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21 de abril, de 2022 | 08:00

Há 230 anos Tiradentes era sentenciado por se rebelar contra impostos abusivos

Gil Leonardi/Imprensa MG
Marco da Praça Tiradentes, no Centro de Ouro Preto Marco da Praça Tiradentes, no Centro de Ouro Preto

Celebrado hoje, Joaquim José da Silva Xavier, o "Tiradentes" (1746 — 1792) é considerado o primeiro herói brasileiro. A história dele merece ser lembrada. Ele foi um dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político que atuou no Brasil colonial, período que durou de 1530 a 1815, mais especificamente nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro, na conspiração conhecida como a Inconfidência Mineira.

A insurreição teve participação da elite de Minas Gerais, contra a cobrança abusiva de impostos da metrópole portuguesa, baseada no Quinto - 20% de todo o ouro extraído das terras mineiras - e da quantidade de escravos tinham que ser entregues à coroa portuguesa.

A revolução seria iniciada no dia da execução da "derrama", uma medida administrativa da coroa portuguesa que permitia a cobrança forçada dos impostos, inclusive com a detenção dos devedores e uso da violência.

Delatada por traidores no movimento, a derrama foi suspensa e todos os inconfidentes presos. O único a assumir a participação na Inconfidência Mineira e ser condenado a morte foi Tiradentes durante um processo de julgamento que durou três anos. Ao fim do caso, em 1.792 Tiradentes foi sentenciado à morte por esquartejamento.

Os demais participantes do movimento inconfidente foram degredados do Brasil. Tiradentes foi enforcado em 21 de abril de 1792 e seus restos mortais levados em partes para vários lugares como forma de impor medo aos que tentassem insurgir contra o domínio português no Brasil. Tirantes passou a ser considerado o primeiro herói e mártir brasileiro, especialmente quando surgiu a República no país (1889), quase um século depois da morte de Tiradentes. A bandeira criada pelos insurgentes representa hoje a do estado de Minas Gerais.
Gil Leonardi/Imprensa MG
Centro de Ouro Preto sedia em todo 21 de abril celebração do Dia de Tiradentes  Centro de Ouro Preto sedia em todo 21 de abril celebração do Dia de Tiradentes

Entenda o que foi a Inconfidência

A Inconfidência Mineira pretendia estabelecer um governo republicano independente de Portugal, criar indústrias no país que surgiria, uma universidade em Vila Rica e fazer de São João del-Rei a capital.

Haveria eleições para escolha do presidente. Nessa república não haveria exército – em vez disso, toda a população deveria usar armas, e formar uma milícia quando necessária. Há que se ressaltar que os inconfidentes visavam a autonomia somente da província das Minas Gerais, e em seus planos não estava prevista os direitos civis da população feminina.

A maioria dos conspiradores eram homens ricos e cultos como Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. O único pobre era Tiradentes, que era um simples alferes (cargo militar de baixa patente), e que tinha esse apelido por exercer também o ofício de dentista. Contudo, era ele o principal agitador, procurando conquistar a adesão do povo ao movimento. Resultado, todos os inconfidentes que tinham posses conseguiram escapar da pena máxima, trocando-a pela prisão ou pelo exílio.
Gil Leonardi/Imprensa MG
Estátua dedicada ao primeiro herói nacional repousa no alto de um marco, na Praça Tiradentes, em Ouro Preto Estátua dedicada ao primeiro herói nacional repousa no alto de um marco, na Praça Tiradentes, em Ouro Preto

Algumas frases de Tiradentes documentadas durante o processo de julgamento*

“(...) que os nacionais dessa América não sabiam os tesouros que tinham e que podiam aqui ter tudo se soubessem fabricar”

“(...) poderia assim suceder que essa terra se fizesse uma república, e ficasse livre dos governos, que só vêm cá ensopar-se em riquezas de três em três anos, e quando eles estão desinteressados sempre têm uns criados, que são uns ladrões, e que as potências estrangeiras se admiravam, de que a América Portuguesa não se subtraísse da sujeição de Portugal”

"(...) a nova república que se estabelecesse deveria ter uma bandeira (...) deveria ter um triângulo, representando as três pessoas da Santíssima Trindade"

*Fonte: Auto de continuação de perguntas feitas ao Alferes Joaquim José da Silva Xavier – 4ª sessão de perguntas em 18/01/1790. Assinados por José Pedro Coelho Machado Torres (desembargador e juiz da devassa), Marcelino Pereira Cleto (Ouvidor e Corregedor da Comarca do Rio de Janeiro e escrivão para a devassa), José dos Santos Rodrigues e Araújo (tabelião) e Joaquim José da Silva Xavier (Alferes, inquirido).

Reprodução
Ninguém nunca pintou um quadro de Tiradentes enquanto ele ainda estava vivo. Por ser militar, supõe-se que nunca usou barba e cabelos longos, ao contrário do mostrado em inúmeros quadros pintados posteriormente, quando já era considerado um herói e mártirNinguém nunca pintou um quadro de Tiradentes enquanto ele ainda estava vivo. Por ser militar, supõe-se que nunca usou barba e cabelos longos, ao contrário do mostrado em inúmeros quadros pintados posteriormente, quando já era considerado um herói e mártir

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Comentários

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Tião Aranha

21 de abril, 2022 | 20:12

“? verdade: os opressores hoje são os que estão no poder. Um dia é da caça, o outro do caçador. Risos.”

Descrente.

21 de abril, 2022 | 08:40

“Rebelou-se por causa de impostos altos? Se ele voltasse nos dias de hoje ao Brasil, se enforcaria sozinho! Significa que não mudou nada daquela época para hoje.”

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