03 de julho, de 2022 | 08:00

Psicólogo alerta para as consequências do bullying e do cancelamento nas mídias sociais

Há um contexto em que qualquer atitude pessoal pode virar alvo de um questionamento, de hora para outra e gerar crise de cancelamento e assédio

Arquivo pessoal
Leonardo Morelli afirmou que a principal arma para se combater o bullying e o cancelamento é a informação Leonardo Morelli afirmou que a principal arma para se combater o bullying e o cancelamento é a informação
(Tiago Araújo - Repórter do Diário do Aço)

A maior parte dos brasileiros acredita que os casos de bullying (ameaça, humilhação ou intimidação de alguém por qualquer motivo) e os de cancelamento nas mídias sociais cresceram muito no Brasil e avaliam que esses fenômenos sociais não têm sido tratados de forma adequada. Os dados são do levantamento do Observatório Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Em entrevista ao Diário do Aço, o psicólogo clínico, Leonardo Morelli, que atua em Ipatinga, alertou acerca das consequências do bullying e do cancelamento nas pessoas, principalmente, nas crianças e adolescentes. Há um contexto em que qualquer atitude pessoal pode virar alvo de um questionamento, de hora para outra e gerar crise de cancelamento e assédio.

O Observatório Febraban – Pesquisa Febraban Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), foi lançado em junho de 2020 com objetivo de se tornar uma fonte de informações sobre as perspectivas da sociedade e o potencial impacto econômico-financeiro, ouvindo a população e estimulando o debate em diversos setores. Com periodicidade trimestral, a iniciativa é parte de uma série de medidas da Febraban para ampliar a aproximação dos bancos com a população e a economia real, de forma cada vez mais transparente.

Conforme Leonardo Morelli, bullying é uma palavra de origem inglesa e que não tem uma definição única em português, mas que se refere a atitudes ameaçadoras que atingem, principalmente, crianças e adolescentes. “Quando falamos de bullying, podemos pensar que ocorre de duas formas, ou por meio de agressão física ou verbal. Na agressão física, os atos praticados ferem fisicamente a outra pessoa, como chutes, empurrões, brincadeiras que machucam e dentre outras. Mas a verbal talvez machuca muito mais do que a física, porque deixa marcas emocionais”, afirma.

Marcas emocionais
O psicólogo explica que na agressão verbal, as atitudes que magoam e que deixam marcas emocionais consistem em ameaçar ou intimidar a outra pessoa, assim como humilhar por qualquer motivo ou discriminar. “Essas agressões verbais são muito mais comuns do que as agressões físicas, principalmente, nas escolas, e ocorrem com bastante frequência”, ressalta.

Efeitos negativos
Leonardo Morelli salienta que, à medida em que as agressões verbais contra as vítimas de bullying vão se repetindo, começa-se a criar efeitos negativos, principalmente, nas crianças e adolescentes. “Elas começam a desenvolver baixa autoestima, o que faz com que as vítimas não reclamem com os pais ou com os próprios responsáveis na escola. Isso faz com que o sujeito se sinta culpado ou envergonhado, e acha que até o outro está correto. Isso vai cada vez mais minando a personalidade do sujeito e vai gerando um processo de destruição dessa estima pessoal. O que pode acarretar a pessoa a ter problemas de ansiedade, fobias, pânico e, principalmente, depressão, que pode levar até mesmo o sujeito a cometer suicídio”, destaca.

Cancelamento
Segundo o psicólogo, o cancelamento também é um tipo de bullying, no qual exclui a outra pessoa, deixando ela de lado, sendo uma forma de agressão. “O aumento do cancelamento ocorre porque estamos cada vez mais usando aparelhos com internet para comunicarmos. Dessa forma, é muito mais fácil eu ter acesso àquelas pessoas que na verdade eu não teria contato no meu dia a dia, como os famosos. Assim, é muito mais prático cancelá-las também pelas mídias sociais quando cometerem algum erro. E às vezes, o cancelamento ocorre até com pessoas próximas, onde o indivíduo bloqueia tal contato em seu celular e nas mídias sociais, sendo uma forma de agredir a pessoa e machucá-la”, explica.

Consequência
Leonardo Morelli alerta que o cancelamento também é uma forma de agressão não verbal, mas de maneira bem agressiva, fazendo a vítima se sentir rejeitada pelos outros. “Se a pessoa que sofre com o cancelamento não sabe lidar com isso, vai ter uma diminuição da sua autoestima e pode causar, assim como bullying, a depressão, ansiedade, pânico e também pode levar o sujeito ao suicídio. Então temos que ficar atentos a esse tipo de agressão”, alertou.

Combate
Para o psicólogo, a informação é a principal arma para se combater o bullying e o cancelamento. “É muito importante compreender as práticas de bullying, seja na escola ou qualquer lugar, que está sujeito a acontecer, assim como o cancelamento. Portanto, o saber sobre esses assuntos ajuda a identificar essas situações e podem fazer com que as pessoas comecem a denunciar o que está ocorrendo, evitando possíveis consequências e sofrimentos”, pontuou.

Pesquisa revelas dados sobre o bullying e o cancelamento

De acordo com os dados da 11ª Edição do Observatório febraban – Pesquisa Febraban-Ipespe “Bullying e Cancelamento”, quase oito em cada dez entrevistados (78%) declaram saber o que significa a expressão “bullying”. Esse conhecimento ultrapassa o patamar de 80% nos perfis com renda acima de 5 salários mínimos (86%), ensino superior (85%), mulheres (81%) e nas faixas etárias de 18-24 e 25-44 anos (ambos 81%).

Em pergunta estimulada de múltiplas respostas, a maioria dos entrevistados aponta, corretamente, duas situações que mais caracterizam bullying: “agressões que visam humilhar ou ridicularizar alguém diante de outras pessoas” (74%) e “agressões repetitivas, verbais ou físicas, na intenção de ofender ou ferir alguém” (64%).

Numa escala de 0 a 10, 65% atribuem notas de 7 a 10 a sua preocupação com a temática do bullying, 16% situam entre 4 e 6, e 17% classificam de 0 a 3 tal preocupação (nota média: 7,0).

Entre os pais com filhos (as) em idade escolar, 81% se mostram preocupados ou muito preocupados de que eles (as) sofram bullying ou cyberbullying. Os que apontam maior preocupação são: as mulheres (85%) e os mais jovens de 18 a 24 anos (90%).

Cancelamento
Quando perguntados sobre o conhecimento da “cultura do cancelamento”, quase metade dos entrevistados (46%) afirma não saber o que é. Outros 23% afirmam já ter ouvido falar, mas não conhecem bem, ao passo que um terço afirma conhecer bem a expressão. São números que evidenciam um grau de conhecimento bem inferior ao registrado em relação ao bullying.

Entre os que declararam ter sofrido cancelamento ou conhecer alguém próximo (34% do total da amostra) a maior parte está na faixa de 18 a 24 anos (40%), tem ensino superior (38%) e renda acima de 5 salários mínimos (38%). Já entre os que declararam ter cancelado ou conhecer quem o fez (36% do total) a maioria tem ensino superior (43%) e renda familiar acima de 5 salários mínimos (44%).
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Comentários

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Patriota

04 de julho, 2022 | 12:11

“Ô Veiwer, desisto. Você, com este argumento, de que utiliza pseudônimo porque foi ameaçado de morte por alguns esquerdistas, me noucateou.”

Viewer

04 de julho, 2022 | 08:05

“Patriota, a cultura do cancelamento foi um movimento de perseguição e provocação criado e propagado pelos esquerdistas, isso tem sido amplamente criticado em vários círculos científicos e de debates.
Inclusive eu adotei um pseudônimo exatamente por já ter sido ameaçado diversas vezes por esquerdistas, então não venha equiparar ambos espectros ideológicos pois sabemos bem quem é que vive ameaçando os opositores de morte .”

Patriota

03 de julho, 2022 | 19:23

“Veiwer, claro que sim! O problema é que não é privilégio das esquerdas criticar e/ou perseguir os seus contrários/adversários. Isso é inerente aos humanos e até de vários animais irracionais.”

Viewer

03 de julho, 2022 | 18:16

“Engraçado patriota, pois você com esse comentário simplesmente justificou o que eu comentei.”

Patriota

03 de julho, 2022 | 15:47

“Os Doutores Malvadeza e Geraldo, devem ter estudado com o Analista de Bagé, do genial Luís Fernando Veríssimo. Sabem tudo de psicologia, psicanálise e psiquiátria. Segundo Leonardo Boff, "Ninguém vale pelo que sabe, mas pelo que faz com aquilo que sabe". Acredito que, com o que não sabemos, não dá para fazer nada,”

Geraldo

03 de julho, 2022 | 13:51

“? só trabalharem e aí não problemas psicológicos, vão rachar uma lenha.”

Patriota

03 de julho, 2022 | 11:19

“Ô Veiwer, que já foi "O Observador", bolsonarista de carteirinha, que agora não sabe se é "O Vigia", "O Inspetor" ou "O Espectador", me empreste a sua carapuça? Este negócio de sentar no rabo para ficar falando do rabo alheio, é muito feio.”

Gildázio Garcia Vitor

03 de julho, 2022 | 11:11

“Estou professor há mais 40 anos, e o que tenho vivenciado nos últimos anos, no ambiente escolar, é uma falta de empatia, solidariedade e fraternidade entre os jovens estudantes, e até entre alguns de nós, os adultos, que devemos ensinar as lições corretas. Na maioria das vezes, prevalece o individualismo e o anti-humanismo.”

Viewer

03 de julho, 2022 | 10:35

“Isso é consequência desse comportamento dos leões esquerdistas da internet que ao menor sinal de contrariedade com seus ideais passam a perseguir ativamente opositores.”

Malvadeza

03 de julho, 2022 | 09:19

“Geração perdida,se eu fosse olhar bullying era pra eu estar morto já,sou preto, magrelo e pobre.”

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