03 de julho, de 2022 | 07:59
Empregos: ''novas vagas são positivas, mas, no cenário atual, não quer dizer que o país esteja melhorando'', aponta especialista
Conforme a divulgação do Ministério do Trabalho, em maio deste ano, o Brasil registrou um saldo de 277.018 novos empregos formais
Débora Anício
Segundo William Passos, o número apresentado em entrevista coletiva no Ministério do Trabalho tem viés estatístico
(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)Segundo William Passos, o número apresentado em entrevista coletiva no Ministério do Trabalho tem viés estatístico
Ao abrir a coletiva de imprensa que o Ministério do Trabalho e Previdência realiza todos os meses para detalhar os resultados do Caged, o ministro José Carlos Oliveira comemorou os números de maio, divulgados no dia 28/6. Segundo ele, o total de 41,72 milhões de trabalhadores celetistas é um recorde na história do país em termos de emprego formal. Sobre o cenário, o geógrafo William Passos pondera que as novas vagas formais são sempre positivas, mas, no cenário atual, isso não necessariamente quer dizer que o país está melhorando.
Um levantamento realizado a pedido do Diário do Aço pelo geógrafo, que integra a Rede Observatórios do Trabalho, do Observatório Nacional do Mercado de Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência, e o Observatório das Metropolizações Vale do Aço, instalado no IFMG Ipatinga, indica que o pico dos empregos formais no Brasil ocorreu no ano de 2014, quando havia 49,57 milhões de contratos trabalhistas, somando a iniciativa privada (empregos celetistas) e o setor público (servidores estatutários), de acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Previdência.
Empregos formais no Brasil (em milhões de trabalhadores, com informações da Relação Anual de Informações Sociais): 2010 44,07; 2011 46,31; 2012 47,46; 2013 48,95; 2014 49,57; 2015 48,06; 2016 46,06; 2017 46,28; 2018 46,63; 2019 46,72; 2020 46,24 e 2021 41,28.
Conforme a divulgação do Ministério do Trabalho, em maio deste ano, o Brasil registrou um saldo de 277.018 novos empregos formais. Segundo os dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que o Ministério do Trabalho e Previdência divulgou dia 28/6, no mês passado foram registradas 1.960.960 contratações com carteiras assinadas e 1.683.942 desligamentos.
Empregos formais no Brasil (em milhões)
Fonte: Caged
Aumento de contratações formais
O total de trabalhadores celetistas ou seja, com vínculo formal de trabalho e direitos e deveres regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) aumentou 0,67% em relação ao resultado de abril deste ano, passando de 41.448.948 para 41.729.858. Só este ano, já são cerca de 1,5 milhão de novos empregos criados. Duzentos e setenta e sete mil apenas no mês de maio”, destacou o ministro. No início de 2022, tínhamos uma projeção de que, até o fim deste ano, chegaríamos a 1,5 milhão [novos postos de trabalho]. E como eu já tinha falado antes, levando em conta apenas o resultado destes primeiros cinco meses, já podemos sonhar com um número muito maior”, vislumbrou o ministro.
Não é bem assim
William Passos acrescenta que o número apresentado na entrevista coletiva, no Ministério do Trabalho, tem viés estatístico. As empresas têm até 12 meses para fazer a declaração do Caged fora do prazo. À medida que as informações fora do prazo vão chegando, o Ministério do Trabalho e Previdência vai atualizando os meses para trás. Os números consolidados só sairão mesmo no segundo semestre do ano que vem. Isso quer dizer que o total de 41,72 milhões de trabalhadores celetistas pode ser corrigido para baixo. O Ministério do Trabalho já fez correções para baixo em anos anteriores”, aponta.
Além disso, acrescenta, os dados do Caged representam apenas uma fatia do mercado de trabalho brasileiro. Esses números são relativos ao emprego celetista. Para olhar o mercado de trabalho como um todo, é preciso confrontar estes números com a Pnad, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE. Os números de maio da Pnad ainda não saíram. Normalmente eles saem depois do Caged. Em abril, a Pnad contabilizou 96,51 milhões de brasileiros ocupados, sendo que apenas 35,61 milhões estavam trabalhando com carteira assinada.
O especialista alerta que cerca de 16,42 milhões de brasileiros estavam na informalidade, enquanto 25,55 milhões estavam trabalhando por conta própria. Os 18,93 milhões de brasileiros ocupados restantes eram formados por servidores públicos, empregadores e pessoas que ajudam algum familiar exercendo serviços não remunerados, como, por exemplo, o trabalho doméstico e o cuidado de crianças e idosos.
Além disso, a Pnad mostra ainda que o rendimento médio do brasileiro vem caindo mês após mês, corroído pela inflação. Cerca de 11,3 milhões de brasileiros ainda estão procurando emprego e não encontram, enquanto 26,1 milhões (22,5% da força de trabalho) estão subutilizados, ou seja, estão trabalhando menos horas do que gostariam ou desistiram de procurar emprego, embora ainda estejam disponíveis para trabalhar. Por este universo, percebemos que o número apresentado na coletiva de imprensa do Ministério do Trabalho tentou criar a ilusão de que o país está numa situação muito melhor do que realmente está”, conclui.
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Joao Batista
04 de julho, 2022 | 15:08Melhora para os empresários, menos fiscalização , ai já viram podem explorar os menos favorecidos a vontade.”
João Guilherme Sabino de Avelar
03 de julho, 2022 | 23:45DEPOIS DE UMA PANDEMIA ISSO NÃO É MELHORA????????????????
DEPOIS DO FIQUE EM CASA ECONOMIA A GENTE VÊ DEPOIS..
EM RELAÇÃO A OUTROS GRANDES PAÍSES ESTAMOS SAINDO MUITO BEM.”
Marcelo Costa
03 de julho, 2022 | 19:08Entenda que empregos são gerados, mas salários estão menores. E sem previsão de melhora. Sem salário valorizado, o dinheiro não circula e a economia (o PIB) não cresce como deveria. O gado pura numa notícia dessa mesmo sem entender o mínimo possível de microeconomia.”
Viewer
03 de julho, 2022 | 10:23A turma do quanto pior melhor não se cansa... Quer dizer que só houve uma "despiora"...
Patético...”