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12 de junho, de 2022 | 13:00

É preciso aprender para ensinar

Celso Hartmann *

A educação básica brasileira está em constante evolução. Hoje, encontramos uma infinidade de artigos sobre o novo Ensino Médio e como os itinerários formativos estimularão os jovens a valorizarem essa importante etapa da vida, possivelmente contribuindo para a melhora dos indicadores da educação brasileira. Da mesma forma, encontramos facilmente muitos recursos tecnológicos que prometem trazer as escolas para o século XXI: corretores de redação, plataformas adaptativas, e as inteligências artificiais, que prometem analisar cada estudante e oferecer o melhor caminho para os indivíduos, prevendo as oportunidades para alunos no ensino superior.

Essa evolução é necessária e há muito é esperada, porém, encontra, nas fileiras escolares, uma dificuldade adicional para sua efetiva adoção: a precariedade da formação docente brasileira. O ENADE, principal balizador da qualidade dos novos formados, traz números preocupantes: dos estudantes de pedagogia e licenciatura avaliados em 2017, ano do último teste aplicado a estes profissionais, mais de 60% tiveram notas ruim ou péssima, e apenas 1% nota excelente (fonte: desafiosdaeducacao.grupoa.com.br); um alerta que não pode ser ignorado pelas escolas.

Partindo-se da premissa de que as novas ferramentas tecnológicas não abdicam da figura do professor como mediador dentro da sala de aula, é possível afirmar que um profissional com formação deficiente, munido dos mais modernos recursos disponíveis, não será capaz de ministrar aulas melhores. Tal qual o engenheiro que não sabe fazer cálculos corretamente, e não consegue se beneficiar totalmente de ferramentas de CAD, o professor com formação precária não conseguirá elaborar as melhores trilhas de aprendizado para os seus alunos, independentemente dos recursos disponíveis.

“Um profissional com formação deficiente,
munido dos mais modernos recursos disponíveis,
não será capaz de ministrar aulas melhores”


Qual a solução para essa questão? Grandes grupos educacionais, fundações e alguns governos vêm apresentando alternativas para a formação docente continuada, colocando à disposição dos professores plataformas com cursos complementares e contato com metodologias de ensino eficazes, amplamente testadas, além de trabalharem aspectos técnicos de cada disciplina.

Você é professor e não sabe onde iniciar sua pesquisa? Procure o núcleo de educação do município onde trabalha, bata à porta de escolas particulares, solicite uma conversa com coordenadores e diretores e pergunte, diretamente, o que estas organizações valorizam em seus profissionais e se elas possuem dicas de ferramentas para atualização. Garanto que muitos profissionais se sentirão honrados em poder ajudar colegas de profissão.

Alternativas de formação não faltam: de portais eletrônicos passando por encontros de professores, pelos quais os mais experientes passam seu conhecimento para os mais jovens. As escolas não podem se furtar de oferecer alternativas e de cobrar que seus professores estudem e desenvolvam suas habilidades docentes. Da mesma forma, um bom profissional não pode deixar o seu próprio desenvolvimento de lado, e deve procurar trabalhar em instituições que apoiem e valorizem professores que gostam de estudar.

As escolas que entendem o poder da formação docente oferecem aos seus professores o acesso a várias formas de se atualizar, de aprender mais, o que acaba retornando em benefício dos estudantes, que tendem a apresentar resultados melhores, e do próprio professor, que se torna um profissional adequado às demandas dos tempos atuais. Assim, todos se beneficiam, e a comunidade onde a escola está inserida cresce como um todo. Um mundo em constante evolução demanda profissionais e organizações em contínua atualização. Sejamos nós, escola, embaixadores da evolução contínua.

*Celso Hartmann é diretor executivo dos colégios do Grupo Positivo.


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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

13 de junho, 2022 | 21:47

“O problema não está apenas na graduação. Começa com quem quer ser professor, em geral, alunos oriundos do meio rural ou das periferias, filhos de famílias com baixo poder aquisitivo e intelectual, de escolas públicas com várias carências, inclusive de professores, e com pouca perspectiva de um futuro promissor. Nos últimos anos, grande parte dos novos professores têm mais de 30/40 anos, formados em EaD e de igrejas Neopentecostais. Precisa dizer mais?”

Tião Aranha

12 de junho, 2022 | 11:52

“Bom texto, para usar as tics em primeiro lugar o professor tem que ter domínio total da disciplina que ora ministra. Nos países de primeiro mundo essas ferramentas são usadas como uma opção a mais na mão do professor. Não existe, portanto, tal obrigação. Além do mais, o nosso sistema de conexão de internet no país ainda é muito falho, muita das vezes se faz através de ondas de rádio; mas sonhar é preciso. Nem tidos têm o domínio dos programas de computador no preparo das aulas, muita gente nem computador tem. Risos.”

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