22 de maio, de 2022 | 12:00

BR-381 está entre as dez rodovias federais com maior registro de mortes

Dados são do “Anuário 2021”, divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), e mostram que a BR-381 ocupou o 2º lugar, com 162 óbitos registrados

Reprodução
No ano passado, na BR-381 em Minas Gerais, foram registrados 162 mortes decorrentes de acidentes No ano passado, na BR-381 em Minas Gerais, foram registrados 162 mortes decorrentes de acidentes

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou recentemente o “Anuário 2021”. O documento traz números de acidentes, feridos e mortos de 2007 a 2021. No material foram contabilizados dados registrados durante as ocorrências atendidas pela instituição nas rodovias federais do país.

O que chama a atenção é que as rodovias federais mineiras, principalmente a BR-381 - chamada por muitas pessoas de “rodovia da morte” -, acabaram ganhando destaque negativo no quesito acidentes. Minas Gerais ocupou o primeiro lugar da lista dos estados onde mais ocorreram acidentes em 2021, com 8.308 ocorrências. Em todo o país foram registrados 64.441 acidentes, 12,89% deles foram em Minas.

Quando o fator analisado foi o número de feridos e mortos, o estado ainda continuou na frente. De acordo com os dados, Minas Gerais registrou 9.962 feridos e 692 mortos, aponta o anuário divulgado dia 16/5.

Malha extensa

Especialistas explicam que esse número pode estar ligado ao tamanho da malha rodoviária do estado, a maior do país, em função da área territorial mineira. “Como nosso modal predominante é dessa natureza (transporte por rodovias), existe maior tendência de acidentes, o que não significa que devemos conformar com essa estatística”, afirmou Arthur Fernando, especialista em tecnologias digitais de trânsito.

Roberta Torres, que é especialista em segurança no trânsito, concorda com o colega. “Minas acaba tendo esse triste cenário, e na maioria dos anos isso se repete, dos números serem bastante altos, muito em função de ser a maior malha rodoviária”, explicou.

Mas Arthur destaca que os números também podem indicar outra situação. “Isso apenas significa que os investimentos em infraestrutura, segurança e fiscalização de trânsito estão deficitários”, declarou.

Conforme publicado sexta-feira (20) pelo podcast Foro de Teresina, da Revista Piauí, dos R$ 8 bilhões aprovados em orçamento para serem gastos com manutenção e ampliação de estradas no Brasil, somente R$ 930 milhões, menos de um oitavo, foram executados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) até maio de 2022.

Rodovias

O anuário também traz a lista com as dez rodovias com maiores frequências de acidentes atendidos. Em primeiro lugar está a BR-101, em Santa Catarina, com 4.094; em segundo a BR-116, em São Paulo, com 3.099 registros; e, ocupando a terceira colocação, a BR-381, em Minas Gerais, com 2.388. No ranking das dez rodovias com o maior número de feridos, a BR-381 também ocupou o terceiro lugar, e ainda no estado, a BR-040 ficou em quarto.

No número de óbitos em acidentes, a BR-381 ficou em segundo lugar na lista, com 162 óbitos registrados em 2021. Atrás apenas da BR-116, em SP, que contabilizou 173 mortes. Dois trechos de MG ainda entraram na lista, a BR-040, com 145 óbitos, e a BR-116, com 108.

Para Roberta Torres, a posição da BR-381 no ranking pode estar ligada às condições da estrada. “As condições da via refletem diretamente na segurança do trânsito: vias com pavimento ruim, com má sinalização, sinalização inexistente ou ineficiente”, esclareceu.

Acidente

O acidente mais frequente em todo o país foi a colisão traseira (12.297), seguida da saída de pista (10.640), colisão transversal (8.012), colisão lateral mesmo sentido (5.561), colisão com objeto (4.902) e colisão frontal (4.337).

Os números podem indicar falta de atenção e até mesmo imprudências dos condutores, como explicam os especialistas. “Esses dados demonstram que boa parte dessas colisões, principalmente em rodovias, tem como causa principal, claro que a manutenção da via contribui, mas a falta de atenção. Em vários aspectos, em mexer em outras coisas e no uso do celular, que hoje em dia tem sido muito comum”, apontou Torres.

“Colisões traseiras e saídas de pista costumam ser um indicativo de imprudência. Geralmente, o condutor que causa esse tipo de colisão não respeita a distância de segurança do veículo à frente”, argumentou Arthur.

Causas

Entre as causas de acidente mais frequentes registradas nas rodovias federais em 2021 estão reação tardia ou ineficiente do condutor (6.888), velocidade incompatível (6.741), ausência de reação do condutor (5.593), acesso à via sem observar a presença de outros veículos (5.193), ausência de distância do veículo da frente (5.108) e ingestão de álcool pelo condutor (4.532).

Os dados revelam que os acidentes estão relacionados à imprudência e negligência dos condutores. “O fator humano é o principal elemento dos acidentes de trânsito. O nosso cérebro tende a interpretar várias condições como sendo controladas, até que a tragédia acontece”, alertou o especialista.

“A imprudência e a negligência nos elementos básicos influenciam e são responsáveis por boa parte dos acidentes de trânsito”, conclui Roberta.

Repórter Stéphanie Lisboa
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Comentários

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Daniel

22 de maio, 2022 | 14:55

“Com o ótimo estado de conservação e com ótimas sinalizações, essa BR 381 entre Belo Horizonte e Ipatinga é a melhor do mundo. Todo acidente só acontece por culpa do condutor??????”

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