24 de maio, de 2022 | 06:19

Presidente da Petrobras é demitido depois de 40 dias no cargo

Sob pressão por causa dos preços dos combustíveis, presidente da Petrobras é demitido depois de 40 dias no cargo

Flávio Emanuel - Agênia Petrobras
Sob pressão para aumento nos preços dos combustíveis, presidente da Petrobras é demitido depois de 40 dias no cargoSob pressão para aumento nos preços dos combustíveis, presidente da Petrobras é demitido depois de 40 dias no cargo

Em anúncio na noite de segunda-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, que estava há 40 dias no cargo, em meio à pressão incessante devido aos aumentos dos preços dos combustíveis.

"O Governo Federal, como acionista controlador da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, participa que decidiu promover a alteração da presidência da empresa", anunciou em nota o Ministério de Minas e Energia.

Sem detalhar motivos específicos da demissão, o governo agradeceu Coelho por sua gestão e ressaltou que "o Brasil vive atualmente um momento desafiador, decorrente dos efeitos da extrema volatilidade dos hidrocarbonetos nos mercados internacionais", segundo o comunicado.

O governo propôs o nome de Caio Mário Paes de Andrade, atual secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, para o cargo de presidente da estatal petroleira.

Os dois presidentes anteriores, Roberto Castello Branco e o general Joaquim Silva e Luna, também foram demitidos em meio ao aumento dos preços dos combustíveis.

“O indicado reúne todas as qualificações para liderar a companhia a superar os desafios que a presente conjuntura impõe, incrementando o seu capital reputacional, promovendo o contínuo aprimoramento administrativo e o crescente desempenho da empresa, sem descuidar das responsabilidades de governança, ambiental e, especialmente, social da Petrobras", diz a nota.

O que é o PPI na Petrobras?

Desde 2016 a Petrobras adota a política de Preço de Paridade Internacional (PPI). Implementado no governo do ex-presidente Michel Temer, o índice se baseia nos custos de importação, variação cambial, transporte e taxas portuárias como principais referências para o cálculo dos preços dos derivados ao consumidor. Com isso, os brasileiros passaram a pagar um preço de derivados de petróleo com base na cotação internacional e não com base no custo de produção da Petrobras. A medida assegura luros aos acionistas da companhia, e o governo federal é o maior deles.

Precisa subir mais

Por causa do PPI, segundo dados da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), a defasagem entre o preço médio do diesel nas refinarias brasileiras e a paridade de importação está hoje em R$ 0,57 por litro. A diferença é ainda maior no preço da gasolina, que teve o último reajuste há mais de dois meses: R$ 1,07. O mercado, porém, avalia que a Petrobras deve suportar perdas por mais tempo, diante da pressão do governo contra reajustes. Logo em sua posse, o novo ministro de Minas e Energia prometeu estudos para privatizar a estatal. No dia seguinte, o governo entrou com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar forçar os estados a baixar o ICMS sobre o diesel.

Gasolina estaria 19% mais cara com a Petrobras privatizada, apontam estudos



Estudos indicam que a gasolina estaria 19% mais cara com privatização de refinarias da Petrobras. O cálculo foi feito com base nos valores cobrados pela refinaria de Mataripe, na Bahia, antes e depois de sua privatização, em dezembro de 2021. O levantamento foi realizado pelo Observatório Social da Petrobras. Segundo o estudo, se as refinarias que fazem parte do plano de desestatização da Petrobras já tivessem sido privatizadas, estariam hoje vendendo a gasolina por um preço, em média, 19% mais caro do que o cobrado sob gestão da estatal.

O diesel S-10, por sua vez, custaria 12% acima do valor atual. O economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) explica que a simulação mostra que o efeito imediato da privatização da Petrobras é a subida geral de preços e não a diminuição, “como o atual ministro de Minas e Energia [Adolfo Sachsida] quer fazer crer com sua declaração”, conclui o economista. (Com dados do Ministério de Minas e Energia e agências)

Um lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre de 2022



Em 5 de maio passado, a Petrobras anunciou que teve lucro líquido de R$ 44,5 bilhões nos primeiros três meses de 2022. O resultado representa 3.000% de rentabilidade em comparação com o mesmo trimestre de 2021, quando a estatal teve um ganho de R$ 1,3 bilhão.

A receita de vendas da estatal foi de R$ 141,6 bilhões no primeiro trimestre, segundo o balancete. Cerca de 80% dos ganhos do período foram provenientes das atividades de Exploração e Produção (E&P) e 20% decorrem de ganhos provenientes dos demais segmentos, como refino.

“Este resultado financeiro deve-se ao fato de termos agora uma Petrobras saneada, que reduziu os encargos com pagamento de dívida, investe com responsabilidade e opera com eficiência. Por isso, é possível gerar esse retorno importante para o acionista, em especial a sociedade brasileira, representada pela União. Tudo isso gera desenvolvimento econômico em toda a cadeia produtiva, gerando emprego, renda e arrecadação de tributos para o país”, destacou o então presidente da Petrobras, José Mauro Coelho.

Para onde vai o lucro da Petrobras?

O principal acionista da Petrobras é a União, com 28,6% do capital social da empresa. O governo também detém participação na companhia via BNDESPar, com 6,9%, e BDNES, com 1% das ações. Em 2021, do lucro de R$ 106,6 bilhões auferido pela companhia, R$ 37,3 bilhões foram pagos ao governo federal na forma de dividendos. O recurso entra no caixa do Tesouro Nacional.

Em fevereiro deste ano a Petrobras também anunciou o pagamento de R$ 37,3 bilhões em dividendos aos acionistas minoritários. Dividendos representam uma participação do acionista nos lucros de uma empresa, e são distribuídos proporcionalmente à quantidade de ações que o investidor possui. De acordo com a Lei das S.A., as empresas de capital aberto têm que distribuir no mínimo 25% dos seus lucros a acionistas.
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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

24 de maio, 2022 | 11:31

“Essas demissões, inclusive de Ministros, não passam de "cortina de fumaça".”

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