11 de maio, de 2022 | 07:07

Indústria do aço vai ao governo pedir que tarifa de importação não seja reduzida

Arquivo DA
Representantes do setor alegam que apenas reduzir tarifa de importação não resolverá a elevação do preço dos produtos siderúrgicosRepresentantes do setor alegam que apenas reduzir tarifa de importação não resolverá a elevação do preço dos produtos siderúrgicos

Representantes da indústria do aço se mobilizaram esta semana para pedir ao governo que desista da ideia de cortar o imposto de importação do aço. O corte será discutido hoje (11/5), pelo Comitê de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex).

A medida é discutida como uma forma de conter a alta de preços da construção civil. Além do aço, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou a intenção de tarifas de importação de vários produtos alimentícios. Com a inflação acumulado em 11,73% no acumulado de 12 meses (INPC), o governo aposta em medidas como elevação das taxas de juros e outras medidas para conter a disparada de preços.

O aço é um dos principais insumos da indústria e também está na esteira dos aumentos. Mas, segundo os representantes do setor, somente cortar o IPI, não alcançaria o objetivo de reduzir preços.

“Seria uma redução de caráter temporário para uma linha específica: os vergalhões de aço. Mas a expectativa é de que não seja aplicada, uma vez que o que está impactando a inflação não é o aço, são outros itens”, afirmou Marcos Faraco, presidente do conselho diretor do Aço Brasil e também vice-presidente da Gerdau Aços Brasil, Argentina e Uruguai.

Faraco e o presidente executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, se reuniram com o ministro Paulo Guedes nesta terça-feira (10) para discutir o anúncio da redução da tarifa de importação do aço.

O Ministério da Economia deve levar ao Comitê de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex) a proposta de reduzir a tarifa de importação de 11 produtos para tentar conter a alta da inflação. Na lista estão, o aço e os alimentos da cesta básica. O assunto deve ser debatido pelo Gecex na nesta quarta-feira (11).

O Aço Brasil divulgou que a redução pensada para o aço atingiria só os vergalhões, usados na construção civil. Ou seja, não alcançaria outros produtos, como os laminados de aço, usados na produção de bens de capital, indústria automotiva e linha branca (eletrodomésticos).

O instituto acrescentou que o governo avalia reduzir o imposto de importação dos vergalhões de aço de 10,8% para 4% até dezembro de 2022. Isto é, o imposto não seria zerado, como foi feito com o etanol e os alimentos da cesta básica.

Ainda assim, o Aço Brasil pediu que o ministro Paulo Guedes reavalie a questão. Para o instituto, o produto não é o responsável pela alta de preços da construção civil. “O Brasil tem hoje o vergalhão, em dólar, mais barato do mundo”, afirmou Faraco.

Faraco explicou que o vergalhão de aço subiu mais de 100% na Europa nos últimos 12 meses. Já no Brasil, subiu 45% e “é competitivo”. Afirmou que “hoje, o único mercado com um incremento inferior ao Brasil é a Rússia, pelas razões especiais que conhecemos” e que a discussão trazida pela redução da alíquota de importação “não faz nenhum sentido”.

O presidente do conselho diretor do Aço Brasil disse ainda que “o ministro se mostrou surpreso” com esses dados do Aço Brasil e “pediu que a equipe reavaliasse as discussões”. Ele falou, então, esperar que o governo “entenda e reverta a orientação” de cortar o imposto de importação dos vergalhões de aço.

A decisão, no entanto, não depende só do Ministério da Economia. O Ministério das Relações Exteriores e a Presidência da República também têm votos no Gecex. O Aço Brasil chegou a ir à Casa Civil nesta terça-fira (10), mas Marco Polo disse que a conversa não tratou do imposto.

Para o Aço Brasil, a redução da tarifa de importação do aço atenderia só ao interesse de setores específicos, como os importadores de aço e as empresas de construção civil que atuam no programa Casa Verde e Amarela.

Divulgação
Medida do governo reduziria imposto apenas da importação de vergalhões e estaria em vigor somente até dezembro de 2022Medida do governo reduziria imposto apenas da importação de vergalhões e estaria em vigor somente até dezembro de 2022


Construção Civil

Representantes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) contesta o Aço Brasil e publicou nota dizendo que o aço é o produto que mais impactou o custo das obras nos últimos meses.

Estudo da CBIC aponta que o aço representou 59% do aumento do custo de construção de uma ponte no período de julho de 2020 a janeiro de 2022. Já na construção de um bloco de quatro pavimentos sem elevador, a participação foi de 22%.

O setor da construção civil quer retomar a importação de aço da Turquia. Segundo a CBIC, a importação levou a uma redução dos preços praticados pelas siderúrgicas brasileiras no segundo semestre de 2021. A CBIC diz ainda que, depois disso, o preço do aço voltou a subir.

Siderúrgicas impactadas com anúncio

As ações da Gerdau, CSN e Usiminas operaram com as maiores quedas na bolsa de valores nesta terça-feira, com a divulgação da informação da intenção do governo em reduzir o imposto de importação do aço.

Os papeis da Gerdau chegaram a cair 5%, na segunda maior queda em pontos, somente atrás da Vale - que também está em baixa por causa do recuo do preço do minério, em razão dos bloqueios para conter a covid-19 na China.

A Usiminas chegou a cair 10%, na cotação mínima e a CSN chegou a perder mais de 7%. Por ter um peso de 80% de vendas no mercado interno de aços, a Usiminas teve a maior queda. (Com informações do Aço Brasil e Agências)
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