09 de junho, de 2022 | 09:30

População não deve esquecer que vacinas foram responsáveis pela erradicação de doenças

Apelo foi feito por três profissionais que atuam na área da saúde; o alerta é para que as pessoas mantenham a imunização em dia para evitar ressurgimento de doenças já controladas e erradicadas

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
A picada no braço e a manutenção do cartão de vacinação em dia salvam vidas A picada no braço e a manutenção do cartão de vacinação em dia salvam vidas

Muito se falou sobre a vacinação nos últimos dois anos, principalmente, devido à pandemia de covid-19. A imunização contra os efeitos do coronavírus foi assunto recorrente nas empresas, rodas de conversa de amigos, nas casas das famílias mas, e as outras doenças?

No Dia Nacional da Imunização, celebrado nesta quinta-feira (9), profissionais que atuam na área da saúde reforçam a importância da vacinação da população para evitar o retorno de doenças já controladas e erradicadas.

Recentemente, a Campanha Nacional de vacinação contra o Sarampo e Influenza precisou ser prorrogada, já que os índices de imunização não foram alcançados. Este pode ser um exemplo do relaxamento da população com a imunização. Natália Littig, coordenadora de imunização da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Coronel Fabriciano, acredita que esse relaxamento está relacionado ao controle das doenças.

“Como as pessoas não têm vivenciado mais a ocorrência de casos e surtos das várias doenças imunopreveníveis, elas têm uma falsa impressão de segurança e que acabaram as doenças e não se preocupam mais em se vacinar. Elas acabam se acomodando mesmo”, explicou.

Essa situação foi percebida pela coordenadora também na vacinação contra o coronavírus. “Como elas estavam vivenciando um surto, as pessoas corriam e brigavam para se vacinar e aí, a partir do momento em que o surto arrefeceu no Brasil, elas relaxaram e muitos não deram continuidade ao esquema vacinal”, notou.

Notícias falsas

Outro fator que tem fomentado a ausência da população nas salas de vacinação são as fake news. “Essas notícias têm gerado grandes mudanças no comportamento da população, fazendo com que os conhecimentos adquiridos cientificamente sejam postos em descrédito”, lamentou Littig.

A coordenadora de imunização atribui a queda nas coberturas vacinais a essas notícias falsas. “Ao longo dos últimos anos observou-se uma acentuada redução nas coberturas vacinais no Brasil e um dos motivos para isso é a crescente circulação das fake news sobre a eficácia e segurança das vacinas”, alertou.

Esse fenômeno, de acordo com ela, já ganhou um nome. “Tem sido chamado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de infodemia, ou seja, uma epidemia de informação falsa”, contou.

Proteção coletiva

No Dia da Imunização é importante lembrar que as vacinas podem salvar vidas e evitar que doenças graves voltem a devastar o país. “Manter o cartão de vacina em dia tem o objetivo de proteção coletiva”, declarou Littig.

Erradicação

Outros dois profissionais da área da saúde foram ouvidos pela reportagem. Os três enfatizaram o papel fundamental das vacinas, lembrando que elas foram essenciais no controle de doenças. “O que nós temos que lembrar à população é que as vacinas foram responsáveis pela erradicação de várias doenças, o exemplo clássico é a varíola”, disse Unaí Tupinambás, infectologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A professora Tércia Moreira Ribeiro da Silva, do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da UFMG, também defendeu a importância das vacinas. “A redução dos óbitos por sarampo, poliomielite e coqueluche no Brasil foi alcançada graças à elevada taxa de cobertura das vacinas que previnem estas doenças”, afirmou.

Natália Littig alertou que se os índices de imunização continuarem caindo, as doenças poderão retornar. “Manter o cartão de vacina em dia é evitar também o retorno de graves doenças que já assolaram nossa população, como por exemplo, a poliomielite. A gente não vê casos há muitos anos, mas devido às baixas coberturas que tem tido no Brasil, a gente está em altíssimo risco para o retorno dessas doenças”, enfatizou.

Febre amarela


Um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que, desde o início da pandemia de covid-19, houve uma redução no número de doses aplicadas da vacina contra a febre amarela, no Brasil.

“Os dados mostram que na região Norte houve uma redução de 34,71%, na Centro-Oeste 21,72%, na Sul 63,50%, e na Sudeste 34,42%”, informou a professora Tércia Moreira Ribeiro da Silva, uma das responsáveis pela pesquisa.

A professora alerta que essa redução pode acabar trazendo prejuízos para a coletividade. “A redução do número de doses da vacina contra febre amarela pode favorecer o ressurgimento de casos de febre amarela urbana no país”, atentou a pesquisadora.

De acordo com Tércia, vários fatores tem favorecido essa queda na cobertura vacinal: “A precariedade do Sistema Único de Saúde (SUS), a implantação do novo sistema de informação sobre imunização (SI-PNI), os aspectos sociais e culturais que afetam a aceitação da vacinação e a disponibilidade inconstante de imunobiológicos nos serviços de Atenção Básica”, apontou.

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Comentários

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Viewer

09 de junho, 2022 | 10:27

“Sim, vacinas que foram criadas após anos e mais anos de estudos sérios com revisões de pares e exaustivas testagens a fim de certificar a segurança e o mínimo de efeitos colaterais a curto e longo prazo.”

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