05 de maio, de 2022 | 06:54

Aprovado projeto que cria piso salarial da enfermagem: R$ 4.750

Para se tornar realidade, entretanto, parlamento deverá solucionar as fontes de financiamento; votação foi marcada pela presença de profissionais de diversas partes do país

Com informações da Agência Câmara
Paulo Sergio/Câmara dos Deputados
Deputados comemoraram aprovação de projeto que teve teve forte mobilização de profissionais da área em todo o Brasil Deputados comemoraram aprovação de projeto que teve teve forte mobilização de profissionais da área em todo o Brasil

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (4), por 449 votos a 12, a criação do piso salarial de enfermeiros, técnicos de enfermagem e parteiras (PL 2564/20). A proposta deve seguir para sanção presidencial, mas ainda depende de acordo sobre quais serão as fontes de financiamento.

“Conforme assumido com a enfermagem brasileira, não será na semana que vem que este projeto seguirá para sanção presidencial, mas sim tão logo garantirmos o respectivo financiamento”, disse a relatora da proposta, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC).

A deputada informou que o piso salarial somente irá à sanção presidencial após a votação da PEC 122/15, do Senado, que proíbe a União de criar despesas aos demais entes federativos sem prever a transferência de recursos para o custeio.

Piso aprovado

O projeto aprovado pelos deputados define como salário mínimo inicial para os enfermeiros o valor de R$ 4.750, a ser pago nacionalmente pelos serviços de saúde públicos e privados. Nos demais casos, haverá proporcionalidade: 70% do piso dos enfermeiros para os técnicos de enfermagem; e 50% para os auxiliares de enfermagem e as parteiras.

O texto prevê ainda a atualização monetária anual do piso da categoria com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e assegura a manutenção de salários eventualmente superiores ao valor inicial sugerido, independentemente da jornada de trabalho para a qual o profissional tenha sido contratado.

A votação da proposta foi acompanhada de perto por representantes da categoria, que também participaram pela manhã de uma sessão solene no Plenário em homenagem à Semana Brasileira da Enfermagem.

Carmen Zanotto estimou que a proposta tem impacto de R$ 50 milhões ao ano na União, mas não calculou os gastos dos entes públicos e do setor privado. Ela afirmou que o Congresso vai viabilizar recursos para garantir o piso salarial.
Rúbia Ferreira, de Coronel Fabriciano, participou da mobilização dos profissionais da enfermagem pela votação do projeto Rúbia Ferreira, de Coronel Fabriciano, participou da mobilização dos profissionais da enfermagem pela votação do projeto

“Já tramitam nas duas Casas diversas propostas que ampliam receitas ou desoneram encargos; além da ampliação de recursos a serem repassados pelo Fundo Nacional de Saúde para reforçar as transferências aos entes federados”, explicou.

Carmen Zanotto destacou que a pandemia de Covid-19 evidenciou ainda mais a importância de valorizar os profissionais de saúde. “A enfermagem, juntamente com outros profissionais de saúde, esteve na linha de frente no combate à transmissão da Covid-19, arriscando a própria a vida, e participa ainda de forma efetiva na vacinação dos brasileiros”, afirmou.

Mobilização e esperança de cumprimento do piso

A enfermeira Rúbia Ferreira, de Coronel Fabriciano, esteve em Brasília, onde acompanhou a votação na Câmara dos Deputados, a convite do presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MG), Bruno Farias. No entendimento de Rúbia, a luta pelo piso é longa.

Os profissionais querem que a decisão seja sancionada pelo presidente da República e que seja cumprida. "A categoria está empenhada em colocar representantes na Câmara dos Deputados e nas Assembleias Estaduais, para fazermos valer o cumprimento desse piso", enfatizou.
Representantes de vários estados foram para Brasília, acompanhar a votação do piso salarial da enfermagem Representantes de vários estados foram para Brasília, acompanhar a votação do piso salarial da enfermagem

Rúbia acrescenta que o projeto aprovado nesta quarta-feira tramitava no Legislativo desde o ano 2000 e ficou parado. "Em maio de 2020 o senador Fabiano Contarato o colocou novamente em tramitação com umas mudanças, no Senado obteve votação de 100% e retornou para a Câmara. Aí começou a garrar novamente. O gigante que é a enfermagem acordou e pressionou pela votação agora", detalhou Rúbia.

Pressão

Para assegurar a discussão e votação do projeto, na Câmara, Rúbia conta que cada Coren, em cada cidade organizou a ida a Brasília. Foram mobilizados representantes dos profissionais da enfermagem no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Bahia, Alagoas e dos estados do Sul. "Apenas 400 pessoas puderam entrar para acompanhar a votação em plenário e o restante assistiu a votação em um telão do lado de fora do parlamento.


Mobilização

O deputado Bohn Gass (PT-RS) ressaltou que é necessário manter a mobilização dos enfermeiros para garantir que não haja veto do presidente da República. “Esta mobilização precisa continuar para que, votado no dia de hoje, o piso para a enfermagem não tenha por parte de [Jair] Bolsonaro o veto, já que Bolsonaro tem vetado questões importantes”, disse.

O líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), destacou que o governo está empenhado em buscar fontes de financiamento para o piso salarial e que uma opção pode ser a legalização dos jogos de azar no País.

“São R$ 16 bilhões que estão aguardando a fonte de recursos, e nós estamos trabalhando demoradamente e insistentemente na busca de recursos para garantir que as conquistas sejam efetivas”, declarou.

Voto contrário
O projeto teve o voto favorável da ampla maioria da Casa. Apenas o Novo declarou voto contrário. O líder do partido, deputado Tiago Mitraud (MG), criticou a proposta por ter alto impacto orçamentário.

“Este projeto vai acabar com a saúde brasileira porque vamos ver as santas casas fechando, leitos de saúde fechando e os profissionais que hoje estão aqui lutando pelo piso desempregados porque os municípios não conseguirão pagar esse piso”, afirmou.

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