambores, capoeira, poemas e muito Amor e gratidão. O poema vencedor do concurso do FEST’VALDO falava de dor e gritos, de um tal Genevaldo, um homem do povo que foi preso e morreu sufocado na viatura, perante agentes policiais que deveriam garantir sua vida em custódia, ante uma malta ignorante que ria e se divertia...Pois é, o cidadão Francisvaldo que ousou lutar, transformar pessoas, combater as ignomínias dessa vida, tão pungentes em terras brasileiras onde milhões de pessoas não têm o que comer, foi justamente homenageado! No rufar dos tambores do Baque Mulher no gingado da capoeira do Grupo Abadá, na dança das avozinhas da Terceira Idade do grupo Cuidado Humano, capitaneadas por Valdete Costa, os trinados de Pablo Cardoso cantando poemas de Manuel Bandeira e Vinícius de Moraes eita, foi bonito demais.

E, a covid o levou. Mas que legado deixou o grande mestre Franscisvaldo Feitosa que viveu lutando pelo próximo, como ensinou o nosso Salvador.

Um abraço para todos os que sonharam, lutaram e fizeram do FEST’VALDO um encontro de louvor a Deus e alegria pela vida frutuosa de Francisvaldo Feitosa.

E nada mais digo, a não ser que Marilene Tuler é uma líder inconteste e tenho muito orgulho de ser sua amiga!

* Escritora e encantadora de histórias

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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

12 de julho, 2022 | 20:49

“Obrigado Nena, por este lindo relato! Foi tudo isso, e muito mais, que não cabe neste pequeno espaço, que o Portal Diário do Aço lhe disponibiliza. Mas você não poderia ter esquecido de uma graciosa Poeta, que estava lindamente vestida de branco e com um belíssimo nariz de palhaço, vermelho, assim como as paixões do Professor Francisvaldo pela Poesia, pelo Magistério, pela Política e pelos seus irmãos de Fé em Cristo, e até por alguns que, por princípios filosóficos, não têm fé.
Foi muito lindo mesmo, mas tanta dor doeu em mim, que, após ouvir/rir/chorar com o Sr. Manoel, me retirei.”

Tião Aranha

12 de julho, 2022 | 15:32

“Bom texto, eu falava agorinha mesmo desta formação correta e o viver em vida comunitária dentro de uma cidade. Precisamos resgatar mais do que nunca os valores outrora vividos. É por aí... Risos.”

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