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12 de maio, de 2022 | 16:53

Associação afirma que ataques a jornalistas e meios de comunicação cresceram 26,9% em 2022

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Resultados definem, até o momento, 2022 como um ano mais violento para o jornalismo brasileiro do que o anteriorResultados definem, até o momento, 2022 como um ano mais violento para o jornalismo brasileiro do que o anterior

O monitoramento dos ataques sofridos por jornalistas e meios de comunicação do país, pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), aponta que entre janeiro e abril de 2022 foram identificados 151 episódios de agressão física e verbal ou outras formas de cercear o trabalho jornalístico, como restrições de acesso à informação, ataques de negação de serviço na internet, doxing (exposição de dados pessoais), processos civis ou penais, assassinato, assédio sexual e uso abusivo do poder estatal. “Esse cenário sofreu uma piora em relação a 2021: houve um aumento de 26,9% considerando o mesmo período do ano passado”, enfatiza a entidade.

Conforme a Abraji, em 2022, o tipo de agressão mais comum continua sendo o discurso estigmatizante – assim como foi em 2019, 2020 e 2021 –, presente em 66,9% dos alertas identificados até abril. Foi registrado um aumento de 12 casos dessa forma de violência verbal em comparação com o mesmo período do ano passado. A categoria de “agressões e ataques”, que envolve violência física, atentados e ameaças explícitas, também aumentou, apresentando um salto de 80%.

Além disso, diferentemente de 2021, em 2022, registrou-se um assassinato e dois casos de violência sexual, classificados de acordo com o novo indicador estabelecido pela rede latino-americana Voces del Sur, que passou a incluir a perspectiva de gênero em sua metodologia, registrando situações de assédio, ameaças, atos ou comentários indesejados de natureza sexual em uma categoria própria. Esses resultados definem, até o momento, 2022 como um ano mais violento para o jornalismo brasileiro do que o anterior.

Os dados também apontam para uma participação intensa de agentes públicos nos ataques. Entre o total de casos registrados, 70,2% contaram com o envolvimento de atores relacionados ao Estado e 57,6% tiveram a participação de figuras que cumprem mandatos em cargos eletivos. “Esses números revelam um contexto sombrio no qual representantes dos poderes constituídos atacam um pilar essencial para a própria democracia, que é a imprensa livre”, aponta a Abraji.

Dos 106 ataques perpetrados por atores estatais, 70 (66%) envolveram um ou mais membros da família Bolsonaro, que compreende o presidente da República e seus filhos com mandatos eletivos. Jair Bolsonaro (PL) foi agressor em 32 casos, seguido pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), com 23 ataques. Depois, há o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), com 12 casos, e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), com 8. Na maioria dos casos, os principais alvos foram a imprensa brasileira de modo geral (77,1%); meios de comunicação (31,4%) como O Globo, Folha de S.Paulo, Estadão, Veja, O Antagonista e Metrópoles; além de vitimarem repórteres e comunicadores (25,7%); e editores ou diretores de empresas de mídia (1,4%).

Outro destaque do monitoramento se relaciona com o papel das plataformas digitais nos ataques a jornalistas e meios de comunicação. O ambiente on-line se mostrou um terreno hostil para comunicadores brasileiros, considerando que 62,9% das agressões registradas até abril tiveram origem ou repercussão na internet. (Com informações da Abraji)
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